quatro

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QUATRO

-- Ei, você pode abrir a porta? -- eu toquei a campainha pela terceira vez, esperando o garoto loiro abrir a porta. Meu cabelo estava pingando no chão e molhando o tapete da porta dele, então tive que enrolar a toalha no meu cabelo.

A maçaneta virou e a porta foi aberta. -- Posso ajudar?

-- Você não devolveu o meu secador ontem. -- eu cruzei meus braços sobre o meu peito. -- Eu preciso dele.

-- Ah, mas eu ainda não tive que usá-lo hoje. -- ele olhou para dentro do apartamento dele.

-- Por que você não compra um secador para você? -- eu olhei confusa para ele. Um secador nem era tão caro assim, até eu podia comprar um novo se quisesse.

-- Porque você é uma garota...

Eu ri. Aquilo não tinha relação com nada. -- E daí?

-- E daí que garotas sempre têm secadores... -- ele respondeu como se fosse a coisa mais óbvia do mundo.

-- Mas isso não significa que você pode ficar com ele. Vai, eu preciso secar o meu cabelo. Está pingando.

-- Você sequestrou a minha tesoura, então também posso ficar com o seu secador. -- ele ia fechar a porta do apartamento dele, mas eu o impedi, segurando o braço dele. Ele olhou para mim um pouco assustado pela minha reação.

-- Vai, é sério... -- eu suspirei. Se ele fizesse mais alguma gracinha, eu ia desistir dele. Eu só queria secar o meu cabelo e dormir, nada mais. Por que ele era tão teimoso e chato? E por que ele queria ficar com o meu secador. Era meu.

Ele sumiu dentro do apartamento dele e apareceu segundos depois com o meu secador na mão. -- Aqui está. -- ele sorriu e me devolveu o secador e eu agradeci a ele com um sorrisinho e voltei para o meu apartamento.

Quando eu tivesse dinheiro, ia comprar um secador para ele. Desviei de toda a bagunça do meu apartamento e fui para o banheiro secar o cabelo. Ainda tinha muita coisa para eu colocar no lugar, mas tinha muito menos coisas do que nos dias anteriores. Pelo menos eu já tinha arrumado a cozinha inteira. Se eu tivesse vontade, tudo aquilo já estaria em seu devido lugar, mas eu ficava com preguiça de arrumar as coisas, então ia deixando até que elas me irritassem por estarem no lugar errado.

Juntei as caixas vazias que tinham sobrado no meu apartamento e coloquei-as para fora do meu apartamento para eu me lembrar de colocá-las no lixo reciclável no térreo.

Estava colocando a última caixa quando alguém apareceu na minha frente. -- Já usou o secador?

Eu suspirei. -- Meu deus do céu! Não vou te emprestar. Chega, cansei de ficar com o cabelo molhado até tarde.

-- Mas eu preciso dele! Olha, vamos fazer um trato. Eu fico com o secador e você com a tesoura. -- ele estava quase entrando no meu apartamento.

-- Que tipo de trato é esse? -- eu ri com desdém. Se ele perguntasse mais uma vez sobre o meu secador, eu ia dar um rapa na cara dele. Não me mudei para aquele apartamento para ter vizinhos irritantes pedindo o meu secador. -- E para a sua informação, eu tenho uma tesoura. Eu só precisei da sua naquele dia, porque eu não tinha com o que rasgar a fita crepe das caixas. -- Eu dei um sorrisinho, tendo uma grande ideia. -- Tenho um trato melhor.

-- Qual...?

-- Você me ajuda a colocar tudo no lugar e então eu te empresto o meu secador. Fechado? -- eu estendi a mão para que ele a apertasse.

Eu cruzou os braços sobre o peito e olhou para dentro do meu apartamento através de mim, com uma expressão nada satisfeita. Eu ainda esperava o aperto de mão dele. Ele demorou para decidir o que fazer da vida, mas então eu senti a não dele apertar a minha.

-- Fechado. -- ele murmurou a contragosto, revirando os olhos e eu apertei a mão dele alegremente.

Deixei-o entrar no meu apartamento e fechei a porta logo atrás dele. Ele arregalou os olhos ao ver toda a bagunça na sala. -- Viu? Eu necessitava urgentemente de ajuda. Eu estou ficando louca com isso.

-- Por onde a gente vai começar?

-- Pelo meu quarto. -- eu o puxei na direção do meu quarto, mas ele se desvencilhou de mim.

-- Não. Não pode ser por cômodo. Você tem que fazer na ordem que pegar lá da sala. -- ele voltou para a sala e pegou um quadro. -- Por exemplo isso... aonde você vai pendurar?

Eu dei de ombros e olhei ao meu redor. Tinha um prego vazio em uma das paredes da sala, então foi lá que eu escolhi. Depois ele pegou alguns utensílios do banheiro.

-- Viu? Se for assim vai mais rápido. Não adianta separar por cômodo. Não dá certo e só demora mais, porque você fica sempre na mesma coisa e acaba sendo pior.

-- Você é algum tipo de filósofo ou algo relacionado? Ou você não tem nada para fazer da vida mesmo? -- eu ri. -- Por que você pensa essas coisas? Não fazem sentido.

-- Prazer, Niall. Eu sou seu vizinho e não um "filósofo ou algo relacionado." -- ele falou, imitando a minha voz, pegou um monte de toalhas e esperou para que eu falasse onde era para colocá-las. Eu apontei para o armário do meio no meu quarto, revirando os olhos e ele guardou-as lá.

-- Eu sou a Hailey. -- eu estendi a mão para que ele me cumprimentasse e foi o que ele fez segundos depois.

Quase tudo estava arrumado quando o Niall saiu. -- Sério, muito obrigada. Muito obrigada mesmo!

Ele riu, parando na minha porta. -- Agora quero o secador.

hairdryer ;; njhWhere stories live. Discover now