Faculdade de escrita?

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Ah, não deixe de rolar esse capítulo até o final, apresentarei a vocês, com muito orgulho e felicidade, a capa do meu livro que lançarei semana que vem (se Deus quiser) aqui no Wattpad! \o/

Agora, voltando ao post de hoje.

Você já cursou ou está cursando sua faculdade de escrita?

Hum?

Mas antes que você diga que tecnicamente não há faculdades de escrita, deixa eu contar um pouco da minha história maluca com a arte de escrever.

Eu não gostava de escrever, muito menos de ler. Sério. Tenho vergonha de admitir isso, mas nem o cinema eu tinha paciência para frequentar. Arte estava completamente distante da minha rotina. Eu era mais um desses retardados que tem preguiça para ela.

Trágico. Caso pudesse, eu pegaria o Delorean (os jovens sabem do que eu estou falando? :p), voltaria no tempo e me daria alguns tabefes. E, claro, me mandaria enfiar a cara nos livros, nos filmes.

Só quando eu comecei a estagiar que eu vi a necessidade de dar alguma atenção às artes. Eu era um designer recém-formado que pouco entendia de pintura, cinema, literatura. Uma tosqueira, só! Ao menos resiliente, resolvi encontrar uma lista dos melhores filmes. Cinema me pareceu o caminho mais fácil para se adentrar no mundo das artes. Com pouco mais de duas horas eu teria consumido uma obra-prima de algum gênio da história da humanidade.

Me pareceu uma troca justa.

Sofri com os filmes em preto e branco. Com a falta de ritmo dos dramas da década de 30 e 40. Persisti. Até mesmo nos filmes mudos das décadas de 10 e 20 eu me joguei. Certo de que sairia das sessões espumando pela boca, louco de tanta morosidade, odiei alguns, comemorei ter gostado realmente de outros.

Pouco a pouco, o amor pelo cinema foi construído, não sem dor, não sem falta de paciência. Quanto mais lia sobre, mais assistia, mais encontrava beleza nos filmes clássicos. Mais o cinema provava a mim o óbvio. O homem não pode viver sem a arte.

É a ciência feita pelo e para o espírito.

Depois de alguns anos, decidi fazer um blog sobre cinema. Escrevi algumas resenhas sobre filmes clássicos que me tocaram. No ano seguinte, criei junto com dois amigos um podcast, o Enquadrando e Andando, que começou como um deboche. Não à toa nosso primeiro episódio foi sobre Crepúsculo (Desculpem os fãs da saga! rs), mas logo veio a vontade de tratar do cinema com seriedade, e passamos dois anos nos esforçando ao máximo para criar ótimo conteúdo sobre o tema. Alguns programas me emocionam até hoje.

Ah, caso você tenha ficado curioso (sei que foram bem poucos rs), não se anime, o site saiu do ar porque meu querido amigo decidiu não pagar a hospedagem. Assim como eu mais novo, ele merecia uns tabefes também! rs

De alguma forma, o cinema me obrigou a escrever. Resenhas, resumos de pesquisas e estudos. Nessa época eu não poderia imaginar o quanto meu estudo, totalmente aleatório em sua concepção, me ajudaria a dar forma ao meu primeiro livro.

Do Enquadrando e Andando, descontinuado em 2013, eu passei a integrar de um podcast de literatura, conhecido por Livrocast, do meu grande amigo Marcelo Zaniolo (falarei muito dele nos agradecimentos do meu livro!). Participava apenas para ajudá-lo, já que tinha ciência de que não entendia nada de literatura. Quem era eu para falar sobre livros?

O programa me forçou a ler alguns clássicos. Aos poucos, fui criando o gosto pela leitura. Mas bem aos poucos mesmo. Até hoje sou um leitor muito preguiçoso para um aspirante a escritor.

O Livrocast acabou, mas antes eu já estava imerso na maior aventura da minha vida: meu primeiro livro, "O Dragão de Uruma". Em 2014, e eu conto essa história melhor nos agradecimentos do livro, eu vi um post do Eduardo Spohr – Ou do Affonso Solano, quem vai saber? –, ele segurava um manuscrito sobre uma escrivaninha e anunciava que começava a li a revisão do seu último livro. Uma luz acendeu em mim, do nada uma comichão me fez querer escrever também. De uma hora para a outra, eu desejei começar um livro, em ter um manuscrito para editar e revisar, e uma escrivaninha com um abajur com lâmpada amarela (rs).

Os quatros anos e meio escrevendo o livro foram uma loucura. Uma luta para lidar com a ansiedade, com o medo do fracasso, com a perda de tempo, com a busca da produtividade e do controle da criatividade. Uma guerra contra a auto sabotagem, contra a vontade de desistir e o senso de realidade. Aprendi tanto sobre a escrita e sobre mim que no final desse período percebi que havia terminado uma faculdade de quatro anos e meio. A faculdade era meu primeiro livro.

Estudei, experimentei, chorei, me desesperei, me senti enorme, minúsculo, gênio, retardado. Tudo que eu não tinha vivido e me envolvido na faculdade de Desenho Industrial eu havia feito nesta faculdade da escrita.

Sinto-me formado, depois de concluir meu primeiro livro, mas muito longe de ser um escritor. Acredito ser um estagiário, neste momento, com muito a aprender e a praticar.

Vejo adolescentes de 15, 16 anos, dizendo que fracassaram com a escrita, que não conseguem leitores, elogios, que não veem alternativa que não a desistência. Bobeira, estão apenas começando na faculdade da escrita e, vejam só, com a maravilhosa vantagem de serem tão novos.

Escrever é como qualquer outra profissão. Ainda que seja artístico, um tanto intuitiva, com o talento muitas vezes contornando a falta de teoria, escrever é uma profissão exatamente como é a arquitetura, a engenharia, a publicidade. É necessário aprender a teoria, experimentar, aprender o novo, arriscar, praticar, amadurecer.

Por que você acha que é possível ser um grande escritor com 15 anos e não um arquiteto? Só porque arquitetura cobra uma formação acadêmica?

Há exceções, até mesmo recentes, como o Raphael Montes que com 17 anos escreveu um livro como "Os Suicidas", sucesso de público e crítica, mas esqueçamos elas. Pense que você está num caminho para se tornar um escritor e esse caminho cobra não só teoria e prática, mas experiência de vida também. E isso vem com o tempo.

Ao invés de se desesperar com a demora em se tornar um escritor, veja a oportunidade que você tem em estar começando sua trajetória tão cedo. São anos a mais para escrever, para ler. Respeite sua profissão.

Não digo que devemos encarar a escrita como um trabalho qualquer, como um oficio rotineiro. Ela é arte e arte dignifica o homem. Mas devemos ser práticos muitas vezes, menos românticos um pouquinho, na busca por viver de escrever. Viver da escrita é pagar contas com as vendas dos livros. E não há nada de romântico nisso.

Guarde a inspiraçãopara os momentos certos, trabalhe com a transpiração.  

...

E agora tchan tchan tchan... 

Minha capa! \o/

Fiz uma montagem como se meu livro fosse físico, mas lançarei inicialmente apenas aqui, no Wattpad, ta? É que achei que ficaria mais legal dessa forma

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Fiz uma montagem como se meu livro fosse físico, mas lançarei inicialmente apenas aqui, no Wattpad, ta? É que achei que ficaria mais legal dessa forma. Frescura de designer (rs). 

Falando sério, agora, estou muito feliz em apresentar a capa a vocês. Muitos já são meus amigos e dividiram comigo essa trajetória minha no Wattpad. 

Muito obrigado, mesmo!

A ilustração foi feita pelo desenhista incrível Tiago Sousa. Eu fiz a parte do texto, o chamado lettering, mas não sei se consegui honrar a qualidade assustadora do desenho do Tiago.

Logo, eu apresentarei a capa em alta definição, hoje foi só um gostinho( rs). 

Início da semana que vem eu anunciarei a data de lançamento do meu livro, mas prometo que está bem próximo. Caso tudo corra como planejado, já lançarei o primeiro capítulo no dia 22/04. 

E serão dois capítulos por semana. Um para cada protagonista.   

Comunicarei todas essas informações pelas mensagens da minha página no Wattpad e no grupo "Wattpad Brasil" no Facebook. 

Esperam que tenham gostado e obrigado a todos que vieram me visitar. ;) 

1/2 Xícara de EscritaWhere stories live. Discover now