Como começar um livro?

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Para muitos NÃO é esta a pergunta de 1 Milhão, não é mesmo? Eu sei, estou lendo ela aí na sua cabeça.

"Eu não quero saber como se começa um livro, mas sim como se termina um!"

Começar é fácil não é mesmo? Todo dia, milhares e milhares de wattpaders (existe isso? rs) postam o capítulo um!

Tudo bem, eu concordo. Mas será que o segredo da conclusão de uma obra não está exatamente na maneira com que a iniciamos? Na verdade, até antes mesmo de escrevermos a primeira palavra do primeiro capítulo.

Eu sei que vocês já sabem onde eu quero chegar. Planejamento. Mas antes que me apedrejem, que gritem que eu não estou respeitando a particularidade de cada escritor, devo admitir que para alguns autores talvez a falta de planejamento seja adubo para a criatividade. Quem sabe você nasceu com um Q de Stephen King e prefere enfrentar o desconhecido?

Mas sejamos francos, para quantos de fato dá certo a construção de uma história sem planejamento algum? Quantos, a aderirem a imprevisibilidade, à ânsia no escrever, não caem na seguinte situação:

Uma ideia maravilhosa surge em sua cabeça. Um argumento poderoso, inédito, que faz seus dedos borbulharem de excitação. Até mesmo a capa surge pronta, lépida na frente de seus olhos. A empolgação é insuportável e você decide começar de uma vez. Capítulo 01. As palavras deslizam fácil por seus dedos, lhe tiram o sono, enquanto são derramadas na tela do computador/celular.

É como se você tivesse adentrado uma caverna, a ideia, e por alguns metros a luz de fora lhe dá segurança. Mas daí os metros avançam e logo você se vê envolto de escuridão. A ansiedade aumenta. A angústia. O medo do fracasso. O oxigênio parece queimar na garganta. Em algum momento inesperado, há um sopro de luminosidade (ufa), mas você se depara com muitos caminhos. Qual tomar? Ou, pior, com nenhum. Há uma parede fria e úmida na sua frente. Vencido, você se senta recostado na pedra, certo de que aquele bloqueio é intransponível.

Assim, você cai no sono e mais um livro é interrompido prematuramente.

Dramático? Muito! Eu sei. Mas não é mais ou menos assim que acontece com a maioria?

Então, para todos que querem explorar a caverna das ideias, eu sugiro levarem uma lanterna e um MAPA!

Isso, o tal do planejamento. Muitos já começaram a se coçar, não é? rs

Mas como fazer esse maldito mapa?

Bem, há muitas formas. Eu falarei a minha, tudo bem? Talvez sirva ao menos para que você se inspire e crie o seu, do seu jeitinho.

Com uma ideia para o livro, eu parto para o papel. Sim, aconselho ser no papel. Neil Gaiman, gênio por trás de Sandman e Deuses Americanos, afirma que escrever no papel te faz jogar as ideias com maior liberdade e fluidez. Quando escrevemos no computador ou no celular, por termos o control+z e o backspace, acabamos por escrever editando, ou seja, nos preocupando demais com a forma, em consertar erros e aprimorar frases, e não unicamente com a ideia.

Veja, estamos no início de tudo. Nesta etapa, a única preocupação é jogar ideias no papel, como se psicografássemos, sem qualquer compromisso com o resultado. Queremos apenas dar matéria à ideia, torná-la corpórea, para que possamos encontrar no cascalho a pedra preciosa.

Fez seu rascunho no papel? Conseguiu enlaçar suas ideias com as palavras escritas? Leu, soou interessante?

Então, agora é momento de desenvolvê-lo.

Aconselho continuar no papel. Ir para o computador é criar um compromisso desnecessário com uma ideia ainda tão embrionária. Acalme-se. A ideia é nada mais que argila. Está longe de ser um vaso maravilhoso. Então, revire-a, aperte-a, cutuque-a sem qualquer pretensão com o resultado.

Aos poucos a massa tomará forma e, em algum momento mágico, a história apresentará para você um início, um meio e um fim.

Ainda que esse início, meio e fim não estejam totalmente esculpidos, comemore, esta é uma etapa incrível de ser vencida!

Agora você pode ir para o computador/celular. Sério! Está livre para isso.

No computador/celular você transcreverá aquelas frases bagunçadas, em letras quase ilegíveis, e irá desenvolvê-las. Imagine um relatório... Tá, não necessariamente um relatório, mas um texto claro, objetivo, que contará sua história resumidamente do início ao fim.

Talvez, aqui, seja um bom momento para apresentar esse texto, devidamente revisado e editado, para um amigo. Um olhar terceiro será de grande ajuda, não só para que novas ideias surjam, mas principalmente que o potencial do seu livro seja avaliado.

Seus amigos gostaram? Novas ideias surgiram a partir do seu relatório, digo, bebê livro?

Comemore mais uma vez. Esta é a grande sacada de se segmentar a construção de um livro. Você terá etapas menores que lhe darão entusiasmo sempre que concluídas. A euforia por enxergar o livro nascendo, aos poucos, a cada tarefa realizada, o impulsionará para a tarefa seguinte.

Pare de se coçar aí, todo ansioso, e acredite em mim.

Bem, então você tem o início, o meio e o fim do seu livro. Não se preocupe, caso eles não estejam devidamente amarrados, elaborados. Tudo se encaixará com o tempo. Agora é hora de voltar a rabiscar! Pegue seu bloquinho de nota e comece a sugerir alguns capítulos.

Quebre o início em partes. Imagine cenas, diálogos, situações e cenários. Rabisque, rasure, até você ter uma ideia dos capítulos que formarão sua introdução.

Ah! Antes que eu esqueça, não se desespere, eu pretendo escrever um texto falando exclusivamente sobre o esqueleto de um livro. A estrutura que compõe a apresentação, a jornada e a resolução de uma história.

Voltando, encontrou, mesmo que sem muita segurança, os capítulos que formarão o início do livro? Faça isso com o miolo e o com o final.

Sim, é trabalhoso, eu sei. Mas estamos quase chegando lá, eu juro! Pare, respire, tome um café, um chocolate quente. Você está avançando e isso é o mais importante.

Vamos para o computador/celular? Eu sei que vocês adoram essa parte. É momento de desenvolver esses capítulos. Liste um por um, separados por INÍCIO, MEIO e FIM, e resume, num único parágrafo, cada um desses capítulos. Você pode ir além, e pontuar ao longo dos capítulos os cenários onde algumas cenas ocorrerão, linhas de diálogos, ganchos (ciffhangers) importantes, etc. Faça seu organograma como preferir. Quanto mais você desenvolver esse resumo de cada um dos capítulos mais ideias surgirão, mais seguro você estará quando começar propriamente a escrever o seu livro.

Ufa! Comemore mais uma vez, você tem um mapa! O organograma do seu livro!

Bem, daqui para a frente é com você. Talvez fosse interessante mandá-lo mais uma vez para seus amigos ou mesmo desenvolver mais um pouco cada um dos capítulos. Para os mais ansiosos, acho que o organograma já é material suficiente para que vocês adentarem a caverna, vasculharem suas galerias, até encontrarem a saída definitiva, a luz do lado de fora. 

O tão almejado fim de um livro.

Eu sei que palavras como planejamento, organograma, sugerem algo engessado, que atrapalhará a fluidez das ideias, que anulará o artista que pulsa aí em seu peito. Mas acredite em mim, é exatamente o oposto. Avançar todas essas etapas encorpará sua história e, consequentemente, dará a você mais convicção do caminho a ser tomado, dos passos a serem dados. 

E não há adubo melhor para as ideias do que a certeza de que estamos criando algo especial. 

...

Pensou que eu tinha desistido desse projeto, né? Não, nada disso. Sou enrolado, mas não desisto fácil, não! rs

Não postarei nesse livro com tanta preocupação com datas e horários. Deixo isso para o meu livro "O Dragão de Uruma". Aliás, está lendo meu livro? Se está, muito obrigado, viu? É uma honra tê-lo como leitor. Caso não esteja, pediria para q vc desse um chancezinha para ele. leia a sinopse, os primeiros capítulos, vai que vc gosta? ;)

Obrigado por todos os feedbacks daqui e de lá e um grande abraço apertado em todos vcs! \o 

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⏰ Last updated: Apr 29, 2019 ⏰

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1/2 Xícara de EscritaWhere stories live. Discover now