Falsa Cristã

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O quanto você daria para viver para sempre? O que você faria para viver para sempre? Quem você machucaria para ter a eternidade, em suas pequenas mãos desprezíveis?

Existe um conto onde um menino desprezado, cujo foi abandonado pelos seus responsáveis, ridicularizado pela sociedade, julgado e humilhado dentro da casa de Deus. Cansado de ser menosprezado e julgado pelos erros que ainda não havia cometido. O garoto recorreu ao oposto daquilo que parecia ser o certo. Se não era aceito por Deus, poderia ser acolhido pelo Diabo. Ele seguia o caminho que parecia sempre ter sido seu destino. A ganancia e o ódio, o levou a vitória e o sangue dos fieis era doce como vinho. O mestre estava acima de todos e nem mesmo Deus poderia arranca-lo do seu glorioso poder. A sua ganancia e sede por sangue era a única coisa que poderia o levar a derrota e foi isto que aconteceu. A queda foi grande e de uma só vez. O garotinho que havia se tornado um homem pecador caiu do céu vermelho direto para chamas do inferno. Junto com seu próprio império.

Rosa fecha o livro enquanto direciona lentamente seus olhos para as crianças assustadas em sua frente. A sala permanece em silêncio, alguns alunos não conseguem respirar direito e outros falta á coragem de levantar o rosto e olhar nos olhos negros e cansados da mulher.

-Por que ele foi julgado se nunca fizera um erro?- Um dos alunos que se sentava logo em frente, levantou sua mão e perguntou logo em seguida.

-Por que você roubou o lápis do seu colega ao lado?-Rosa retrucou após ter respirado fundo.

-O que?-O garotinho ficou confuso e trocou olhares com os demais- Não roubei

-Roubo.

-Não!-O garoto levanta sua voz, mas não o suficiente para não ser interpretado com desrespeito.

-Sim, eu vi. Agora vamos, irei leva-lo para direção e pagará pelos seus erros-Rosa diz esticando sua mão para o garoto enquanto a outro segurava o livro marrom.

O aluno olhava para a mão da professora confuso, não havia o menor sentindo naquela situação. Ele assistia suas mãos ressecadas enquanto o terço negro se balançava pelo seu pulso. O clima era tenso, certamente ninguém o defenderia. Era um aluno que gostava de confrontar, mas por conhecimento. Rosa admirava isso, era um de seus preferidos.

-Observou?-Ela contrai a sua mão e com as duas ,segura o livro- Não precisa fazer esforços para ser punido. Eu tenho mais poder que você, sou eu que estou acima de você, sou a professora, e você? Um aluno insignificante aos olhos da direção. A igreja não olha a quem, Felipe.

O sinal da escola toca e todos se levantam devagar e em fileira indiana, seguem para fora. Rosa almeja a organização e todas as crianças já haviam aprendido isso da pior forma. Felipe foi o único a ficar. Ele guardava o seu material em sua pasta, apenas deixando a borracha em cima de sua mesa. O garoto a segura e observa. Rosa guardava o seu livro em cima da mesa de madeira e começa a organiza a sala. Tudo precisava estar impecável.

-O que esta fazendo?- Rosa ao levantar o rosto, ver o aluno Felipe apagando o quadro negro.

-Ajudando.

-Não é necessário- Rosa diz com a voz seca.

Ignorando o garoto continua a apagar sem deixar nenhum rastro de giz. Aquilo deixava a professora nervosa, ele sabia muito bem que tudo precisava estar bem feito.

-Eu não entendi- O garoto dizia enquanto apagava o quadro.

-A aula acabou, compreenda em casa ou na próxima aula – Rosa perguntava sem paciência.

Felipe ignorava e continuava a perguntar.

- Você dedica sua vida a Deus. Por que disse que a igreja não olha a quem?

Quatro AlmasWhere stories live. Discover now