-Capítulo 1-Um tiro no escuro parte 1

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Há muito tempo atrás, existiu uma pequena vila, chamada Vila da Montanha. Tinha a forma de um grande quadrado, onde existiam as casas dos habitantes, a grande prefeitura e ao lado a delegacia. No meio, situava-se o mais belo jardim cuidado por Sebastião, o jardineiro da Vila. Toda ela era envolvida por uma grande montanha, que lhe dava nome e onde se encontrava o sítio da cascata verde, onde os habitantes se podiam refrescar, nos dias mais quentes. Mais à frente, ficava o sítio onde ninguém se atrevia a entrar: a floresta escondida. No topo da montanha existia uma pequena casa, que todos na Vila diziam pertencer à bruxa Perpétua, que em noite de lua cheia, descia à vila para assustar os seus habitantes. Nunca ninguém se atreveu a fazer uma visita que fosse a esta bruxa, pois quem ousasse olhar nos seus olhos ficava com um encantamento nas palavras. Nesta Vila moravam as pessoas mais caricatas e misteriosas que alguma vez se ouviu falar.

Na primeira noite de Verão, a lua já se via lá no céu escuro e o calor fazia-se sentir. As pessoas andavam com as roupas mais frescas que tinham, bufando e sem conseguirem dormir, com tanto calor. Subitamente surgiu ao longe um barulho de tiro, que sobressaltou todos na vila. Algumas janelas abriram-se e as luzes, que já estavam tristes, voltaram a acender. Algumas pessoas surgiram, com ar muito suspeito, tentando esconder-se.

Nicolau, o velho cego que tocava flauta, correu para se esconder, com a ajuda do seu fiel companheiro, o cão Bolinha de Neve. Guilherme, o motorista do único transporte em vila da montanha, olhando de um lado para o outro, correu até casa. Zacarias abriu uma pequena frincha da porta da sua taberna e entrou rapidamente, para que ninguém percebesse. Gaspar, o prefeito da vila, saiu da prefeitura certificando-se que não era seguido por ninguém, com as mãos nos bolsos e entrou rapidamente em sua casa. Jeremias, o fazendeiro da vila, saiu nervosamente de um beco perto da grandiosa mansão do coronel Artur, montou o seu cavalo e foi a galope até à sua fazenda. Lá do alto da montanha, a bruxa Perpétua com o seu rosto tapado, e apenas os olhos visíveis, lançou um olhar de revolta à vila da montanha.

Não era habitual, mas àquela hora o delegado Rodolfo e o seu agente Pedro, ainda estavam na delegacia de vila da montanha, quando ouviram o tiro, para os lados da mansão do coronel Artur.

Rodolfo, de estatura média, corpulento, andava na casa dos cinquenta anos, moreno, cabelos castanhos, já um pouco calvo e olhos achocolatados. Era um homem ambicioso e chegou ao posto de delegado de vila da montanha, graças ao prefeito Gaspar, sendo seu submisso para todos os golpes. Era casado com uma das beatas da vila, a senhora Clotilde, e com ela teve uma filha, Jéssica. O agente Pedro, por sua vez fazia tudo o que o delegado Rodolfo mandava. Era um homem magro, baixo, de pele morena, cabelos e olhos castanhos. Sempre foi muito trabalhador e levava a sua profissão de agente da delegacia muito a sério. Na ausência do delegado, assumia muitas vezes o seu cargo. Há muitos anos que escondia uma paixão por Jandira, a dona da pensão de vila da montanha.

Estavam os dois muito agitados sem saber o que fazer depois de ecoar o som daquele tiro.

- Parece que veio lá dos lados da mansão do coronel Artur – declarou Pedro, com a testa enrugada.

- Sim também me pareceu – concordou o delegado, andando de um lado para o outro.

- Senhor delegado... senhor delegado – chamou Pedro pela segunda vez, pois não tinha obtido resposta.

- O que foi, agente Pedro? – irritou-se Rodolfo, que ainda estava atarantado com o barulho do tiro.

- Não era melhor averiguar o que se passou? – sugeriu o agente, que começava a pegar numa arma.

- Sim... sim é melhor ir ver o que se passou – balbuciou Rodolfo. – Tu vais à frente e eu vou na retaguarda.

Saíram os dois da delegacia, Pedro empunhando uma arma e olhando em todos os sentidos e Rodolfo, temendo pela vida, protegia-se nas costas do seu agente. A vila estava a meia-luz e não se via vivalma.

Mistérios em Vila da MontanhaWhere stories live. Discover now