O vento era cada vez mais forte e as passadas de Pedro já se sentiam difíceis, seguidas pelas do delegado Rodolfo. Nem o pequeno foco que Rodolfo trazia na mão, servia para iluminar o caminho. Pararam junto ao enorme portão de ferro, envelhecido pelo tempo, da majestosa mansão do coronel Artur Falcão. Mal se conseguia ver o que estava dentro, com tantas árvores, sebes e trepadeiras. No alto conseguiam-se ver as janelas redondas com grandes vitrais, mas as luzes estavam extintas. O delegado Rodolfo alcançou o cadeado aberto que habitualmente estava fechado, retirou-o e o portão abriu-
-se.
- O cadeado agente Pedro! – exclamou para o seu ajudante.
- Vamos entrar delegado Rodolfo! Pode ser que ainda apanhemos o meliante – sugeriu o agente, empunhando a sua arma.
- Calma agente Pedro! Nós não sabemos o que vamos encontrar aí dentro – falou o delegado cheio de miúfa.
- Mas senhor delegado, nós ouvimos um tiro. Como agentes da autoridade temos de agir.
- Claro... sim, pois claro! – balbuciou – Vá na frente, que eu protejo a retaguarda.
Abriram o gasto portão que chiou e entraram naquilo que parecia ser uma selva. Chegaram à grande porta principal. Era maçuda e escura e no topo possuía uma janela com um grande vitral.
- Bata na porta agente Pedro! – demandou Rodolfo.
Pedro bateu na porta três vezes. Não se ouvia barulho nenhum no interior.
- Ó de casa?! – apregoou Pedro.
Depois encostou o ouvido à porta, mas não ouvia nenhum ruído.
- Não parece estar ninguém – concluiu o agente.
- O melhor é voltarmos amanhã – sugeriu o delegado que cada vez sentia o coração mais apertado.
- Mas, senhor delegado, temos de averiguar o que se passou. Houve um barulho de tiro e veio daqui, tenho a certeza.
- Mas como sabe que foi daqui agente Pedro? – questionou impaciente e revirando os olhos.
- Ora, porque pelo percurso do vento...
- Não invente agente Pedro, além do mais o delegado sou eu, por isso eu é que decido – arrematou.
No fundo estava furioso com a perspicácia do seu agente e rodou a maçaneta da porta principal da mansão, abrindo-a vagarosamente. O delegado Rodolfo tentando mostrar alguma coragem espreitou para dentro, mas não conseguia enxergar nada.
- Use o foco senhor delegado - sugeriu Pedro.
- Era isso que eu ia fazer – disse visivelmente irritado.
Depois de apontar o foco, viu-se um longo corredor, com vários quadros na parede. Pedro colou-se atrás de Rodolfo para não perder nada.
- Agente Pedro, pode descolar do meu ombro?! – demandou, alterando o tom de voz.
- Desculpe senhor delegado - respondeu o agente recuando.
Voltou a apontar o foco, para tentar perceber se havia algum movimento no interior da mansão, com aspeto abandonado, e depois de alguns segundos olhou pensativo para o interminável corredor.
- Provavelmente o coronel Artur estava a experimentar uma das suas armas – especulou o delegado.
- Eu cá não sei senhor, nunca se ouviu ruído vindo desta mansão. E há quantos anos o coronel Artur não sai de casa? A última vez que eu o vi sair à rua já foi há uns bons anos. O melhor é averiguarmos o que se passou – alvitrou o agente.
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Mistérios em Vila da Montanha
Mystery / ThrillerNo escuro da noite surge um barulho de tiro acordando todos, ou quase todos os habitantes de Vila da Montanha. O coronel Artur é encontrado morto, na sua solitária mansão. Há muito tempo que dizem que Artur guarda a sete chaves um mapa de tesouro, d...