Prólogo

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Eu estava sentado ao lado, enquanto segurava sua mão com brandura e observava sua feição doentia que parecia ter piorado absurdamente nos últimos dias.

Ela sorriu para mim, o sorriso mais deslumbrante do mundo, pois mesmo estando presa numa cama de hospital, ainda fazia questão de ser gentil. Sorri de volta, esforçando-me para deixá-la despreocupada, porém, vê-la naquele estado lastimável estava me dilacerando por dentro.

Foram anos de tratamento. Eu fiz questão de pagar os melhores hospitais, com os médicos mais eficientes... mas no fim, a doença parece ter vencido.

Acariciei seu rosto afetuosamente, evitando tocar o topo de sua cabeça para que ela não precisasse se lembrar da sua falta de cabelos.

– Por que ainda está aqui? Eu vou morrer, Caleb. Você ouviu o médico: não há mais chances de cura. – Murmurou, com uma vozinha tranquila.

Repentinamente senti meus olhos ficarem marejados; era doloroso demais saber que em breve eu a perderia.

– Eu te amo. É por isso que estarei ao seu lado até o último momento. – Respondi, deixando uma lágrima escapulir por meu rosto.

Ela ergueu sua mão pálida e trêmula, secando minha bochecha com um leve toque. Imediatamente eu  agarrei seus dedos, mantendo-os contra a minha face; a ideia de nunca mais sentir a sensação daquela pele macia contra a minha, me feria profundamente. Logo, eu não pude controlar a tristeza e desabei em pranto, debruçando-me sobre seu abdômen para chorar.

– Por favor, não me deixe! –  eu implorei aos prantos, durante o tempo que ela afagava os fios loiros de meus cabelos recém aparados.

– Eu não tenho escolha, Caleb. Mas saiba que só por ter te conhecido e te amado, a minha vida já foi suficiente. – Falou, ainda em espantosa calmaria.

– Que vida?! – esbravejei, levantando-me num sobressalto. – Você passou os seus melhores anos enfiada nesse hospital. Isso não é vida, isso não é justo com você! – Protestei, a voz embargada e o rosto lavado pelas lágrimas.

– Acho que esse é o meu destino, Caleb e tanto você quanto eu precisamos aceitar que não há mais nada a se fazer. – Ela continuou, a fala começando a oscilar com um início de choro.

As gotas de tristeza – e talvez alívio também – escoaram pela pele de sua face branca como a neve. Foi então que, de alguma forma sobrenatural, eu soube que o tão temido momento estava bem mais próximo do que eu gostaria.

– Eu não posso viver sem você – falei, segurando a mão dela com firmeza.

– Não se preocupe. Você vai encontrar alguém para te dar a felicidade que merece. – Respondeu com uma voz fraquinha e se aproximou para um beijo.

Nossos lábios se tocaram delicada e apaixonadamente. Segundos que para mim, valeriam mais que uma vida.

– Eu te amo – disse em seguida e debruçou a cabeça em meu ombro.

– Eu também te amo. – Respondi, dando-lhe um abraço carinhoso.

Ficamos ali, grudados um no outro, até eu notar que a respiração e os batimentos dela começavam a ficar cada vez mais fracos, chegando ao ponto de eu nem conseguir senti-los mais, mesmo estando tão perto.

– Bella? – eu chamei sem solta-la , mas ela não reagiu.

No mesmo instante houve um longo toque agudo que veio de uma máquina ao lado e eu soube que ela havia partido.

Então, como eu não pretendia me desvencilhar dela tão cedo, me permiti abraçá-la com mais força e desmoronar em tristeza, deixando os pingos da minha dor molharem-na.

– Adeus, meu amor...

É Sobre O Teu OlharWhere stories live. Discover now