3: rituais de casamento, dragões (e Lena conhece o rei - do seu passado

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III.

Kara ainda tem os ombros tencionados e o olhar distante quando a ex-comandante as serve com chá. Ao menos parece chá. A cor amarela brilhante a faz temer um pouco pelo próprio estômago ao observar o líquido espesso borbulhando na xícara.

O cheiro parecia estranhamente familiar, como hortelã fresca, só que a cor parece demais com glitter translúcido para parecer inofensivo. Será se todas as bebidas em Krypton brilhavam? Ou só aquele chá em particular parecia com uma poção gay? Não importava. Vai ver uma humana não deveria beber isso.

- São apenas ervas da lua. Não se preocupe, durante seu exame verifiquei quais substâncias poderiam ser nocivas a sua composição física.

Tudo bem. Essa era uma guardiã real de fato eficiente. Lena a daria um aumento caso seu dinheiro funcionasse fora da terra.

- Se houver uma lista delas eu me considero muito boa memorizando. - Diz Retomando seu tom sarcástico sem saber exatamente se a alienígena de preto entenderia. - É sempre bom saber quantos venenos letais possíveis eu posso acabar comendo por engano.

- Também não será necessário. - Intervém Lexa. - A equipe pessoal da princesa cuidará da sua dieta com bastante cuidado. Temos um protocolo.

Ok, essa era uma preocupação a menos. A guardiã realmente tinha alguma noção do que estava fazendo e estava diminuindo suas chances de ter uma morte idiota. Seria patético passar por todas aquelas elaboradas tentativas de homicídio na terra para acabar morta por uma alguma alergia intergaláctica.

- Essa situação princesa não pode demorar tanto assim, certo?

Essa era uma das perguntas incômodas que a perturbava desde o laboratório. Sua vida na terra podia não ser perfeita, ou mesmo ter muito descanso, mas era a sua vida. Lena a queria de volta. A ideia de precisar bancar a princesa ainda não havia fixado de uma forma boa.

Kara, por sua vez, ainda parece meio desligada daquela sala, apenas observando o horizonte avermelhado.

- As projeções são inconclusivas.

Lena ignora por um momento as notícias desanimadoras e prova o chá amarelo. É quando sua garganta quase ronrona. Não era só bom, era excelente! Um gosto muito parecido a de menta no chocolate quente, com o toque suave de marshmallow derretendo na língua. Ela se pergunta se havia mais bebidas deliciosas para beber vindas da lua.

- Não temos como estimar de maneira exata. Os elementos existentes são insuficientes para calcular se o tempo passa da mesma maneira dentro das duas realidades.

- Outra conclusão animadora. - Responde sem emoção, enquanto Kara suspira do seu lado na poltrona flutuante. Sua amiga nem havia tocado na xicara ainda.

Sua expressão vazia começa a fazer uma ponta de ansiedade a remoer. Lena entende como seu estado catatônico era apenas um modo de lidar com a sobrecargas de sentimentos por rever seu planeta vivo, embora isso não tranquilize em nada seus nervos.

A repórter sempre era um raio de sol sorridente e vê-la sem ação daquela forma a deixava igualmente paralisada. Sua mãe a chamaria de fraca, mas era impossível para Lena não se preocupar com as pessoas que ela se importa.

E Kara ainda importa muito, apesar das suas mentiras.

- De qualquer forma, precisamos nos preparar para o cenário mais desfavorável possível. Nesse caso, os eventos relacionados ao casamento estão marcados com prioridade indiscutível. Será preciso começar a agenda oficial quando chegar o tempo.

A sobrancelha erguida de Lena pergunta por si mesma. Ao menos a expressão é clara o suficiente para Lexa a entender:

- Alguns eventos e ritos são tradicionais antes da cerimônia, para além dos que já precisavam de vossa presença. - A postura toda formal da guardiã combinava com seu vocabulário solene. Inspirava certa confiança. - Alguns são originados na tradição de Thorul, mas a maioria é de ordem kryptoniana. O casamento é uma instituição muito importante e sagrada para ambos os povos.

The lost princess ᨑ supercorpWhere stories live. Discover now