Capítulo 2

5 0 0
                                    

Miguel andava tranquilamente numa das avenidas mais movimentadas da cidade. No painel marcava exatamente seis horas da tarde, o sol refletia ainda sobre seu para-brisa. Andando em direção ao por do sol, ele finalmente estava a caminho de casa. Com as mãos segurando firme o volante atento em tudo que acontecia em sua volta. No meio de tanto barulho que fazia naquele momento parado em baixo de um semáforo, ouvia-se uma melodia suave e lenta. Enquanto a multidão sem rumo e sem direção atravessava por cima da faixa de pedestre, Miguel aproveitava para desenforcar a gravata do pescoço. Ao ficar verde a luz do semáforo seu pé esquerdo que estar segurando firme a embreagem começa a soltar levemente, porem na dianteira do veiculo ainda havia uma senhorita com criança de colo atravessando. O carro se movimenta devagar para frente, mas não o suficiente para se aproximar da moça. Desesperada após ouvir muitas buzinadas vindas de longe ela começa acelerar seus passos. Dentro do veiculo Miguel olha pelo retrovisor indignado pela atitude dos motoristas. Ao observar aquela mulher passar bem devagarinho como se estivesse em câmera lenta, ele então segue viagem.

Alguns minutos mais tarde finalmente chega em casa, aquela grama fresca na entrada com uma pista de concreto no meio para não esmaga-la, o vento sacudindo as folhas do coqueiro próximo o cercadinho de madeira. De longe percebia o reflexo da arvore no vidro da janela gigante com uma cortina branca por dentro. A casa era branca com detalhes revestida de pedras cinza. O portão de madeira subindo lentamente enquanto era acionado por controle remoto, tinha uma cor cinza mais forte. O carro era tão alto que quase batia no topo do portão, aos poucos o carro entrava na garagem.

Na garagem em frente à porta de entrada uma menina de cabelos castanhos liso, porém pouco caracolados aguardava a chegada de Miguel. A menina vestia um vestido rosa com bolinhas brancas na estampa, no cabelo uma tiara cheia de pedras no formato de diamante, porém de bijuterias. Agarrada em um ursinho de pelúcia e um sorriso no rosto ela o aguarda enquanto desce do carro. Naquele momento as luzes estavam acessas, mas o por do sol iluminava mais que o necessário fazendo seu campo de visão ficar embaçado. Finalmente a porta do veiculo abre e a expectativa da menina aumenta ao perceber um pé saindo e pisando naquele chão empoeirado. Em seu rosto uma forte luz evita que ela enxergasse quem estava vindo do veiculo. Até que um ruído se ouve, era o barulho do portão se fechando. A luz do sol estava sumindo devagarinho criando uma sombra no rosto da menina que naquele momento voltava com sua visão. A primeira imagem que estava surgindo era de seu pai com os braços aberto caminhando em sua direção com um alegre sorriso estampado no rosto. A menina não se aguentou, largou o urso de pelúcia e correu em seus braços.

Dentro da cozinha Julia está próximo ao balcão americano preparando o café da tarde. Com um pedaço de pão recheado de manteiga na mão, ela então percebe a presença de Miguel se aproximando da cozinha. Ainda com as vestimentas do trabalho, calça e sapato brancos e uma blusa com a gola mais fechada na cor de gelo, dava para notar em seu peito o crachá do hospital. Ela parecia exausta, seus olhos estavam fundos e cheio de olheiras. O café preto com pouco açúcar que estava próximo de ser engolido era o energético que precisava para aguentar mais umas horas em pé. O semblante de cansada era visivelmente até que Miguel e Bianca entram na cozinha. Aquele olhar caído e desanimado, logo se tornou uma expressão de felicidade. Miguel quando se aproximou do balcão só enxergava o sorriso em seu rosto. Enquanto Bianca sentava no banco alto de quase um metro de altura, os lábios de Miguel alcançava a boca de Julia que em seguida fechava os olhos praticamente, de forma instantânea.

-Oi meu amor! –disse Miguel colocando a pasta em cima do balcão.

-Pasta em cima da mesa Miguel? –reclamou Julia.

-Desculpe, é o cansaço. – explicou Miguel retirando de cima da mesa colocando no chão ao lado do balcão.

- O café esta servido, como foi seu dia? – pergunta ela colocando uma xicara de café em frente ao jornal sobre a mesa.

Mestre das ArmasWhere stories live. Discover now