2. O projeto de mamãe deu frutos

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2. O projeto de mamãe deu frutos

Terminei de lavar a louça enquanto minha mãe ia e buscava algo, tudo parte do seu plano de contar a novidade, ou projeto, como ela começou a chamar. Durante o nosso almoço ela havia mencionado que eu era essencial para que tudo ocorresse da melhor forma possível, o que aumentou a minha ansiedade por completo e quase fez a comida voltar.

Tinha ajudado minha mãe com outros projetos, a maioria das vezes incentivando-a para que começasse algum. Enquanto meu pai era o homem dos negócios desde cedo, minha mãe era a pessoa que ficava em casa e cuidava dos filhos, cuidava de saber sobre os parentes, sobre os deveres da escola, sobre como estávamos nos sentindo.

Quando eu era pequena, acompanhava ela por todo canto para escolher os móveis novos, para ajudar uma tia, para cozinhar em um dos aniversários dos meus primos. Éramos os parentes ricos, mas a minha mãe sempre esteve acima de qualquer dinheiro para eles. Ela era a Monique. Só. Sem ser Lages, sem ser a mulher do homem das laranjas. Para os meus parentes, minha mãe era mulher certa para chamar quando se precisava de algo, porque ela resolvia as coisas. Resolvia até o humor deles com um simples sorriso e uma boa moqueca.

Eu encontrei uma forma, no meio da minha rebeldia, de incentivar ela. Enquanto eu ia e fazia o oposto do que meu pai mandava, agia conforme o que minha mãe precisava. Ela podia não pedir, mas eu sempre sabia.

— Filha... — Chamou minha atenção, segurando uma pasta e uma agenda nos braços. — Está pronta?

— Sim? — Respondi, sem certeza alguma.

Minha mãe sentou em um dos bancos altos e me chamou para sentar junto, largando o monte de coisas que segurava em cima do balcão.

Na capa da pasta de arquivo estava o nome "Monique Lages" em letra cursiva e dourada. Arrastando para minha frente, abri a capa de veludo e comecei a ver o conteúdo de dentro:

Convites diferentes, fotos de possíveis decorações, uma página inteira para os tipos de arranjos que podem ser feitos, com ou sem folhas de laranjeiras... tudo para casamentos.

— Eu montei uma experiência, Cecília, pra celebrar o amor. — Mamãe comentou, os olhos brilhando. — E, tudo isso, aqui mesmo na fazenda.

— Na fazenda? — Questionei, impressionada e curiosa, mesmo que tudo estivesse fazendo mais sentido a cada página que eu lia.

As mudanças das cores, a reforma de uma das cozinhas para algo mais clássico, até mesmo a geladeira cheia de novos ingredientes. Minha mãe tinha se tornado uma organizadora de casamentos?

— Sim, aqui na fazenda. — Respondeu, com um sorriso. — Tudo nessa área da fazenda. — Falou, apontando para a ala leste, onde estávamos na cozinha.

— E agora você é uma organizadora de casamentos. — Disse, impressionada e orgulhosa, mas ela acabou rindo do que eu disse.

— Cerimonialista.

— É. — Concordei, balançando as mãos. — Mas o que eu tenho a ver com isso?

Dona Monique pegou e pulou algumas páginas, indo até a parte onde dizia que no pacote estava incluso um design especial do nome dos noivos. Ela tinha separado diversas placas com caligrafia adornando peças de arte abstrata, com as cores escolhidas e feitas conforme as decorações escolhidas dos noivos. Artes parecidas com as que eu adorava fazer quando criança misturadas com caligrafia que era uma das minhas paixões.

— É uma parte nova que eu adicionei... — Ela disse, apreensiva.

— Mas você já fez outras cerimônias sem isso? — Perguntei, impressionada e sem saber se ficava chateada ou não. A resposta era não.

Chegaste ao fim dos capítulos publicados.

⏰ Última atualização: Aug 04, 2020 ⏰

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