Capítulo Um

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Vocês leram no capítulo anterior que estou repostando a história no Dreame. Para quem tiver a curiosidade de saber como está a escrita e os acontecimentos lá, aqui está o primeiro capítulo. Como os capítulos aqui são bem curtos, eu juntei alguns para que eles tenham uma média de 1 a 3 mil palavras cada.

Espero que gostem!

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A luz que atravessava as janelas inundava a sala em um convite mudo para que eu saísse dali. Eu não era fã de sol e calor, mas naquele dia que se arrastava lentamente, deitar à sombra do sol forte de São Francisco para dormir me parecia extremamente agradável.

Fui acordado do meu transe pelo sinal, que anunciava o fim da última aula do dia. Meu olhar desprendeu-se da janela, já um pouco mais animado, porém ainda sonolento. Sra. Dancaster acelerou seu discurso e aumentou a sua voz para sobrepor ao barulho que os alunos começaram a fazer. Não nos deixaria ir sem terminar sua fala.

— Quero que todos vocês passem na biblioteca antes de dizerem tchau à escola por dois dias e peguem um livro. E nada de me aparecer com um infantil ou quadrinhos. Quero livros de verdade. 400 páginas para cima — o barulho de passos foi acompanhado pelos murmúrios desanimados dos alunos, reclamando de mais um trabalho de literatura.

Eu fui um dos últimos a sair e Raphael, meu melhor amigo, me seguiu para fora da sala. Segurava seu caderno numa mão e, em outra, seu boné, que ele colocou assim que pisou fora da sala. Porque ele usava boné, eu não sabia, já que seu cabelo loiro e liso me faziam invejá-lo. Quem deveria usar boné era eu.

— Cara, cada dia fica pior — resmungou, com seu tom de incredulidade habitual. — Vai passar lá agora?

— Vamos primeiro aos armários.

O corredor estava cheio, mas as pessoas rapidamente se dissipavam, loucas para irem para casa. Eu também estava.

Retirei minha mochila do cubículo e taquei-a nas costas, fechando o armário. Suspirei. Já que o trabalho era para terça, eu teria que aparar a grama do quintal do Sr. Robinson e da Sra. Pérez com cuidado para não destruir o jardim de ninguém por causa da minha leitura. Sra. Dancaster era louca — essa era a única explicação. Durante um trimestre de aula, tive que ler 6 livros. Essa era minha meta para o ano.

— Vamos para a biblioteca logo — Raphael disse, me arrastando pela alça da mochila pelo corredor. — Guadalupe nos adora, lembra Matt? — Revirei os olhos e bufei. Raphael tinha que me lembrar da bibliotecária que só sabia nos mandar fazer silêncio a cada dez segundos e que tinha uma carranca permanente no rosto.

— Como você é maravilhoso, Ra — respondi irônico, e revirei os olhos.

Tivemos que subir as escadas e virar em um corredor até chegar nas portas nada convidativas de madeira da biblioteca.

Guadalupe nos lançou um olhar mortal quando entramos, como se estivéssemos prestes a sair correndo jogando todos os livros no chão e gritando, apesar de não sermos um dos grupinhos bagunceiros que chegavam e sentavam em cima da mesa, comendo salgadinhos e conversando como se estivessem no refeitório.

Ra fingiu ter ficado amedrontado com o olhar ameaçador, mas deu um riso baixo ao virarmos na primeira estante.

As únicas pessoas que estavam ali eram alunos da minha turma de literatura. Eles não pareciam muito felizes enquanto escolhiam um livro.

Ra sumiu do meu lado, indo para alguma estante. Provavelmente pegaria uma revista em quadrinhos, Sra. Dancaster o xingaria na frente da turma, e ele falaria algum tipo de piada imbecil que arrancaria risos de todos da turma e o deixariam na detenção.

A garota da Biblioteca [degustação]Där berättelser lever. Upptäck nu