Capítulo 8

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Eu olhava para Shikamaru e sua expressão só me dava mais vontade de chorar, o menino estava arrasado e Kotetsu e Izumo não estavam muito diferentes, todos permaneciam perplexos com o que acabávamos de presenciar. Mas aquela não era hora de se desesperar, não era hora de ficar analisando qualquer coisa que podia ter impedido de dar tudo errado, aquela era a hora de agir, e para isso eu estava preparada.
— Que delícia. — grunhiu Hidan, com seu sorriso sádico.
— Asuma! — gritou Shikamaru, voltando a correr, mas parando ao cair.
— Eu acabei. — disse Hidan, voltando a sua forma normal e tirando a foice de seu corpo. — E você, Kakuzu?
— Só mais um minuto. — respondeu o parceiro, apertando ainda mais o pescoço de Izumo e Kotetsu.
— Desgraçado, você vai pagar por isso! — berrou Shikamaru, se levantando e tentando correr em direção a Hidan, mas foi interrompido por Kakuzu, que jogou Izumo em cima dele, fazendo ambos caírem com força no chão.
— Vocês dois não se mexam. — ordenei ao ver Shikamaru tentar levantar novamente. — Kuchiyose no Jutsu*. — instantaneamente a grande lesma apareceu.
— Konami-san? Quanto tempo! — exclamou para mim.
— Katsuyu, preciso que cuide desses dois. — falei, apontando para Shikamaru e Izumo, que estavam impressionados com a grande invocação. — Vocês dois, fiquem de fora, eu resolvo isso.
— Você não pode lutar contra os dois sozinha! — alertou Kotetsu.
— Então a princesa resolveu mostrar para que veio, ein? — falou Hidan. — Não prevejo grande coisa.
— Acho bom você não me subestimar, Hidan. — olhei para o homem que Kakuzu ainda enforcava. — Kotetsu, agora! — gritei, sabendo que o rapaz entenderia rapidamente o que fazer, e assim o fez. Ele conseguiu pegar a kunai que eu o havia dado e jogou em direção a Hidan, que desviou facilmente, fazendo a kunai cair ao lado do corpo de Asuma.
— Se seu plano era esse, sabia que não seria grande coisa. — foi a minha vez de sorrir com sua frase.
— Já disse para não me subestimar, seu imbecil. — no momento seguinte, uma expressão assustada se apossou de seu rosto ao ver que eu aparecera logo atrás dele. Acumulei uma boa quantidade de chakra em meu punho e lhe dei um soco tão forte que o fez se arrastar no chão. — Preciso pegar esse homem emprestado, só um minuto que eu já volto. — segurei Asuma da forma que eu consegui e me transportei nas costas de Shikamaru através do selo que eu tinha feito mais cedo.
— O que foi isso? — perguntou Shikamaru, surpreso.
— Katsuyu, preciso de toda sua atenção aqui. — apontei para o corpo de Asuma. — Izumo, preciso da sua kunai, agora. — ordenei, o vendo me entregar rapidamente.
— Que merda é essa? — reclamou Kakuzu ao ver que eu jogara a kunai nele. — Não vai me acertar com isso.
— Essa não foi minha intenção de verdade. — respondi, logo me transportando para onde a kunai havia caído, ao seu lado, e o soquei com a mesma força que tinha acertado seu parceiro e logo ele caiu, soltando Kotetsu.
— Sua desgraçada! — rugiu Hidan, se levantando com o rosto sangrando. — Eu vou acabar com a sua raça, vou te destroçar e queimar seus pedaços. — ameaçou.
— Achei que você tinha me achado bonitinha, vai mesmo estragar isso? — debochei, vendo-o ficar ainda mais enfurecido.
— Não está na hora de cair na pilha dela, seu imbecil. — respondeu Kakuzu, se levantando, tão machucado quanto Hidan.
— Você tá fudida, garota! — voltou a urrar o imortal, ignorando totalmente seu parceiro. — Para o caralho se você é bonita, vai ficar ainda mais em um caixão.
— Eu vou.... — Shikamaru tentava se levantar.
— Não se meta! — ordenei, vendo o garoto parar no mesmo instante. — Já falei para deixar comigo, não estou de brincadeira, esses caras me deixaram bastante irritada.
— Ei, Kakuzu, fizemos a princesa descer dos saltos. — riu o imortal, mantendo seu olhar em minha direção.
— Vou começar com você, suas piadinhas machistas não me agradam em nada. — ameacei, vendo um sorriso ainda maior em seus lábios.
— Não interrompa, Kakuzu, eu quero ver o que ela tem para oferecer. — falou para seu parceiro.
— Não vá implorar pela ajuda dele depois. — ironizei, vendo sua expressão continuar a mesma.
— Não se preocupe, não vou precisar de muito. — respondeu.
— Não posso te deixar sozinho com ela, Hidan, da última vez que fiz isso, você acabou sem cabeça. — murmurrou Kakuzu.
— Não vai se repetir, Deus Jashin vai amar esse sacrifício. — o sorriso presunçoso não saia de seus lábios.
— Se esse é seu plano, não vai conseguir mesmo, sinto muito. — me preparei novamente.
— Juntos vamos acabar com isso mais rápido. — disse Kakuzu e se preparou para atacar.
Sua mão saiu novamente em minha direção e eu desviei habilmente, tinha que ficar na defensiva até conseguir uma brecha. O tal Hidan não parava de sorrir, e logo pegou sua foice e jogou na minha direção, sem o menor problema me desviei, me transportando novamente em suas costas, pelo selo que eu havia feito quando lhe dera o soco, e tentei acertá-lo de surpresa, fazendo-o se arrastar mais um pouco e ver o sangue jorrar de sua boca. Ele rapidamente a limpou e voltou a correr em minha direção, logo percebi que seu parceiro chegava pelas minhas costas e esperei o momento certo. Quando ambos se aproximaram o suficiente, eu me transportei e os vi acertar os golpes nos seus próprios corpos.
— Sua desgraçada, para com essa merda e me enfrenta de frente à frente. — berrou Hidan ao se recuperar do golpe do seu parceiro enquanto Kakuzu se livrava da sua foice enfincada em sua barriga.
— Deveria ser mais em cima, não acertou o coração. — zombei.
— Você tá tentando brincar com a gente, mas não se esqueça que pode acabar perdendo. — no momento seguinte, Kakuzu apareceu nas minhas costas enfincando a lança de Hidan e atravessando minha barriga.
— Droga. — gritei, eu tinha baixado a guarda, não deveria ter feito isso.
— Konami-San. — o grito agora era de Shikamaru, o menino estava assustado.
— Não se aproxime. — berrei ao vê-lo se levantar. — Eu sinto muito, mas você errou.
No momento seguinte, eu apareci em suas costas, enfiando com toda força uma lança em seu coração, era o fim, pelo menos de um. O kage bushin que ele havia acertado logo desapareceu e o homem virou-se, me olhando surpreso. Hidan permanecia no mesmo local, com uma cara ainda mais espantada. Kakuzu tentou me acertar, me pegando completamente desprevenida, afinal, eu tinha a certeza de que havia acertado seu coração. A lança que ele carregava conseguiu me ferir e uma grande dor se apossou de meu corpo, mas sabia que não era o suficiente para me parar.
— Acha que isso me mataria? — perguntou, me vendo tentar estancar o sangue do lugar que ele me acertara.
— Que merda vocês são? — gritei, cansada. Usar o hiraishin dessa forma e ainda dividir parte do meu chakra para Katsuyu conseguir curar Asuma estava acabando comigo, mas se eu parasse ali, a situação iria piorar.
— Não deu para perceber ainda? — Hidan me olhava fixamente, com um sorriso vencedor no rosto.
— Eu tenho certeza de que acertei seu coração. — falei diretamente para Kakuzu.
— Ah, sim, você acabou com meu coração, agora terei que pegar o seu pra substituir. — gritou e veio em minha direção, mas logo me transportei para onde os outros estavam.
— Você está bem, Konami-san? — perguntou Shikamaru, preocupado.
— Vai ficar tudo bem. — respondi com dificuldades. — Continue cuidando de tudo aqui que eu vou continuar ganhando tempo.
— Eu posso ajudar! — exclamou Izumo, tentando se levantar.
— Por favor, não se metam, vocês já fizeram demais. — pedi.
— Mas são dois, e ao que parece, dois imortais. — reclamou Kotetsu. — Você é forte, mas está ferida.
— Precisam recuar agora, levem Asuma para outro lugar que eu vou atrasá-los aqui. — pedi, suspirando pesadamente, mas logo uma nuvem de penas apareceu, assustando a todos, e uma grande invasão de corvos apareceu.
— Que merda é essa? — indagou Hidan. — Acham que podem ganhar da gente com corvos? Eu não nasci ontem! — berrou o homem, tentando inutilmente se livrar dos pássaros.
— Querem tampar a nossa visão. — respondeu Kakuzu.
De repente, Raido apareceu no meio dos corvos e avançava sobre Kakuzu, que se assustou, mas desviava com maestria enquanto Hidan ainda tentava se livrar dos animais. Logo atrás de nós, apareceram os outros dois alunos de Asuma, parece que finalmente a ajuda tinha aparecido.
— Chegamos para ajudar. — exclamou a garota de cabelos loiros ao lado do seu companheiro.
— Levem Shikamaru e Asuma para um lugar seguro. — ordenei, vendo-os logo assentir. — Katsuyu, vá com eles, e vocês também, Izumo, Kotetsu. — pedi para os dois homens. — Eu e Raido vamos distraí-los.
— Certo. — responderam todos, já indo em direção ao telhado, onde logo avistei Aoba, que era quem invocava os inúmeros corvos.
— Então os reforços chegaram. — deduziu Hidan, se afastando dos pássaros junto com Kakuzu. Aoaba criou uma nuvem de fumaça, dispersando os corvos e limitando a visão do inimigo.
— Vocês estão bem? — perguntou Raido, se colocando ao meu lado.
— Não se preocupe. — eu respondi, mas logo me assustei ao ver que Kakuzu havia subido atrás de Asuma. — Cuide desse aqui, eu vou para onde está o outro.
— Não vou desistir da minha recompensa. — exclamou Kakuzu, se aproximando.
— Sinto muito, mas vai ter que desistir sim. — respondi, aparecendo em suas costas e tentando lhe acertar.
Kakuzu desviou por pouco e tentou acertar um soco, mas consegui bloquear rapidamente. Meus movimentos estavam muito mais lentos, e o corte que ele tinha me feito ardia, mas eu não poderia parar naquele momento. Peguei uma das minhas kunais e tentei acertá-lo, em vão, pois ele desviou mais uma vez, mas eu não desistiria, me transportei novamente, mas ele já havia previsto meu movimento e me acertou em cheio.
— Droga. — reclamei, me recompondo. — Tirem Asuma daqui, rápido.
Observei Kakuzu, que havia parado de atacar e estava concentrado em algo, não fazia ideia do que poderia ser, mas parecia que ele estava em contato com alguém. Rapidamente o homem me ignorou e desceu em direção ao seu parceiro, o mandando se calar, já que ele reclamava de algo, o que atiçava ainda mais minha curiosidade.
— Nós voltaremos. — declarou Kakuzu. — Vamos embora, Hidan. — disse, pegando a bandana do imortal.
— Que líder mais cabeça dura. — reclamou Hidan. — Vou amaldiçoá-lo da próxima vez.
— Sensei! — exclamou Ino ao ver Asuma cuspindo sangue.
— Ino, Choji, vamos levá-lo agora. — ordenou Shikamaru.
— Eu já disse, aguentem firme, pois voltaremos. — gritou Hidan para que escutássemos. — Ele já está prestes a morrer. — aquilo havia deixado Shikamaru irritado. — Até mais, perdedores. — dizendo isso, desapareceu juntamente com seu parceiro.
— Choji, Ino, rápido. — pediu Shikamaru, levantando levemente a cabeça de Asuma.
— Não, já chega. — disse Asuma em um sussurro. — Já era, até eu sei disso. — o trio ficou assustado e eu me aproximei devagar. — Vocês também devem aceitar.
— Fique quieto, não fale nada! — reclamou Shikamaru. — Konami-san?
— Katsuyu? — olhei para lesma que estava em cima dos ferimentos de Asuma.
— Eu sinto muito, Konami-san. — respondeu pesadamente, fazendo meu coração se partir.
— Obrigada pela ajuda. — agradeci. — Você já pode ir. — logo que a vi desaparecer, me aproximei de Asuma e tentei fazer algo usando o ninjutso médico, mas ele havia acertado quatro órgãos vitais e infelizmente não tinha mais o que ser feito. O homem sorriu para mim, me fazendo acompanhá-lo e segurar firmemente em sua mão em forma de consolo.
— Agora eu acho que finalmente entendi por que o Sandaime fez... — começou com a voz falha. — O que fez... — um trovão entonou no céu, indicando que cairia um temporal em alguns minutos. — Eu sempre demorei demais. — sua voz quase não saia. — Eu queria dizer minhas últimas palavras... Eu gostaria de dizer para Ino, Choji e Shikamaru. — no mesmo instante eu me levantei e permiti que ele tivesse sua última conversa com seus alunos.
— Sensei, não deveria mais falar. — alertou Choji.
— Choji. — pediu Shikamaru. — Você também, Ino. — o resto de nós somente observávamos a cena com a tristeza estampada em nossos rostos. — Essas são as últimas palavras do Asuma sensei. — o garoto segurava as lágrimas. — Ouçam com atenção.
— Ino... — Asuma começou com a garota.
— Sim. — respondeu.
— Você é muito teimosa, mas é confiável. — a menina começou a chorar. — Tanto o Choji quanto o Shikamaru são atrapalhados, então cuide deles, por favor.
— Sim senhor. — falou, chorando ainda mais.
— E não deixe a Sakura vencê-la. — riu com sua última fala. — Nem no ninjutsu, nem no amor.
— Sim.
— Choji. — olhou para o outro garoto. — Você é um rapaz bondoso que gosta de seus companheiros, e é por isso que você se tornará um shinobi mais forte do que qualquer outra pessoa, tenha mais confiança.
— Certo. — respondeu, chorando tanto quanto Ino.
— E talvez precise fazer uma dieta. — brincou o mais velho.
— Talvez seja impossível, mas eu vou tentar. — prometeu, tentando limpar as lágrimas.
— E Shikamaru. — olhou para o último. — Você é muito perspicaz e tem grandes instintos como shinobi. — elogiou. — Você pode virar hokage, com certeza, mas, bom, você é preguiçoso, então provavelmente iria odiar isso. — começou a tossir mais ainda. — Ah é, o lance do rei... Vou te contar quem é o rei, venha aqui. — pediu e logo Shikamaru se aproximou e Asuma sussurrou em seu ouvido, deixando o garoto surpreso logo depois.
— Asuma, você! — Shikamaru ainda estava assustado. — É por isso...
— Estou contando com você, Shikamaru! — declarou, interrompendo o garoto e olhando para mim. — E você, venha aqui. — pediu e logo me aproximei. — Eu quero muito que você fique dessa vez, eu preciso que você fique dessa vez. — sussurrou enquanto eu apertava sua mão entre as minhas. — Pela Kurenai e pelo Kakashi. — sorri por ele lembrar do amigo naquele momento. — Você é tão boa no que faz, às vezes eu acho que teria sido uma sensei perfeita, principalmente para esses três. — sorri, porque sabia que nunca me compararia com ele. — Mas eu sei que você odiaria, afinal, é muito trabalho, é mais parecida com o Shikamaru do que eu pensava. — seus olhos teimavam em ficar abertos, mas sabia que seria por pouco tempo. — Pode ficar de olho neles para mim?
— Claro. — concordei e ele voltou a olhar para Shikamaru.
— Embora eu tenha parado de fumar, o maço ainda está no meu bolso, eu quero um último cigarro.
Logo Shikamaru atendeu o último pedido do seu sensei, tirou um cigarro do maço e deu para o homem, acendendo-o com o isqueiro. Naquele momento, vimos a última tragada de Asuma. Ino e Choji não se aguentaram e começaram a chorar ainda mais forte, era uma cena que ninguém merecia passar. A chuva começou a cair e foi aumentando rapidamente, eu me levantei, mas logo uma tontura me fez cair novamente, eu estava exausta, meu ferimento estava pior do que eu imaginava, meu chakra estava se esgotando e meu psicológico estava o pior de todos.
— Konami-san, tudo bem? — um Aoba preocupado se aproximou, me ajudando a levantar novamente.
— Eu espero que sim. — novamente me aproximei do corpo de Asuma. — Adeus, Asuma. — no momento seguinte tudo escureceu e só consegui ouvir meu nome ser gritado.

Herdeira Namikaze | Kakashi HatakeWhere stories live. Discover now