❛CHOICES ── Crepúsculo ❥ [Seth C.]

2020, Toronto

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"Todo mundo é capaz de dominar uma dor, exceto quem a sente."
— William Shakespeare
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A porta foi fechada com impetuosidade e o baque estridente imediatamente chegou aos ouvidos dos moradores do apartamento ao lado. Conhecendo sua tendência excepcionalmente tagarela, Mia sabia que sua explosão não passaria despercebida e que ela ouviria outro longo sermão do proprietário mais tarde. No fim das contas, ela não se importava. Já tinha problemas suficientes para pensar em agradar a escória de moradores com ouvidos sensíveis.

Mia bufou, agarrando os cabelos pela raiz. Por uma fração de segundo, ela se viu em um grande impasse entre explodir o universo, ou atacar um pote de sorvete enquanto despejava suas mágoas. Mesmo sendo uma ideia estúpida e fantasiosa, ela era incapaz de se decidir. Seus longos dezessete anos foram planejados como um livro de romance, onde cada decisão era tomada visando uma vida perfeita, mesmo que isso custasse um certo esforço de sua parte.

Em sua trama perfeita, porém, houve uma grande reviravolta. Nos livros, a protagonista sempre foi bem resolvida, sustentava uma autoconfiança invejável, um namorado perfeito e tudo caia aos seus pés, mesmo que por acaso. Na vida de Mia, no entanto, ela era indecisa, possuía uma insegurança fodida que tentava encobrir com sarcasmo e arrogância, nada era fácil e, para piorar, o namorado havia acabado de terminar o relacionamento de um ano e dois meses. Tudo porque, dada sua perspectiva insensível, ela implicava demais e era insuportavelmente mandona.

Mia teria discordado completamente se fosse alguns meses atrás, mas ultimamente ela estava começando a acreditar que seu papel na história era outro. Talvez ela fosse apenas a garota inconveniente e mimada que descontava seus problemas nos outros. A que servia de gatilho para fazer para fazer a personagem principal se rebelar e triunfar. Aquela em que as coisas sempre dão errado no final como punição por tornar a vida de outra pessoa um inferno – a diferença é que sua própria vida já era um inferno. Como uma versão pobre e deprimida da Regina George.

Mia, agora mais do que nunca, sentia-se sozinha e com os planos inteiramente frustrados.

Sua vida sempre teve mais baixos do que altos e não era rodeada por muitas pessoas – consequência de seu comportamento difícil. Ela nunca conheceu seus pais, que morreram em um acidente de carro quase um ano depois de ela nascer. Seu irmão, Aaron, não morava mais em casa. Por causa da faculdade e do trabalho, ele nem tinha tempo de visitá-la, pois morava no campus. Mia não tinha amigos porque achava que não precisava deles; então, eram apenas conhecidos. A única pessoa que parecia se importar com ela era sua avó, Angelina, que, por causa da velhice, também estava morta. Em suma, tudo parecia completamente perdido.