O homem de camisa vermelha

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Antes de chegarem a Gila os três homens avistam ao longe um conjunto de cabanas de madeira velhas e caindo aos pedaços. Dá para perceber que a muito tempo ninguém dá as caras por ali. O mato está tomando conta do lugar.

- Então esta deve ser um das entrada da velha mina de ouro? Parece que faz algum tempo que ninguém fica por aqui. - comenta Jack Douack, um dos acompanhantes do xerife enquanto se aproximam com os cavalos cuidadosamente.

- Por isso mesmo um lugar excelente para um esconderijo. Vamos ficar alertas! - avisa o xerife.

- Se nosso homem estiver aqui, iremos encontrá-lo logo. - diz o homem com um lábio leporino e fumando um cigarro. Ele engatilha a espingarda e dá uma cusparada no chão.

- Esse lugar me dá arrepios! - murmura o mais jovem dos três homens.

- Ora, controle-se Willie. Se ele estiver aqui, quem deve estar com medo é ele! - grunhe o homem do cigarro e dentes amarelados.

- Mesmo assim. Vigie nossas costas Douack. Um homem caçado não tem nada a perder. -- Essa Região é propicia para uma emboscada. - comenta o xerife olhando ao redor.

- Isso é verdade! - concorda Willie observando a depressão do vale e os contornos da mina abandonada, onde estão várias cabanas deterioradas pelo passar dos anos sem uso.

- O que você faria Se estivesse sendo caçado por três homens bem armados e perigosos? - o xerife pergunta para seu ajudante de bigode.

- Uma coisa é certa1 Não me enfiaria em nenhuma destas cabanas. Há túneis escavados na parte alta da montanha que me dariam uma proteção e visão bem melhores do que ficar aqui.

- Certo! Também tenho esse palpite. É bem provável que ele esteja em um destes túneis e que esteja nos vendo neste momento, através de um binóculo. Por isso, vamos nos separar. Vamos dificultar um pouco a visão do nosso amigo.

Willie aproximou o seu cavalo do xerife.

- Mas xerife, eu...

- Fique comigo Willie, e você Jack, vá pela esquerda, com cuidado e espere meu sinal. Não faça nada sem minhas ordens. Só atire em último caso. Lembre-se que o desgraçado pode estar com minha filha.

- Certo, mas e se ele não estiver lá em cima? - Jack resmunga.

O xerife desmonta do cavalo e examina o terreno.

- Bom, se não for ele, é um bicho que usa botas. O bom de ir em um lugar desabitado é que as pegadas são sempre visíveis. Vejam!

Ele aponta para rastros na areia.

- Não deve fazer muito tempo! O vento do anoitecer e do amanhecer poderia apagá-las se fossem a mais de dois dias. Portanto nosso homem deve estar aqui por perto sim. Vamos! Jack, pela esquerda, e se proteja, você Willie, venha comigo. E salte do cavalo! Aí em cima, você é um alvo enorme. - o xerife ralha com o ajudante de barba rala.

- Droga! Desculpe! - Diz o jovem saltando rapidamente do animal. - Esse miserável não vai escapar!

O xerife e seu jovem ajudante movem-se entre as cabanas, procurando esconder-se enquanto Jack Douack sobe por um paredão rochoso que vai dar junto aos túneis na montanha.

Então o xerife olha para dentro de uma cabana e após a observar com atenção ele fala para Willie.

- Fique aqui, cuide dos cavalos.

- Mas você disse... eu quero ajudar. - O rapaz está nervoso e gagueja. Balança a cabeça contrariado.

- É melhor você ficar aqui. Pode ser perigoso. E ele pode tentar fugir enquanto Jack e eu o encurralarmos. Se isso acontecer você poderá barrar o caminho dele.

O garoto abaixa a cabeça.

- Se você diz. Eu... Pode deixar... Ficarei aqui.

O xerife bate a mão no chapéu do rapaz. Um gesto que diz muito para o rapaz.

- Tua hora vai chegar Willie. Devemos primeiro nos cuidar. Fique aqui e preste bem atenção em tudo. Pode ser que ele não esteja sozinho. Se vir algo estranho, dê dois tiros rápidos para o alto.

O rapaz então melhorou de humor ao perceber que poderia ser útil.

- Claro xerife! Deixe comigo! Ficarei de olhos bem abertos. - aperta o rifle contra o peito e sorri confiante.

Jack e o xerife sobem cuidadosamente em direção aos túneis no alto da montanha. Sabem que podem ser alvos fáceis, então caminham devagar e com cuidado, buscando proteção entre as pedras e os arbustos. Eles sobem por lados diferentes deixando um vão de mais de cem metros entre eles.

Enquanto caminham em direção ao homem que pode ter participado do assalto ao banco e sequestrado a filha de Jerry Draco. Jack imagina o que pode estar se passando na cabeça do xerife nesse momento. Será que a filha dele está ali? Seria um bom lugar para a guardarem. Será que o passado irá repetir tudo novamente?

Lá de baixo, o ajudante do xerife fica olhando para cima a todo instante. Ele Observa Draco e Jack enquanto sobem pela encosta. Em determinado instante Willie ouve um barulho na cabana mais próxima de onde está. Ele se volta para a cabana e presta mais atenção.

Então ouve novamente um pequeno rumor e saca o revólver. Amarra os três cavalos e devagar, pé ante pé, vai em direção da cabana onde ouviu o barulho.

"Esse lugar é tenebroso! Essas casas estão caindo aos pedaços."

Ele presta atenção onde pisa e analisa o chão da velha cabana.

'Não há pegadas! Deve ser Um guaxinim brincando de se esconder por aqui. Bicho desgraçado!"

- Saia do túnel com as mãos na cabeça! - Grita o xerife lá em cima, na boca escura e úmida de um dos túneis.

- Sabemos que está por aí! Vamos entregá-lo a justiça! Saia agora e prometo que terá um julgamento justo. - Ele escuta o xerife pronunciar em alto som. Mas não há resposta alguma.

Willie presta atenção lá de baixo para ouvir o que o xerife está gritando no alto do morro.

'Eles o encontraram! O xerife é muito bom no que faz."

Nisso um barulho nas suas costas chama sua atenção. Nesse momento ele se volta para o interior da cabana e algo se move rapidamente contra ele saindo das sombras. Um vulto vermelho voando em sua direção pendurado em uma corda.

O jovem assistente é atingido violentamente por um pontapé e cai atordoado.

O homem que o atacou monta rapidamente em um dos cavalos e parte em desabalada carreira.

Willie ainda consegue levantar e ver o homem de camisa vermelha galopando, então ele saca o revólver e dispara dois tiros para o alto.

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