Liberté

Você tem mulher?

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- Lorena Narrando -

Acho que Deus gosta um pouquinho de mim até, não tinha ninguém no estacionamento quando saímos e isso foi ótimo até porque eu não estava afim e virar assunto em vestiário. Se não fosse pelo trânsito era pra termos chegado faz tempo mas infelizmente teve um acidente e ficou tudo parado, o único barulho no carro era o som do rádio que tocava baixinho.

- Tá com fome? - perguntou de repente e eu olhei pra ele - Eu tô com muita fome

- Eu tenho uma barrinha de cereal - abri a bolsa e ia começar a procurar quando senti a mão dele segurar a minha

- Não precisa - riu baixo - Na verdade, essa semana eu fui um restaurante maneiro e eu quero ir lá de novo

- Olha, você pode me deixar aqui que eu me viro pra chegar em casa - falei olhando pra ele - Está perto já

- Você não entendeu - deu uma pausa - Eu quero que você vá comigo

- Você tem mulher? - perguntei séria

- Eu não chamei na maldade - se defendeu

- E eu não disse isso - retruquei - Só não quero uma doida achando que eu tô dando em cima do marido dela

- Eu tô solteiro - falou simples - Relaxa

- Você se deu conta que está jogando no Flamengo? O maior clube do estado, a maior torcida - comecei a falar e ele assentiu - Não quero a minha cara em site de fofoca

- Tenho boné e óculos - falou simples - E outra, lá é bem reservado

- Tudo bem - me dei por vencida por causa da minha fome - Pelo menos eu troquei de roupa antes de sair do clube - falei ajeitando o meu cabelo - Ou vai dizer que essa roupa está ruim?

- Está ótima - falou sorrindo de lado e voltou a dirigir

- Gerson Narrando -

Sabe quando está apenas duas pessoas em um lugar e o silêncio reina? É basicamente o que aconteceu no momento que a Lorena entrou no carro até agora só que não era um silêncio ruim, de certa forma era até agradável. Uns 40 minutos depois nós chegamos no restaurante, fomos encaminhados até uma mesa e eu logo peguei o cardápio.

- Você poderia ter dito que era em Ipanema - falou e eu tirei os olhos do cardápio

- E o que iria mudar? - perguntei confuso

- Eu estava perto de casa - falou simples - E o uber é caro, meu anjo

- Eu vou te levar em casa - dei de ombros - Te disse

- Claro que vai - falou óbvia e voltou os olhos para o cardápio

- Já foi no médico? - perguntei curioso

- Algumas vezes na minha vida - ironizou

- É sério, Lorena - falei olhando pra ela - Precisa ver o motivo de estar mal

- Já te expliquei - falou baixo - E se quer saber já fui ao médico

- Fico aliviado - falei sincero - Podemos pedir?

- Por favor - balançou a cabeça e eu fiz sinal para o garçom, fizemos os nossos pedidos e logo os nossos drinks chegaram

- Eu pensei que teria que brigar com você - brinquei e ela me olhou confusa - Pensei que você fosse meio rebelde e pedisse bebida alcoólica

- E piorar a minha situação? Dispenso - riu e abriu a bolsa, pegou um remédio e logo tomou - É pra evitar deu passar mal - se adiantou quando me viu olhando curioso pro remédio - Tá gostando do Rio?

- Ah, eu já era do Rio - falei e ela assentiu

- Mas ficou muito tempo fora, né? Uma coisa é ter o Rio como férias e a outra morar

- Tá sendo diferente - falei pensativo - É ótimo estar mais perto da minha família e dos meus amigos de infância

- Uma boa coisa então - falou bebendo - E você está feliz com o time, né? Foi bem recepcionado por toda torcida

- Confesso que o meu medo era eles odiarem - falei sincero e ela riu baixo

- A torcida está confiante, a diretoria está montando o time dos sonhos - falou pensativa - Porém tem um lado negativo nisso aí

- Tipo? - perguntei e bebi um pouco

- Uma coisa é bater na trave com um elenco horrível e outra é ficar no cheirinho com o esse elenco - falou me olhando

- Tá me pressionando? Por que a torcida já faz isso o suficiente - falei e ela riu

- Não estou, relaxa - pegou o celular e mexeu - Tira uma foto minha?

- Tiro sim - falei e ela me entregou o celular, pegou a taça e se ajeitou na cadeira, tirei a foto e observei a mesma, ela era linda demais

- Lorena Narrando -

Acabei de sair de uma consulta e logo que eu cheguei no clube fui até o Rh levar o atestado, fui direto atrás do meu chefe e o mesmo me designou pra tirar fotos dos meninos da base no treino e eu amei, até porque eu me dava super bem com eles.

- Vamos de altinha? - Matheuzinho perguntou assim que eu me aproximei

- Não vai rolar - fiz careta

- Ué, tá se desfazendo só porque não somos o elenco principal? Sabia que uma hora isso iria rolar - Natan falou colocando a mão no peito e caímos na risada

- Na verdade eu estou com um problema - falei e foi como se tivesse falado pra um grupos de crianças que eu estava com doces

- E que problema? - Noga perguntou curioso

- É algum otário? O gigante resolve - Natan apontou para o goleiro e eu ri fraco

- É eu resolvo mesmo - Hugo confirmou - Sério, você é nossa fotógrafa favorita e nos trata super bem, se precisar que demos uma surra em um vacilão é só avisar

- É segredo - falei baixo e fiz sinal pra eles chegarem mais perto - Prometam que não vão sair espalhando isso por aí

- Eu prometo - falaram juntos e eu ri

- O meu problema chega em 6 meses - falei simples e eu vi a confusão passando pelo rosto dos quatro

- Eu juro que tentei mas não consegui entender esse mistério aí - Hugo falou coçando a cabeça

- Eu tô - eu simplesmente não conseguia falar aquilo em voz alta tão facilmente então desci os olhos até a minha barriga e coloquei a mão na mesma

- Aí meu deus - Natan gritou surpreso

- É sério? - Hugo perguntou sorrindo

- Claro que é idiota - Matheuzinho falou dando um tapa leve na cabeça dele - Não é?

- É sim - confirmei com a cabeça

- Seremos tios - Noga falou animando e eu quase fui esmagada por eles já que decidiram me abraçar ao mesmo tempo

- Socorro - gritei rindo e eles me soltaram