14 | Ruin.

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🦋  ִֶָ 𖥻 ruína

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🦋  ִֶָ 𖥻 ruína

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Chegando em casa, Jimin é jogado como uma tralha no carpete do chão da sala. Donghae começa a desafivelar seu cinto, o pequeno e indefeso Park, com o corpo encolhido no chão, já sabe o que está prestes a acontecer. O homem se agacha ao seu lado e sussurra friamente:

─ Agora que chegamos você terá a correção que merece. ─ desliza o couro gelado de seu cinto pelas costelas magras do garoto. ─ Você me decepcionou pela última vez Park. ─ sentencia antes que o couro estale em suas costas pela primeira. ─ Nunca mais sairá dessa casa, nunca mais te darei outra chance!

Mais algumas chicotadas.

O barulho estala pela sala arrepiando o corpo de Jihye. Lágrimas rolam tanto pelos seus olhos quanto pelo de seu filho, mas ela não faz exatamente nada.

─ Se lembra de quando eu te peguei beijando aquele garoto? Naquele momento eu sabia que você seria minha maior decepção! ─ O Park relembra com o rosto avermelhado e impassível.

Jimin chora ainda com mais intensidade, contorcendo seu corpo frágil a cada chibatada que recebe, mas ele se mantêm quieto porque sabe que se for barulhento será pior.

─ Eu tenho nojo de você e de quem você é! ─ As palavras cortam mais que uma lâmina. Jimin tenta se desconectar de seu corpo, assim como fazia antigamente. ─ Você só está apanhando assim porque merece. Pessoas como você deveriam morrer!

Tudo dói.

E o pior é que não há previsão para acabar.

[...]

Tudo o que Jimin faz nós próximos dias é se trancar em seu quarto. E tocar. E chorar. Os treinos funcionam como uma válvula de escape, já que agora ele não tem se quer suas lâminas para aliviar a dor. No momento em que ele está concentrado na música, sua mente consegue se desprender da realidade fatídica que o carrega.

Porque no final das contas, quando se tem depressão, você precisa encontrar algo que te faça vivo, por mais simples que pareça, pois é aquele algo que não deixará com que você apenas... Desista de tudo. Simplesmente.

Jimin já não se alimentava faz um bom tempo, tampouco tomava sol. Jihye vinha a seu quarto todos os dias, tentava falar com o seu filho, fazer com que ele lhe perdoasse. Mas estava acabado. O garoto acreditava que a mãe não soubesse dos constantes abusos que ele sofria, mas aparentemente sim. E como ser salvo se até mesmo a única pessoa na qual você ainda tem esperanças, te apunhala pelas costas?

Donghae apenas dizia: vai passar, isso é apenas frescura.

Mas vocês sabem o quanto é importante ouvir alguém que está prestes a ter um colapso? Sabem quantas pessoas já morreram apenas porque os outros ao seu redor não deram a atenção suficiente? A ignorância que a maioria dos pais tem em casos de depressão, e o fato de que eles tratam o assunto como algo banal, é o que leva a maioria dos jovens ao óbito.

Todavia as coisas tendiam a ser diferente naquele dia.

─ Senhor Park, visita para você. ─ Avisou Trevor. Park não deu muita importância. Naquele momento não passava por sua mente qualquer pessoa que pudesse lhe atrair interesse o suficiente para fazê-lo levantar da cama.

De qualquer forma, quando uma cabeleira preta atravessou suas portas, seus olhos arregalaram ao extremo e ele basicamente se jogou no colo da morena ─ que sentara na beira de sua cama, também em um estado parecido.

─J-Jisoo?─ Ele indagou, tocando o rosto da loira com a ponta de seus dedos, como se ela fosse uma miragem ou um ser intocável.

─Sim babe, eu estou de volta há algum tempo. ─ ela sussurrou com a voz quebrada. Reencontrar o amigo daquela forma era a última coisa que ela queria na vida.

─ Oh Jisoo...─ Jimin murmurou tentando rir em meio a tantas lágrimas, mas tudo parecia forçado, falso demais. ─ Eu senti tanto a sua falta.

─ Eu também Ji, nunca vou me perdoar por não ter te protegido. De novo. ─ Ela murmura com pesar, abraçando ainda mais forte o garoto em seus braços.

─ Não há nada que você pudesse fazer... ─ Ele explicou, voltando a sentir uma angústia no peito ─ Jisoo, eu nunca mais vou sair daqui e mal pude me despedir dele. ─ Jimin segreda. A amiga ficara sabendo de tudo graças às mães próximas.

Obviamente a Senhora Kim sabia das condições de sua filha, mas não contará a Park Jihye, pois sabia o quanto as pessoas poderiam ser preconceituosas. Jimin apenas sabia que Jisoo havia fugido para morar com uma mulher, pois fora ele quem ajudara na escapada. A história que os pais de Jisoo repassaram é de que a garota havia ido estudar fora, caso contrário, ela nunca mais entraria na casa dos Park.

─ Achei que estava indo tudo bem, que a merda da minha vida estivesse indo para frente. Achei que eu fosse superar. Mas agora eu sou apenas um garoto repugnante, que decepcionou a todos e deveria morrer. Eu sou uma aberração Jisoo.

─ Hey, não! Você não é! Não há nada de errado com você, o problema está em pessoas como o seu pai, que não conseguem enxergar o amor em diferentes formas, ele é o doente, ele precisa se tratar. ─ Ela explica com seu rosto também vermelho pelas lágrimas. Jisoo sabe mais do que ninguém, o quanto essa fase de aceitação é complexa, sabe que isso não passará tão cedo. Na verdade, você sempre será colocado a prova sobre sua sexualidade, não importa o quão confiante pareça, mas ela também sabe que cedo ou tarde tudo isso se torna um fardo mais leve, e você passa a ter orgulho pela sua força e sobre quem você é.

─ Mas-

─ Não importa nada do que ele disse, eu sou sua melhor amiga e posso dizer que não existe nada dentro de você além de bondade e amor. Pessoas tem suas particularidades e não há nada de errado em descobrir que você gosta de alguém do mesmo sexo. Se você olhar o mundo ao seu redor, vai perceber que existem milhões de pessoas que se relacionam com alguém do mesmo sexo e convivem perfeitamente bem com isso. O mundo é tão amplo, há tanto em nós para ser explorado, não é porque fomos criados para seguirmos essa norma que não possamos nos rebelar. Sei que você tem uma religião diferente da minha, mas se seus deuses pregam o amor, eles não verão nada de errado nisso, porque amor é amor.

─ E quanto ao papai? ─ Jimin indaga com um bico nos lábios.

─ Seu pai é simplesmente alguém que foi criado de acordo com essas regras, pré-históricas e opressoras, a sociedade ao nosso redor é direciona a ver tudo que é diferente como algo ruim, somos criados para seguirmos a mesmice, mas felizmente o mundo tem evoluído e hoje existem pessoas lutando para mudarmos todas essas construções sociais ridículas.

─ Eu não sei, parece complicado. Não entendo porque tenho que ser diferente, mas não é como se eu pudesse escolher o que sou.

─ Pode ser difícil pra você entender agora, já que os acontecimentos são tão recentes, mas essa caminhada de aceitação é algo que se constrói pouco a pouco, e eu prometo estar aqui ao seu lado para te ajudar passo a passo. Prometa-me que vai tentar caminhar? ─ Ela indaga estendendo o dedo mindinho.

─ E-eu prometo. ─ Jimin responde esticando seu dedo de volta. ─ Obrigado Jisoo. ─ Ela abraça mais uma vez a garota. Então uma idéia o sustenta, e apesar de parecer louco... Pode dar certo. ─ Será que posso abusar um pouco mais de toda essa sua bondade?

Bobinho, claro que pode, eu amo você. ─ Ela responde sorrindo largo.

Jimin engole em seco e morde seu polegar, ponderando antes de sentenciar:

E-eu... Preciso de um favor.

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Don't Make Me Suffer • jjk + pjm [concluída]Where stories live. Discover now