Capítulo 5

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Meus olhos estão tendo uma extrema dificuldade para abrir. Ouço um som agudo bem do meu lado, sinto coisas como agulhas nos meus braços e uma dor de cabeça enorme me assombra. Sou impossibilitado de observar o local. Um cheiro de álcool penetra o meu nariz com sensibilidade.

Um zumbido agoniante de equipamentos paira no ar. Uma dor de cabeça persistente pulsa em sincronia com meus batimentos cardíacos.

Quando finalmente consigo abrir as minhas pálpebras que pareciam coladas, tomo um susto de primeira.

Agora eu não estou mais na floresta de Uza, e sim em uma maca.

Tento virar os meus olhos para o lado sem mover a cabeça, mas não consigo enxergar nada além do teto branco da enfermaria. Consigo me virar um pouco para a esquerda, onde enxergo uma figura musculosa devorando um "sanduíche cortês", muito famoso no subúrbio.

— Alan? — Tento abrir minha boca o máximo possível, mas apenas sai um múrmuro.

— Acordou, calabreso?! — Deixa o hambúrguer de lado. — Ah, óbvio que sim, você tá falando comigo.

Ele se levanta da cadeira, cachos definidos balançando. Seu óculos quebrado escorrega sobre seu nariz. Percebo logo de cara o seu sotaque suburbano, com as consoantes bem acentuadas. Diferente do dialeto de Noah, ele é bem mais informal.

— Você já recuperou a consciência? Ah, é óbvio. Você está falando comigo. Enfim, melhorou?

— O que aconteceu? — Tento levantar minha cabeça, mas não consigo. — Eu não estava no teste?

— Você sabe muito bem o que aconteceu. — É claro que eu não sei, palerma. — Falei para você usar a Host com moderação. Já não é a primeira vez que acontece besteira devido a sua falta de cuidado.

— Eu não lembro direito.

Minhas mãos tremem levemente, seguidas de um calafrio. Minha pele está sensível, febril, como se um frio angustiante me atingisse. Meus olhos continuam pesados, embaçados. Meu fluxo de sangue está vagaroso e distante. Tudo isso se agrava quando Alan abre a boca.

— Você teve uma pequena overdose, Alex.

Eu não esperava por isso — Mentira, esperava sim. Uso a host por vários motivos, porém especificamente, tenho uma dependência dela para missões e treinamento. Mas uma overdose? Acho que injetei todo o líquido, quando era para ser apenas um pouco.

Mas isso não é culpa minha, foi no desespero do momento. Se eu continuasse, provavelmente me machucaria mais do que precisava.

Uma taquicardia ataca, agravando de simultâneo minha dor de cabeça. Minha boca seca incomoda. Um desconforto muscular me ataca, como se todo o esforço da batalha fosse descarregado em mim agora.

— Foi mal. — É o máximo que consigo dizer. — Eu não queria injetar tudo. Foi tudo no calor da emoção...

— Se você continuar no calor da emoção, você vai morrer! É isso que você quer?

— Às vezes. — falo apenas para o irritar um pouco, mas toda mentira sempre tem um pouco de veracidade.

— Órfão é fogo, viu. — Ele cruza os braços, como se tivesse uma família. — Olha, vou lançar a real. Eu não queria ter que tomar essa providência, mas vou ter que retirar sua autorização de pegar as doses. — Já imaginava que ele faria isso. — Você tem dependência, eu sei, mas agora vou acompanhar você para me certificar que não tenha mais problemas.

— Você vai ficar aqui? — Ignoro absolutamente tudo que ele disse.

— Sim, viado! — A sua expressão muda de uma totalmente séria, para um sorriso largo e sincero, tenho certeza de que ele estava forçando aquela pose de durão. — Você acha mesmo que vim aqui só para te dar um sermão? Se fosse assim, só mandaria a Crystal te dar uns tabefes e pronto.

A Ascensão das Chamas EscarlatesWhere stories live. Discover now