pombeando meu coração 🕊 2son

parte 2

"r-richie?!"

a voz de son foi o que lhe fez olhar pra baixo, um sorriso surpreso se formando no seu rosto por finalmente ser reconhecido.

"sonny você percebeu- espera!" ele arregalou os olhos ao ouvir sua própria voz, falando um inglês quebrado, mas não pombês, o que era uma vitória. "eu estou livre!" gargalhou, voltando para olhar para o coreano debaixo dele, envolveu seus braços ao redor dele numa felicidade que não conseguia nem medir. era tão bom sentir todos os seus membros intactos de volta nos seus lugares. "eu finalmente estou livre! você não vai acreditar no pesadelo que eu passei!"

son ainda o encarava em choque, abrindo e fechando a boca como se as palavras lhe faltassem. richarlison olhou pra baixo e finalmente notou um dos primeiros problemas: estava sem roupa.

o brasileiro gritou em surpresa e, por puro impulso, son fez o mesmo.

"vai colocar uma roupa primeiro!" o coreano jogou uma almofada nele e apontou para a direção do seu quarto. "pega qualquer coisa no meu armário." ele ordenou com uma mão cobrindo os olhos, de onde estava conseguia ver seu pescoço e orelhas vermelhas, o tom contrastava com as cores monocromáticas do sofá.

impulsionado pelo desespero na voz de son ele correu para a direção que tinha sido mandado e fechou a porta atrás de si, suspirando aliviado até que um pensamento lhe acertou em cheio. eles eram dois homens e tomavam até banho no mesmo vestiário, por que o desespero? não que richarlison estivesse menos envergonhado com a situação, porque acredite, ele estava num nível inimaginável de constrangimento, mas son deveria ser a pessoa racional ali. com um grunhido, ele passou as mãos - com dedos! - pelo rosto e se aproximou do guarda-roupas gigante do mais velho, se olhando no espelho para ter certeza que estava de volta.

não tinha bico, não tinha aqueles olhos vazios na laterais da cabeça, não tinha penas, não tinha asas e seus pés voltaram ao normal também. era tão bom ser humano de novo, nunca mais diria que preferia ser outra coisa. amava ser um humano, não tinha nada melhor que andar sob dois pés, ter cinco dedos em cada mão e articulações.

abriu as gavetas e procurou algo para vestir. tudo era muito bem organizado, dobrado com perfeição assim como via no instagram as vezes. com muito cuidado tirou uma blusa preta e da outra gaveta uma bermuda, enquanto se vestia viu que tinha um pequeno porta-jóias na prateleira e dentre pulseiras, anéis e colares tinha brincos. nunca tinha visto son usar brincos antes, sequer tinha notado se ele tinha a orelha furada, mas se tivesse seria uma visão e tanto. tocou delicadamente um dos pares, o diamante cintilava com a luz do quarto no fim da cordinha de ouro - ficaria lindo nele.

"você terminou?" a voz do coreano o assustou e ele pulou para longe das jóias, como se tivesse sido pego no meio de um roubo. gaguejou um sim apressado e passou os braços pela blusa e apenas quando puxou o tecido para baixo percebeu que ele não era passava do seu umbigo.

"por que você tem um cropped, son?" perguntou assim que abriu a porta, genuinamente confuso. não parecia fazer o estilo dele, pelo que via no seu dia-a-dia quer dizer, nunca o viu com nada parecido, igual aos brincos. a pergunta não foi feita com a intenção de envergonhá-lo, mas seu rosto ficou vermelho mesmo assim.

"eu não- quer dizer, eu comprei pela internet e não escolhi o tamanho certo," apontou para a direção geral da blusa e suspirou, as palavras em inglês pareceram lhe faltar no momento. "enfim, isso não tem importância! temos muita coisa pra conversar!"

richarlison assentiu, em dúvida se deveria trocar a blusa ou não, mas o coreano já estava andando de volta para a sala e ele preferiu se apressar para acompanhá-lo. de fato, tinham coisas mais importantes a serem discutidas e ele ainda precisava colocar os recentes acontecimentos em seus devidos lugares para poder contá-los a outra pessoa. a experiência parecia tão surreal que se perguntou se não tinha sido só um sonho bizarro - mas estar na casa de son, vestido com seu cropped definitivamente não parecia um sonho.