Boris Pavlikovsky|Point of view.
Hawkins, Indiana.─ Vira, vira, vira! -Richie e Lu gritavam, eu apenas ri.
─ Vocês querem matar meu irmão de cirrose? -Mike perguntou e deu um gole em sua bebida.
─ Relaxa garotão, é molezinha virar isso aqui. -Sorri abertamente e pisquei para ele. ─ Vejam só.
Eu falei e levei a garrafa até minha boca, a virando de uma vez só.
Eu sentia a bebida descer queimando em minha garganta, mas isso não me fez parar.
─ Isso ai! -Richie gritou rindo. ─ Se prepara para morrer de ressaca amanhã.
Assim que terminei de virar tudo, senti meu estômago se embrulhar. Balancei a cabeça e sorri, estendendo a garrafa para o alto.
─ Viu só? Falei que era facinho! -Dei risada.
─ Meu deus. -Mike disse e negou com a cabeça. ─ Onde eu fui me meter?
─ No melhor lugar possível. -Soltei uma risada nasal.
─ Mandou bem em. -Lu colocou uma mão em meu peitoral e deu batidinhas leves, logo em seguida levou a outra mão até minha nuca e acariciou meu cabelo.
─ Você é um verdadeiro alcoólatra, Boris. -Richie disse e eu olhei para ele.
─ Descobriu agora? -Falei brincando e nós rimos.
─ Senti saudades de vocês. -Lu falou e eu olhei para ela.
─ Também senti saudades. -Falei e ela sorriu. ─ É ótimo ter a família por perto. -Levei uma mão até seu cabelo e baguncei.
Ela resmungou e se afastou um pouco, ajeitando o cabelo. Apenas ri.
─ Cadê aquele seu namoradinho, você falava horrores dele e até agora não me mostrou. -Ela disse e levantou as sobrancelhas.
─ Namoradinho? -Mike perguntou e levantou uma sobrancelha.
─ Bocuda. -A empurrei e ela riu.
─ Não sabia que era segredo, foi mal.
─ Você namora? -Mike perguntou.
─ Não. -Levantei as sobrancelhas. ─ Ainda não. -Soltei uma risada nasal e desviei o olhar.
─ Cara, então você também é gay? -Ele perguntou sem filtro algum, o que me fez travar. Não estava esperando.
─ Na verdade, eu sou bissexual. -O encarei.
─ O que é isso? -Ele franziu o cenho.
─ Ele pega todo mundo. -Richie que respondeu, rindo.
─ Meu deus. -Mike balançou a cabeça.
─ Você é o único encubado aqui, Mike. -Lu disse, o que fez com que eu e Richie caíssemos na risada.
─ Te manca. -Ele disse e revirou os olhos. ─ Eu namoro, e sou hétero. -Deu de ombros e olhou em volta.
─ Claro. -Ela disse irônica e riu.
─ Por falar em namoro, quem é a tua namorada? -Perguntei para Lu.
─ A gatinha que organizou a festa. -Sorriu abertamente. ─ Ela que é minha namorada.
─ Sapatona... eu sinto de longe o cheiro de couro. -Richie disse e eu não aguentei, acabei rindo.
─ Porra, Richie. -Eu disse rindo.
Neguei com a cabeça e soltei uma risada nasal. Respirei fundo e parei de rir, logo em seguida comecei a procurar Theo com os olhos.
─ Quando eu achar ele, eu te mostro. -Falei à ela, ainda procurando Theodore com os olhos.
Assim que o avistei, notei que um garoto conversava com ele. Levantei uma sobrancelha e encarei aquela cena.
─ Já volto. -Eu disse e me afastei deles, indo em direção aonde Theo estava.
Apressei um pouco os passos, tentando chegar mais rápido até lá.
─ Você tá solteiro? -Escutei o garoto perguntar e franzi o cenho.
Ele estava até vermelho, o garoto, no caso.
─ Não. -Eu o respondi, parando ao lado de Theo e passando um braço pela cintura dele. ─ Ele namora, e o namorado dele está bem aqui. -Sorri mínimo.
─ Ah... -Mordeu o lábio inferior e sorriu sem graça. ─ Me desculpe, eu não fazia idéia. -Coçou a nuca.
─ Acontece. -Falei indiferente. ─ Agora se você me dá licença, eu quero falar com o MEU namorado. -Fiz questão de dar ênfase no "meu".
Puxei Theodore dali, o afastando do garoto.
─ Seu namorado? -Olhei para ele, que levantou uma sobrancelha. ─ Até onde eu sei, ninguém me pediu em namoro. -Se soltou e cruzou os braços.
─ Ele tava dando em cima de você. -Levantei as sobrancelhas.
─ Eu sei, e eu ia dizer que não queria. -Deu de ombros.
─ Ótimo. -O puxei para perto, tentei lhe dar um selinho mas ele virou o rosto. ─ O que foi? -Franzi o cenho, confuso.
─ O que foi? -Ele repetiu, pareceu irônico. ─ Não sei, quem sabe né. -Se afastou.
O encarei completamente confuso, sem entender nada.
─ É sério, o que foi? -Perguntei outra vez.
─ Não sei, pergunta para aquela garota que tava agarrada com você. -Franziu o cenho.
─ Que? -Falei mais confuso ainda, até ligar alguns pontos.
─ Você é muito sonso, que raiva. -Ele bufou e passou uma mão pelo cabelo.
─ Ah, você tá falando da Lu? -Levantei as sobrancelhas.
─ Até apelido você já deu? -Levantou as sobrancelhas e me encarou.
Segurei a vontade enorme que eu sentia de rir.
─ Quanto você bebeu? -Perguntei.
─ Não foge do assunto! -Se aproximou. ─ Por que que você deixou ela chegar tão perto? -Cruzou os braços.
─ Eu chuto que você bebeu umas três garrafas. -Eu disse rindo. ─ Como você é fraquinho.
─ Boris! -Ele falou irritado. ─ Qual é! Vai ser assim? -Me encarou e franziu o cenho. ─ Porquê se for, me avisa logo que eu aproveito as oportunidades.
O puxei para mais perto pela cintura e sorri, o encarando.
─ Você não é nem louco. -Soltei uma risada nasal. ─ Você fica ainda mais bonito com ciúmes, sabia? -Passei uma mecha do seu cabelo para trás de sua orelha.
─ Sai! -Ele resmungou e tentou sair dos meus braços, mas eu não o soltei. ─ Me solta. -Me encarou.
─ Lindo, lindo, lindo... -Beijei a pontinha do seu nariz.
─ Por que você é assim? -Continuou me encarando. ─ Boris me fala logo quem é ela. -Notei seus olhos marejarem. ─ É porquê ela é uma garota..?
─ Potter! Não chora! -Eu falei, agora sentindo pena e culpa por deixá-lo ainda mais enciumado e não ter contado logo. ─ Não é isso!
─ Então o que é? -Ele fungou e me encarou. ─ Eu sei que eu não sou lá essas coisas, mas me trocar assim na minha cara?