Eu abrirei minhas asas e aprenderei a voar
Eu farei o que for necessário até tocar o céu
E farei um pedido, arriscarei, mudarei
E escaparei
Saindo da escuridão e entrando no sol
Mas eu não esquecerei as pessoas que amo
Correrei o risco, arriscarei, mudarei
E escaparei
Kelly Clarkson - Breakaway꧁⸻⸻⸻𝓚𝓜⸻⸻⸻꧂
Quando Lissa virou as costas para Senka, ela sabia que Senka iria pedir para ficarem juntos. Lissa já nem sabia se a linha que ela estava seguindo seguiria firme, ela tinha quase certeza de que não. Um sentimento esmagador estava tomando conta dela desde que chegara ali, tudo parecia estranho. Alguém não tinha seguido suas ordens e isso sem dúvidas estava atrapalhando o segmento certo do que ela queria. Ela tinha uma sensação ruim e aquilo estava gritando dentro dela de uma maneira quase sufocante. Algo iria acontecer e iria romper a linha, mas o que? O que aconteceria?
Ela deixou seus passos irem direto até a sala do trono. Zyon e Tenko já estava ali, olhando de maneira ameaçadora para uma rainha que parecia bocejar de tédio.
– Ah – a rainha se levantou – minha diversão finalmente chegou.
– Onde a Nogitsune que armou tudo está? – Tenko perguntou sem se dar o trabalho de olhar para Lissa.
– Você ainda não entendeu querida Tenko? – a rainha riu – nunca fui eu.
– Então quem? – Tenko mostrou suas presas.
A rainha levou sua cabeça para o lado de maneira divertida.
– Eu sou um receptáculo também, é tão decepcionante saber que não sou a que maquinou todo o plano para dominar o país? O jogo estava tão divertido, nunca tinha me sentido tão saciada em toda a minha vida. Consegue sentir? A agonia e o sofrimento de tanta gente perto?
– Deixe a mulher ir e venha como a Nogitsune nojenta que é e me enfrente então.
– Eu? Sair do meu escudo natural e te atacar? Está me achando com cara de idiota?
– Quem planejou tudo? – Zyon perguntou parecendo tranquilo.
– Você ainda não sabe? O príncipe tem a mente mais maliciosa que eu já conheci, desde criança.
– Não pode ser verdade – Lissa levou uma mão até a boca.
– Surpresa Lissandra? Ele queria o trono, mas ele sabia que o trono seria passado para você por uma predileção da sua mãe.
– Mentira – Lissa falou um pouco mais firme – eu não poderia subir ao trono. Sou mulher e nem sou a primogênita, por que me colocariam para reinar?
– Porque você não é humana, sua mãe sabia disso. Seu pai sabia disso... sua mãe inventou uma desculpa qualquer dizendo que havia sido ludibriada e que o rei do inferno a queria no trono ou algo do tipo. Sua mãe estava terrivelmente apaixonada por esse principezinho aí e queria arrumar uma desculpa para que ele ficasse. Seu irmão soube da história, soube que te colocariam no trono e o deixariam de lado. Minha mestra só aproveitou a situação. Ele sozinho planejou a morte dos seus pais, ele sozinho planejou a sua morte, você teria matado seus pais, e depois teria morrido. Eu iria garantir isso para a minha mestra e te tomaria como receptáculo até o momento em que seria dispensável. Fui até aquele maldito quarto te reclamar para mim. Mesmo com o poder dos deuses seu pai não poderia lutar, se ele liberasse que fosse 1 ou 2% do seu poder, ele te mataria também. Eu iria selá-lo e ele não lutaria, eu tinha certeza disso, mas eu não contava com a presença da Tenko. Ela te tomou primeiro, ela arruinou todo um plano, mas as coisas não estavam perdidas ainda. Rafael ganhou a sua confiança como o irmão perfeito. Eu virei a melhor conselheira e ele me designou para te matar, mas a Tenko não estava com você e você não queria me dizer onde ela estava. Era para tudo ter acabado. Eu te mataria e o Rafael atribuiria a morte dos pais a você. Eu nem precisei de muito para que você se tornasse a autora real do crime deles no fim das contas. Novamente fomos surpreendidos quando a Tenko resolveu sacrificar a própria liberdade para que você vivesse... ela ficou lutando e te deixou cair pela janela do palácio. Ela foi a segunda Kitsune a conseguir se separar do seu hospedeiro, fazendo isso ela te impossibilitou de morrer sem estar no palácio. Maldita Tenko... a situação já era difícil, mas o Príncipe Corvo tinha que complicar as coisas para o nosso lado ao trazer duas das mentes mais brilhantes de todos os universos.
– Me sinto lisonjeada Nogitsune – Beatrice bateu palma de maneira zombeteira – mas acho que está me superestimando, comparar a minha inteligência ao do professor é terrivelmente cruel com ele.
– O que um hansha tem a ver com essa história toda Rainha Carmesim? Por que está aqui?
– Verdade seja dita – Beatrice sorriu – eu sou um peso morto aqui. Não posso te atacar para não ferir a humana que você está usando. Não posso ajudar os outros amigos da Lissandra porque eu acabaria por ferir algum humano também... então... o que eu estou fazendo aqui é uma ótima pergunta... o que você acha que eu estou fazendo aqui?
– Cheguei – uma fenda se abriu trazendo o professor novamente junto com Aylin e Yugo, para a surpresa de Carlos e Roy que tentavam a todo custo colocar os selos nas paredes sem serem notados.
– Está atrasado, professor – Zyon sorriu ao ver seu velho amigo.
– Peço desculpas – ele falou de maneira solene – os dois tinham perdido muito sangue.
– Chegou o momento, preciso que me empreste o seu ruah professor, não vou arriscar a vida da garota de novo – Beatrice sorriu – ei sacerdotisa, me empresta o seu poder para desfazer um selo.
Beatrice finalmente abriu os olhos, fixou seus olhos em Aylin que sentiu um certo desconforto, mas não se moveu. Beatrice recitou um encantamento em uma língua irreconhecível para todos fazendo com que todos os selos ao redor da sala brilhassem. O rompimento do selo não durou 1 minuto. Zyon se contorceu no ar em risadas frenéticas enquanto uma luz roxa o cobria por completo. Suas unhas em garras crescerem ficando completamente afiadas e pontudas. Penas negras caíam entre seu cabelo também negro. Seus dentes caninos se afiaram e seus olhos se estreitaram em completa adrenalina.
Zyon não era mais Zyon, ele era um demônio implacável. Alguém que impunha um medo terrível apenas por estar perto.
A rainha Kawany se encolheu visivelmente amedrontada.
– Como se sente, querido amigo? – o professor parecia feliz ao perguntar – bem-vindo de volta.
– É bom estar de volta – ele falou com um sorriso maligno no rosto e mesmo Lissa se encolheu como um animal assustado.
Apesar da presença sufocante que Zyon impunha, Carlos pode notar o quanto Lissa era de fato parecida a ele. Seus traços, o sorriso malicioso, a pose orgulhosa e arrogante. Seu sorriso de lado fazia qualquer um estremecer.
– Nosso trabalho aqui acabou, professor – Beatrice deu de ombros – deixemos que eles terminem a guerra que começaram.
– Zyon, sei que você deve estar ansioso para lutar depois de longos 21 anos – o professor abriu uma fenda – mas lembre-se de que você não pode ferir um humano, deixe que se virem com a rainha. Não me faça voltar para salvar a sua pele, fique de fora dessa luta.
– Não precisa me lembrar disso professor. Você continua um chato – mesmo falando isso seu sorriso não vacilava – mas tenho alguns corvos que estão famintos.
– Nesse caso, passei por um algumas pessoas em apuros em um dos salões do palácio. Tem muitos soldados por ali. Aproveite o banquete – o professor fez uma pequena reverência e entrou pela fenda – Vamos Rainha.
– Te espero em casa, Zyon – Beatrice sorriu docemente – Ei, Carlos, não esquece o que conversamos.
E assim, finalmente, a rainha Carmesim saiu de cena.
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Kitsunes e Malphas
FantasyAs temíveis Kitsunes apareceram na cidade, a famosa gangue sanguinária composta somente por mulheres. Reza a lenda que sua líder é o verdadeiro demônio. Os Malphas, uma famosa gangue que domina a maioria das cidades do país as encontraram e agora es...