Me desculpe [Xicheng] (Concluído)

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Capítulo 3: A dor da despedida não dita

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O cheiro de sua infância preenchia todo o apartamento. Abrindo os olhos, Jiang Cheng podia ver o teto branco do quarto e uma dor irritante iniciou-se em sua cabeça. Sentando na cama, afastou o edredom azul claro e tirou o prendedor da cabeça, deixando seus longos cabelos caírem soltos.

Um gostoso aroma de sopa ficava cada vez mais forte. Com o estômago dando sinais de vida, se levantou e ainda descalço seguiu o cheiro, andando sonolento até a cozinha. Viu a imagem do homem alto, seus cabelos presos em um coque alto e desajeitado, ombros largos e usando um avental branco.

Percebeu que Lan Xichen estava concentrado na preparação da refeição, então apenas se sentou à mesa, próxima da bancada da cozinha, e apenas observou seu marido cozinhar. O maior experimentava a sopa várias vezes, às vezes fazia uma pequena careta e voltava a colocar temperos.

Tentando segurar o riso, Jiang Cheng colocou uma mão sobre a boca, mas não abafou suas risadas como deveria, chamando a atenção do marido, que se virou com um pequeno sorriso. Desligando o fogão, pegou uma pequena tigela e colocou um pouco da sopa, e se sentou ao lado de Jiang Cheng, dando um selar demorado no mesmo.

— Eu te acordei? — perguntou o Lan.

— Não, meu príncipe. — respondeu logo dando um pequeno bocejo.

— Eu não te vi chegando ontem, fiquei preocupado pela demora. — disse franzindo a testa.

— Desculpa, meu príncipe. Ontem o escritório estava muito agitado e me esqueci de avisar que chegaria tarde. Me desculpe mesmo.

— Está tudo bem, minha flor de lótus — falou colocando uma das mechas do cabelo do Jiang atrás da orelha. — Como minha flor de lótus chegou cansado ontem decidi te dar uma recompensa — disse empurrando de leve a tigela de sopa para o outro.

Olhando para a sopa, Jiang Cheng podia ver pedaços de carnes, verduras cortadas e raízes de lótus em rodelas. Era a sopa de raiz de lótus com costelas, a sopa que o ômega tomou na infância e adolescência, mas quando sua irmã se casou com Jin Zixuan não teve mais oportunidade de tomá-la. Jiang Cheng era um desastre na cozinha e por isso não tentava fazê-la, mas nunca imaginou que seu marido sabia preparar sua sopa favorita. Depois de olhar aquela tigela por um tempo, voltou seu olhar para o Lan, que parecia nervoso.

— E-eu sei que você não toma a sopa de raiz de lótus com costelas desde o casamento da senhorita YanLi, então hoje eu liguei para ela e pedi a receita para que assim pudesse recarregar as energias da minha flor de lótus — explicou com as bochechas levemente coradas. — Eu sei que não ficou igual a da senhorita YanLi, mas pela minha flor de lótus, faço tudo o que eu puder.

Vendo seu marido nervoso e ao mesmo tempo envergonhado, o ômega deu um pequeno sorriso se lembrando de quando o alfa o pediu em casamento que, ao invés do Jiang chorar, o primeiro foi Lan Xichen.

— Está tudo bem, príncipe. Com certeza está gostoso — deu um sorriso pegando a colher ao lado, que o Jiang não havia percebido antes porque estava distraído.

Levou uma colherada de sopa à boca e logo em seguida lágrimas se formaram e escorreram por sua face enquanto se lembrava, com saudade, da infância e pensava em como se ocupava no escritório o dia todo para evitar sentí-la.

— A-Cheng? Está tudo bem? Está muito quente? Muito apimentado? — perguntou preocupado, se levantando rapidamente e abrindo um dos armários da cozinha. Pegou um copo e o encheu de água do filtro da torneira. Em seguida, o entregou ao marido. — Aqui... A-Cheng, fala uma coisa, por favor! 

Ainda com lágrimas no rosto, Jiang Cheng apenas se aproximou do alfa e o  abraçou, que mesmo sem entender, retribuiu. A saudade de seus irmãos e seus pais, mesmo que o rapaz tenha sofrido muito durante sua vida por apenas ser um ômega lúpus, ainda sentia saudade dos conselhos de seu pai, das receitas de YanLi, das travessuras de Wei Ying.

Todavia, Jiang Cheng nunca pensou em perder seus pais na adolescência da pior forma, sua mãe de câncer e seu pai em uma depressão profunda. tudo o que queria era dizer um último "eu te amo" para os pais, mas não teve a oportunidade. 

Acalmando-se um pouco, o ômega separou o abraço lentamente.

— Está melhor? — perguntou Lan Xichen vendo seu marido assentir entanto secava seus olhos com as costas das mãos. — Toma! — lhe entregou novamente o copo de água, que bebeu.

— Desculpa por isso... A sua comida está perfeita, como eu disse. — deu um pequeno sorriso.

Não querendo ver seu marido triste novamente, Lan Xichen decide não perguntar o motivo do repentino choro, mas tem em mente que poderia ser saudades de sua família. Então decidiu passar aquele dia de sábado ao lado do seu companheiro, mesmo que tivesse que trabalhar, deu uma desculpa esfarrapada apenas para ficar com o outro e fazer seu dia mais feliz com as coisas que o outro gostava.

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Plot: suprimeShipper
Betagem: Psy_bl