capítulo 7

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Era a noite do meu aniversário. Meus pais estavam ansiosos para saber quem era a amiga que eu havia convidado para o jantar. Primeiro eles pediram para eu prometer que não seria nenhuma amiga lésbica. Putz! Dezoito anos e nem uma festinha com os amigos porque eles proibiram. Tudo bem, eu não me importava... A única pessoa que eu queria que estivesse presente era... Wednesday! Nossa! Pela milésima vez eu olhei para a porta do restaurante e notei que ela havia chegado. Linda! Usava um vestido preto, sapatos altos, os cabelos estavam levemente presos, uma maquiagem suave no rosto...


Nos levantamos para recebê-la. Wednesday sorriu, eu a abracei com ternura. Meus pais não sabiam se riam em sinal de gentileza ou se perguntavam o que estava acontecendo. Sorri por dentro. Pedi que Wednesday sentasse ao meu lado. Depois dos cumprimentos ela sentou. O silêncio nos envolveu por alguns segundos. A tensão dos meus pais era visível, saltava dos olhos deles. Olhei na direção de Wednesday e percebi que a psicóloga analisava as expressões dos meus velhos. O Sr. Sinclair, meu pai, que a olhava muito mais desconfiado do que minha mãe, entreabriu os lábios para dizer algo, mas o garçom chegou a nossa mesa nos perguntando se já havíamos feito os pedidos.



- Ainda não decidimos, obrigada - me antecipei a dizer. O garçom saiu e nós quatro voltamos a nos olhar.



- Que surpresa, Wednesday! - meu pai colocou as mãos sobre a mesa. Estava nervoso e curioso - Não sabia que vocês eram amigas. - em seguida tomou um gole de vinho.



- Se me permite dizer senhor Sinclair-olhou na minha direção, esboçou um sorriso - Vocês conhecem pouco a Enid, talvez por isso tenham achado que ela está doente. Pelo contrário, a Enid tem uma excelente saúde.


- Ela está doente sim! - retrucou minha mãe um pouco rude.



- Minha filha foi pega aos beijos com outra menina no quarto. – hilária a cara que o meu pai fez.



- Vocês não precisam se preocupar com isso, porque gostar de pessoas do mesmo sexo não denigre o caráter de ninguém

- Pessoas normais não se relacionam com seres do mesmo sexo.

- A senhora está errada, pessoas ignorantes é que não reconhecem que toda forma de amor é válida.


- Não estamos falando de amor, estamos falando de doença. – meu pai disse sério e a encarou como se afrontasse Wednesday.


- Acho que eu também estou doente disse. Ao final da frase Wednesday colocou a sua mão sobre a minha que estava apoiada na mesa. Me ajeitei na cadeira, estava muito orgulhosa da sua atitude inesperada.


- Bom... Mãe, pai... Vocês dois me deram o melhor de todos os presentes de aniversário - elevei a mão de Wednesday até os meus lábios e beijei - Essa é a minha namorada.


- O quê? - meu pai alterou o tom de voz, mas em seguida, ao olhar para os lados e notar que sua alteração de humor chamava a atenção dos outros que estavam nas mesas vizinha, suavizou o tom de voz - Dá pra me explicar o que está acontecendo?


Minha mãe desolada colocou as mãos na cabeça balançando no sentido negativo. Pensei que ela se desmancharia em lágrimas.



- Estamos felizes - eu disse. - Vocês deveriam querer me ver feliz!


- Isso é uma pouca vergonha! Wednesday?! - meu pai arregalou os olhos ao falar - Como teve a coragem de seduzir uma menina dessa idade? A minha filha é uma criança!


- Ela me seduziu? - soltei uma gargalhada - Vocês não têm ideia de como essa mulher foi difícil.


- Sr Sinclair... - aproximou o corpo da mesa, firmou o olhar nos do meu pai - A Enid, minha Nid, sabe exatamente o que quer para a vida dela. Relacionamentos começam e terminam todos os dias. O nosso começou e eu espero sinceramente que não tenha prazo de validade.


- Você tem uma filha! - se manifestou minha mãe - A menina vai crescer. Como dirá a ela que a mãe ao invés de um homem divide a cama com uma outra mulher?

Wednesday estava segura como eu nunca pensei que viria um dia. Ela sorriu da pergunta que a minha mãe fez. Nossa! A mulher era bem mais corajosa do que eu.



- Acredito que a homofobia tem a ver com a educação que damos aos nossos filhos. A Hanna saberá exatamente o que acontece entre a gente - olhou na minha direção, apertou minha mão e sorriu um daqueles sorrisos que me roubava a fala - Contarei a ela que agora ela terá duas mães, e mais... Falarei e ensinarei a minha filha que as pessoas valem pelo caráter que têm e não pela cor, status social, religião, ou sexualidade.


- Isso agride toda a estrutura familiar... É uma pouca vergonha! – meu pai estava - quase enfartando. Sua face vermelha, seus olhos esbugalhados e ele nem se preocupava mais de manter o tom de voz civilizado.


- O amor não devia ser rotulado dessa maneira, Senhor. - franziu o cenho ao dizer - Quando eu olhei nos olhos da sua filha pela primeira vez, senti que diante de mim estava um ser humano que precisava de compreensão. Apenas isso. Já pararam pra pensar na covardia que fizeram com a sua filha? Trancá-la em casa, isolá-la do mundo, proibir que ela veja ou fale com os amigos... A covardia de nada adiantou. Eu e a Enid nos encontramos, estamos apaixonadas e viveremos o nosso sentimento, queiram os senhores ou não!


- Vou te processar! - gritou meu pai alterado, logo se levantou.


- Tente! Vai processar-me pelo quê? Por amar a sua filha? Por compreendê-la? Querer doar o melhor de mim para fazê-la feliz? - levantou-se também - Sua filha tem um bom coração, não faz mal às pessoas, tem saúde para dar e vender... É estudiosa, tem um futuro brilhante pela frente e ama vocês! Me aponte um problema real!


- Não vamos tolerar essa pouca vergonha na nossa família! – agora foi a vez de minha mãe levantar. Bom... Como todos estavam de pé, eu também me levantei.


- A função dos pais é orientar quanto ao caráter de uma criança, nenhum pai ou mãe é responsável pela orientação sexual do seu filho. A Enid não quer magoar vocês ou agredir a sociedade, ela apenas quer ter o direito de viver de acordo com a sua orientação sexual. Sua filha será sempre sua filha, Sr. Sinclair! - falou olhando diretamente para o meu pai que exibia lágrimas nos olhos - Ela não pode viver uma mentira só porque vocês querem.


- Vocês podem escolher! - falou minha - mãe - Não é possível que alguém seja feliz dessa maneira... Imunda!


"Mãe, a gente só escolhe se quer contar ou não que somos gays!" - respirei fundo, logo segurei a mão de Wednesday e puxei para que saíssemos dali. Eu queria comemorar o meu aniversário e não ficar tentando remover os meus pais das suas ignorâncias.


Antes de sairmos do restaurante ouvi meu pai gritar:


- Vamos fazer da sua vida um inferno, Wednesday!

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Minha Doce Psicóloga |  Wenclair (adaptação)Where stories live. Discover now