09 | Keep Myself Alive

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Olá, queridos!
Demorei, né? Mas nada de abandono por aqui! Queria que esse capítulo ficasse perfeito, o reescrevi várias e várias vezes, porque é um grande passo na nossa história.
Não vou prometer voltar semana que vem, mas talvez aconteça.
Não desitam de mim 😢.
Boa leitura, meus caros!

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"I always ask myself
'How could this darker
Could make me stronger?'
I always ask myself
'When will this go away?'
'When will this change?'"
Get Scared

"Oi, aqui é o Shawn. Não posso atender agora, mas se for algo com o Mateo, ligue para a Camila. Beijos."

O som mecânico e familiar do telefone ressoava pelas paredes como um lamento interminável. As palavras, gravadas na voz acolhedora de Shawn, tornaram-se um eco constante, uma conexão tênue entre o presente e um passado desvanecido como um sonho distante.

Camila, envolta pela penumbra causada pelas cortinas, encontrava-se imersa em um ritual doloroso. Cada ligação era uma tentativa desesperada de resgatar a presença ausente de Shawn, de mergulhar nos fragmentos de evocação que permaneciam vivos apenas naquela gravação repetitiva. A voz doce de seu marido, agora confinada à caixa postal eletrônica, era o consolo solene que ela buscava, uma tentativa de preencher o vazio deixado por sua partida prematura.

A latina, com os olhos marejados, pressionava os botões com uma mistura de esperança e melancolia. Ao ouvir a gravação começar mais uma vez, uma onda de emoções complexas a envolvia. Era como se, por alguns instantes, ela pudesse mergulhar na presença dele novamente, mesmo que apenas por meio das palavras pré-gravadas. As sílabas ressoavam como um abraço sutil, uma promessa de que Shawn ainda estava lá, em algum lugar além do alcance físico.

A repetição incessante da mensagem transformara-se em um rito quase sagrado para Camila, uma tentativa de transcender a barreira da mortalidade e reencontrar-se com a essência da pessoa que amava. As pausas entre os recados eram preenchidas pelo eco de suas risadas, pelas conversas profundas e pelas juras de amor eterno. No entanto, a realidade abrupta insistia em ressurgir quando a gravação chegava ao fim.

A madrugada, testemunha silenciosa desse drama emocional, via Camila alternar entre momentos de fragilidade e resiliência. Enquanto o mundo descansava, ela persistia na busca de um conforto que só poderia encontrar em outro plano.

À medida que a noite cedeu espaço para a aurora, Camila, embora ainda imersa na tristeza, percebeu que as lágrimas, as quais haviam sido sua válvula de escape durante o crepúsculo, agora pareciam escassas, como se seu reservatório emocional tivesse secado. O pranto havia se transformado em um silêncio angustiante.

A manhã trouxe consigo uma sensação de exaustão, não apenas física, mas também psicológica. A mulher, envolta em uma melancolia persistente, sentia-se como uma nau à deriva em um mar de tristeza. As respirações eram pesadas, carregadas com a carga sensível da noite anterior. Ela se perguntava se seu choro havia se esgotado ou se era apenas uma pausa temporária, uma trégua na tormenta que a envolvia.

"Ding dong"

O som agudo da campainha ecoou pela casa. Um resmungo escapou de seus lábios, em uma expressão de relutância em lidar com visitas. Os olhos castanhos encontraram resistência na ideia de enfrentar o mundo exterior naquele momento.

O olhar cansado vasculhou o cômodo. O quarto estava imerso em desordem, um reflexo tumultuado de sua mente. Roupas espalhadas, livros fora do lugar e recordos de dias mais leves, agora deslocados em meio ao caos que se instaurara.

Never Be Alone [Camren]Unde poveștirile trăiesc. Descoperă acum