Allison: HUPGrade - Identidade Programada

Prólogo

Florianópolis, Brasil, 2099.

Eu testemunhei a transformação do mundo ao longo das eras.
À medida que o tempo avançava, a evolução da biotecnologia e da inteligência artificial desencadeou uma revolução científica que desafiou os paradigmas estabelecidos, e eu, em meu papel permanente, observei essas mudanças com atenção.
A sinergia da epigenética com a ciência da computação deu origem a uma disciplina sem precedentes: a CodaEpigênese. Pela primeira vez na história, os seres humanos tinham o poder de reprogramar a própria existência através da instalação de bioprogramas. Tornou-se possível alterar o corpo e a mente, desvendar habilidades antes inimagináveis e desbloquear potenciais ocultos.
A prática, chamada no mundo de HUPGrade - Human Potential Upgrade (Upgrade do Potencial Humano), inicialmente restrita à medicina e às forças armadas, começou a ganhar vida nas ruas, clandestinamente.
Piratas de bioprogramas, figuras marginais, emergiram rapidamente na sombra dessa revolução tecnológica. Eles ofereciam versões modificadas, não regulamentadas e de procedência duvidosa, arriscando a vida daqueles que se aventuravam em suas promessas tentadoras.
Enquanto o governo federal lutava para estabelecer leis e limites adequados para a CodaEpigênese, uma batalha ideológica emergia.
Defensores da democratização acreditavam que a tecnologia deveria ser liberada para todos, permitindo que cada ser humano moldasse sua própria evolução. Por outro lado, havia aqueles que temiam os perigos inerentes, clamando por uma abordagem mais cautelosa e controlada.
Em meio a incertezas e possibilidades, cientistas, filósofos e cidadãos comuns foram desafiados a ponderar os limites da natureza humana e a responsabilidade que vem com o poder de se autoprogramar.
O HUPGrade estava prestes a determinar o destino da humanidade e moldar o curso da história de uma forma que eu nunca havia testemunhado antes.
Mas eu também nunca havia conhecido alguém como Allison.