CAPÍTULO VINTE E UM (Parte II)

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*Esse capítulo contém violência*

Pov: Narrador

Yoko abre os olhos com dificuldade, uma forte dor de cabeça a impedia de mantê-los abertos por muito tempo. Foram necessários alguns segundos até que a jovem conseguisse focar sua visão, ela estava novamente no porão, largada em um canto qualquer. Mas para sua surpresa, não estava acorrentada. 

Porém, ao tentar levantar, sentou uma forte dor nas costas, que a impediu de completar o movimento, caindo novamente no chão. Ela então olha para todos os lados a procura de View ou Marissa, mal o cômodo estava vazio. Por que apenas ela estava aqui?

Yoko tateia, com certa dificuldade, os bolsos da sua calça jeans à procura de seu celular, mas é claro que ele tinha sido levado por seu pai. Ele não seria tão imbecil. Ela então se arrasta pelo chão, tentando ao máximo não gemer de dor, e se aproxima da janela por onde havia entrado, mas infelizmente, a mesma estava fechada com estacas de madeira. 

- Pai, por favor, não! - Um grito agudo de Marissa é ouvido do andar de cima. O coração de Yoko acelera, quase fazendo-a engasgar. Imediatamente seus olhos encheram de lágrimas.  

A casa foi preenchida por gritos de súplica da mais nova, mas o que mais assustada Yoko era o silêncio do pai e o de View. Ela também questionou-se como ninguém ao redor ouvia, as casas vizinhas não ficavam tão distantes assim. 

Mas a resposta era simples, Senhor Lertprasert empenhou bastante para preencher as paredes da casa com espumas isolantes de som. Ninguém iria ouvi-la, mesmo com os mais altos gritos. Ele havia articulado muito bem o seu plano. 

Yoko ouviu passos se aproximarem. A porta do porão foi destrancada ao mesmo tempo que o corpo todo de Faye Malisorn arrepiou-se completamente, um claro sinal de alerta. Ela seguia na estrada, sua pequena crise de falta de ar acabou atrasando a viagem e Freen precisou assumir o controle. 

Senhor Lertprasert desceu às escadas, arrastando View e Marissa para dentro do cômodo. A filha mais velha lutava com todas as suas forças para manter-se acordada, mas a falta de nutrientes e a quantidade exacerbada de golpes que levará por todo o corpo, dificultava seu objetivo. Marissa, por sua vez, parecia um pouco mais forte, mesmo estando mais magra e pálida do que o normal, podia-se notar um corte extenso em seu braço, costurado de maneira improvisada por View. 

O homem largou ambas ao lado de Yoko, que num movimento rápido, conseguiu segurar o corpo de View, gemendo de dor em seguida. Marissa agarrou o braço de Yoko e deitou com a cabeça em seu ombro, lágrimas amedrontadas cobriam seu rosto. A proximidade da menor permitiu que Yoko observasse alguns roxos e queimaduras no rosto delicado.

- Finalmente, a família completa. - Lertprasert sussurrou.  Tendo em vista que a mãe de vocês fugiu sem deixar rastros. 

A mulher já havia planejado sua fuga ao exterior por mim tempo, mas infelizmente, suas filhas estavam fora dele. Ela ligava muito mais para si do que para elas. 

- Deveríamos ter feito o mesmo. - Disse Yoko em alto e bom som. Marissa apertou o ombro da irmã em repreensão, daquele jeito ela iria apanhar novamente. - Que porra você está fazendo, de verdade? O que espera com todo o circo que armou? Ou seu objetivo era apenas aumentar sua sentença? - As palavras de Yoko fazem o homem ir, agachando-se em frente a ela. Lertprasert agarra o rosto de Yoko pelas bochechas.

- Vocês precisam aprender sobre limites. Sempre souberam como eu detesto que me desacatem, que me respondam; mas principalmente, que me desafiem, algo que você tem feito muito nos últimos meses, Apasra. - Ele aperta ainda mais o rosto da jovem, que começa a sentir um leve incômodo. - Olhe bem para o estado de suas irmã. - Ele vira o rosto de Yoko em direção à Marissa, para em seguida, virá-lo em direção a View, que aos poucos redobrava a consciência e a força, afastando-se do colo de Yoko. - Considere-se culpada por boa parte disso.

Café, Amor e BúziosWhere stories live. Discover now