Capítulo quatorze

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  Nós não demoramos para entrar num táxi. Como no avião, o de cabelos castanhos ouve músicas nos seus fones e deixa um dos lados caído sobre o banco. Eu chego para o lado discretamente e pego a parte caída, a encaixando no meu ouvido. O ritmo da música é gostoso de se ouvir, e acalma. A voz do homem repete algumas vezes a frase "nada parece melhor do que isso".

  O celular no colo dele começa a vibrar, ele atende a chamada e eu ouço uma voz grossa e familiar falar. Decido que vou ouvir a ligação e tento esconder mais ainda o fone com o meu cabelo. Infelizmente, a minha curiosidade fala alto.

— Fala.

Cara, descobrimos coisas que você vai gostar de saber. — é Thomas, um dos amigos de Harry.

— Algum ponto fraco dele?

Quê? Não, acho que ele não tem um, mas não fica com medo, você é jovem e rápido.

— Tá. — ele coça a sobrancelha, incomodado — Obrigado pela confiança. — do outro lado da ligação, o homem ri e diz que vai passar para Benjamin.

Harry, é sobre o Sean.

— Pode falar.

Os amigos dele o internaram em uma clínica de novo.

— Da primeira vez isso não adiantou, por que agora adiantaria?

E não é só isso, parece que ele tentou abusar de uma das garotas que já feriu.

— Ele não merece só ficar internado em uma clínica.

Com certeza não. Há garotas que seguem o padrão dele em todos os lugares, os amigos querem o quê? Esperar que ele faça algo pior e finalmente o denunciarão?

  Harry arfa, incomodado.

Tem uma mulher lá no escritório, que pega casos contra homens desse tipo. Compra causas de mulheres assim e as ajuda.

— Eu não vou envolver ela nisso.

E não precisa. Eu vou cuidar disso e fazer esse cara ir para a cadeia.

— E é o suficiente pra homens como ele?

Ele não terá apenas isso. Bom, nós já compramos as passagens, estaremos em Vegas um dia antes da luta.

— Certo.

A Karen também vai, então se prepare.

— Por quê?

Preciso responder? Ela é a noiva do Marcos.

  Tiro o fone assim que chegamos na porta do hotel em que ficaremos. Ouço Harry se despedir de Benjamin e nós descemos do carro.

  Sinto o meu corpo meio anestesiado, e preciso de tempo para digerir essa conversa que ouvi. Sean será preso? Ele já fez isso com outras garotas e eu sei que merece isso, mas o que Benjamin quis dizer com "ele não terá apenas isso"?

  Por fora, o hotel é lindo, tem tons claros e alguns detalhes em dourado, além de ser extremamente alto — de forma que passa um pouco de medo. Nós entramos depois que Harry paga o motorista e pega nossas malas. A recepção é luxuosa, com um balcão enorme na direita e sofás grandes espalhados do outro lado, além de um tapete fofo, e pessoas que transitam o tempo todo indo para os elevadores ou se sentando em algum sofá.

  Andamos até o balcão e enquanto Harry conversa com a recepcionista eu reparo em cada detalhe deste andar.

— Vamos. — ele me chama para ir em direção ao elevador e eu o acompanho, mas paro quando percebo que nossas malas ficaram para trás.

Valentine - Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora