30: sherlock silvia

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Alana estava plenamente convencida de que sua nota em Literatura seria o primeiro dez de sua vida

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Alana estava plenamente convencida de que sua nota em Literatura seria o primeiro dez de sua vida. Não que realmente precisasse ter colado, afinal, sabia as respostas de todas as perguntas, e provavelmente teria plenas condições de respondê-las com maestria, mesmo sem a "antecipação da prova", termo que Brenda utilizava para "cola descarada", termo que Silvia utilizava para o que tinham feito no dia anterior.

Mas de qualquer forma era bom saber que gabaritara a prova, e que não teria que se preocupar em ficar até o Natal na escola estudando para a recuperação como de costume. Pelo menos, não para esta matéria. As Boas Meninas podiam apreciar o fato de que faltava pouco mais de um mês para o fim das aulas, e que desfrutariam, no caso de Alana e Silvia, de férias sem provas finais, e no caso de Brenda, de uma média impecável e tempo de sobra para se preocupar com o Campeonato Nacional de Ginástica Olímpica com exclusividade.

    A despeito desta evidente vitória, Brenda não aparecera no Colégio Santa Luzia para Garotas na manhã seguinte à prova de Literatura, o que era algo que gerava um pequeno incômodo na boca do estômago de Alana. Brenda era o tipo de lunática que preferia capinar um matagal com uma faca de manteiga do que deixar de ir à escola, e sua falta era, no mínimo, estranha.

    Estranheza que Alana decidira ignorar diante do fato de que tudo estava perfeito em sua vidinha miserável, pela primeira vez em meses.

    Bom, tudo estaria perfeito se não fosse Thales sendo uma garotinha e se recusando a falar com Alana desde sua declaração de amor fora de hora. Apesar da evidente falta que sentia de seu melhor amigo, ela considerava um bom sinal ele não ser capaz de verbalizar sua dor por ter sido friendzonado, pois isso significa que ele não era capaz de falar com ninguém. E, não sendo capaz de falar com ninguém, isso reduzia em cem por cento as chances de que falasse com Mika sobre seus sentimentos por outra garota que não a própria.

    Seus pensamentos sobre Thales foram varridos de sua mente no segundo em que o Professor Tomás aparecera no corredor. Alana tratou de soltar os cabelos presos em um coque alto, e só pôde esperar que sua franja estivesse caindo sensualmente sobre os olhos como era sua intenção, pois Tomás estava particularmente bonito hoje. Usava uma camisa denim de botões, calças pretas e botas caramelo, e parecia o vocalista de uma das bandas que Silvia insistia para que Alana ouvisse mas ela nunca se dera ao trabalho. Kings Of sei lá onde, algo assim.

    Ele andou até ela e olhou para trás, certificando-se de que o corredor atrás de si estava vazio antes que pudesse se recostar nas paredes revestidas de azulejo português do Colégio, cruzar os braços e armar seu olhar flertante para cima de Alana.

    - O que você pretende fazer no verão? - perguntou, antes mesmo de dar-lhe bom dia.

    - Não sei. - respondeu ela, sacudindo a franja para longe dos olhos e apertando-os na direção de Tomás, na sua melhor tentativa de sensualizar – O que nós pretendemos fazer no verão?

Não Confie Nas Boas MeninasWhere stories live. Discover now