CARTAS

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Essas cartas foram um pedido especial da Amiga Ana Amélia. Foram seu presente de aniversário. Ana foi uma grande incentivadora dessa fanfic, como disse no agradecimento. Era a primeira leitora dos capítulos, minha editora. Não pude negar. Aninha, espero que tenha sido um presente especial e agradeço por ter sido desapegada e liberado a publicação das mesmas. São suas cartas especiais, mas agora todos tem acesso. UM GRANDE BEIJO AMIGA. 

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De: Meu bem

Para: Nenê

Ah! Picinho,

Vinte anos, né?

Sou capaz de recordar cada instante das nossas vidas, desde da primeira troca de olhar até o último beijo, que foi a dois minutos e meio atrás, antes de tu sair com as crianças para o Shopping. Tu brigou comigo por não querer ir, mas sei, tenho certeza, que quando o souber o motivo vai me perdoar e vamos nos resolver da forma que mais gostamos, no beijo e na cama.

E a gente ainda resolve muito na cama, eu posso estar velho, mas não to morto. Rsrsrsrsr

Esses anos ao seu lado, eu sabia que seriam maravilhosos, só não imaginei o quanto. Foram tantos momentos especiais, alguns mais felizes, alguns mais tristes, algumas brigas boas. Eu não sei nem por onde começar.

Talvez pelo aniversário de três anos dos gêmeos. Eu sei, tu queria me matar aquele dia. A gente já tinha tudo programado, ou melhor, tu já tinha tudo programado... rsrsrsrs.... Eu não consegui chegar a tempo, a Cirurgia atrasou, eu perdi o vôo, deu tudo errado. Mas tu tinha avisado, né? "Marrrcosss, não marca cirurgia pro dia do aniversário das crianças." Tu tinha razão. Eu achei que tu ia me deixar naquele dia, nunca te disse isso, mas eu achei mesmo. Tu passou uma semana sem falar comigo direito. Ah! Nenê, eu queria morrer a cada bom dia que eu te dava e tu respondia friamente. Eu sofria a cada "Agora não", "Chega pra lá" "Não quero Marrrcoss". Uma semana sem te ouvir me chamar de MEU BEM, de MEU AMOR. Mas quando tu adormecia, eu te puxava pro peito e tu se aconchegava em mim, então eu sabia que ia ficar tudo bem. Lembro muito bem das suas palavras pra mim no final daquela semana. "Eu te avisei, aprende a me ouvir, desde sempre, foi muito difícil pra mim, foi quase impossível, mas eu precisava te fazer sentir o que eu senti sem tu aqui comigo, o que teus filhos sentiram por tu não estar aqui. Se eu gritasse e esperneasse tu não ia entender.". Eu nunca esqueci isso, e nunca mais marquei cirurgia no mesmo dia de nenhum evento importante, quer dizer, não quando era fora do Rio, né?

Lembro perfeitamente de nos olharmos, lágrimas escorrendo, na primeira audição do Gabriel, tão pequeno na frente daquele piano enorme mas tão grande em seu talento já aos sete anos. Quase o matamos de vergonha com nossos gritos. Ficamos tão orgulhosos aquele dia. Alias, somos orgulhosos demais de nossos filhos. Tu é uma mãe maravilhosa, amorosa e rigorosa na medida certa, eu, eu sou um babão e eles sabem disso, conseguem tudo de mim, é só fazerem um biquinho que levam, assim como você, só fazer um biquinho que eu já quero te dar o mundo. E eu ainda quero te dar o mundo, não só pra ti, pra eles também. Advinha? To sorrindo agora, sorrindo não, to rindo mesmo, alto, sozinho em casa, que nem um maluco, to lembrando do sermão que levei da Alice quando a peguei aos beijos com aquele moleque no aniversário de 15 anos dela. Cada palavra que ela falava eu só pensava "É igual a mãe, é igual a mãe". E claro, que depois você me deu um sermão. Eu ainda não gosto de pensar com nas minhas meninas com esses gaviões por aí, nenhuma delas, isso incluí você. Bem incluidinha.

Ok. Eu já entendi a muito que é o seu trabalho, mas é muito difícil, ainda é, te ver beijando outras bocas que não a minha. A minha boca é que tem o encaixe perfeito na sua, só a minha. Mas é o seu trabalho, e sou muito orgulhoso dele, você é maravilhosa atuando, e eu ainda sou ciumento, acho que nunca deixarei de ser, mas a culpa é sua, tu é muito gostosa! Rsrsrsrs. Cara, que loucura, lembra daquela série? Eu odiei aquela série, foi um dos trabalhos mais lindos que tu já fez, tu tava perfeita, mas eu odiei cada cena. Tu pelada na TV e eu puto. Muito puto. Aquele cara cheio de mãos e bocas em você. Caralho. Eu achei que ia morrer. E pra fechar com chave de ouro, boatos que vocês estavam tendo um romance, eu não expus tudo que senti na época, eu não era capaz, eu não desconfiei de ti nem por um minuto, tu sabe disso, mas eu morria um pouco a cada reportagem. Mas a pior de todas foram aquelas fotos nos bastidores, nem as fotos, mas as legendas. "Emilly Araújo troca Doutor de 50 anos por ator de 30" "Será que o Doutor não dá mais conta?" "Traição de novo? Será que o Doutor aguenta mais uma?". Foi de foder. Usar a nossa diferença de idade foi baixo e, tu sabe, sempre soube, que esse é o meu ponto fraco. Só que tu foi maravilhosa, soube levar na flauta tudo isso e ainda me acalmar, me colocar no eixo, não deixar eu me perder em meus devaneios de ciúme e paranoias de idades. Tu estava lá, segura e eu que nem um louco atormentado, achando que tu me achava velho. Tu foi meu porto seguro, como sempre, e ainda demos muitas risadas sobre isso. Apesar de eu quase querer te matar quando tu trouxe o cara para jantar conosco. Mas eu entendi, era preciso conhece-lo e, mais uma vez, tu tinha razão.

Cosmo - Eu nunca te esqueci!Onde histórias criam vida. Descubra agora