34. imprevistos

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— Eu quero ir pra casa.

Dito e feito foi o pedido de Seokjin, uma vez que sua fala colocou Namjoon pra baixo em menos de um segundinho. Sério que o encontro acabaria assim, depois da sua confissão?

Talvez fosse orgulho da parte de Nam, visto que nunca tinha se declarado de tal forma para alguém, e sempre que dizia a seus pretendentes que gostava deles, era correspondido. Nunca recebera um não, nunca tivera sentimentos por alguém que não os sentia de volta.

Mas tem uma primeira vez para tudo, certo? Por isso, lá estavam os dois agora, no metrô, mais uma vez, e agora em completo silêncio.

Já eram seis ou sete horas da noite, e com o frio que ia crescendo conforme o céu ia se colorindo de cinza para preto, não tinha muita gente na rua. O vagão do metrô onde os dois se encontravam estava praticamente vazio. Não tinha mais nenhum músico para aliviar a tensão que pairava, quase palpável, entre os dois.

Depois que acabou de admitir o que sentia, Namjoon não recebeu mais nenhum olhar sequer do moreno. E ele odiava isso, odiava porque queria vê-lo sorrindo com os olhos, queria se ver refletindo nas orbes escuras do mais velho e queria flagrá-lo com os olhares discretos em sua direção.

Os olhos de Jin agora pareciam não mais focar em nada. Estavam em branco. Como sempre tinham sido, como eram antes de Namjoon.

Aish. Pensou o loiro, Gostar dele é um jogo traiçoeiro. Um passinho fora da linha e parece que o sistema dele é formatado! Foi eu abrir a boca e poof, sumiu o meu Seokjin feliz e fofo. Foi eu falar demais e ele parou de ser a pessoinha mais preciosa do mundo, e voltou a ser a mais complicada. Acho que nunca gostei de alguém que me deixasse tão frustrado.

E era uma grande verdade. O mais jovem entre os dois costumava gostar de pessoas intrigantes, mas que fossem primeiramente fáceis de lidar. Agora, entretanto, se via em um labirinto, cheio de caminhos sem saída, armadilhas, truques e afins.

Estava tentando chegar até o coraçãozinho de metal do mais velho, mas acabava de uma forma ou de outra dando com a cara na parede, e lá ia ele começar tudo mais uma vez.

Não estava cogitando desistir, porque já tinha colocado muito em jogo para dar pra trás agora. Já tinha colocado suas cartas na mesa, seus sentimentos já tinham sido expostos, e seu quase interminável orgulho o impedia de desistir, porque sabia que era capaz de decifrar os padrões codificados de Seok e achar um jeitinho de chegar na sua central de controle; digo, seu coração.

Talvez ser muito direto e arriscado não fosse a melhor maneira de conquistá-lo, então considerou que andar por aquele labirinto na ponta dos pés fosse facilitar seu desafio. Ser mais cuidadoso, discreto, enviar talvez sinais não tão óbvios.

Seokjin estava escondendo o que sentia como sempre fazia, e Namjoon então decidiu entrar naquele joguinho também.

Por mais inseguro que estivesse, se prendia com todas as suas forças à trêmula confiança que lhe restava, dizendo a si mesmo que no final, faria com que Jin se apaixonasse também.

Por isso, sem tentar se desculpar por ter falado demais, sem trocar nenhuma outra palavra com o mais velho, Namjoon simplesmente segurou a mão dele com as suas durante todo o caminho de volta para a casa de Seok.

starring role • namjinWhere stories live. Discover now