A Candente e o Gélido

Isáh

Naquele momento eu pensei que estava em um sonho.

Como isso é possível? Atravessar a divisa? Estou ficando louca... Acho que durante minha queda eu bati bem forte minha cabeça.

Levanto-me do chão e logo após começo a ouvir passos.

- Hum... Talvez Elijah saiba de algo — suspira.

A imagem era de um garoto, parecia de mesma idade. Claro, me escondi atrás das árvores geladas para não ser vista.

Ele começou a criar uma espécie de miniatura, não sei explicar, ela está aumentando...

Voei na maior velocidade, ele estava criando uma torre, fiquei alucinada, perdi até o pensamento sobre eu estar fora do Verão.

A torre de gelo brilhava tanto que tive que fechar meus olhos para sentir a beleza da primeira coisa de gelo que já vi. A beleza refletia o garoto, ele tinha um cabelo negro e olhos azuis bem claros, a beleza que qualquer um quisesse ter pelo menos 10%

Ele me viu, e obviamente correu atrás de mim.

- O que você está fazendo aqui?

Ah... que pergunta mais óbvia, eu também não faço idéia.

- Eu estava pensando em coletar...

- Galhos de árvore.

- Galhos? Vai fazer o que com eles?

Não podia falar que eram para acender fogo, até por que não sei se é possível, e além disso, foi só uma desculpa.

- Vou fazer um quadro com eles — falei na maior confiança.

- Beleza.

Suspirei por um segundo fechando os olhos e quando os abri ele estava na minha frente com uma espécie de arma.

Comecei a tremer, já pensava sobre os momentos vividos com minha família.

Os olhos do garoto eram de raiva ou ódio, as especulações sobre o Inverno estavam certas afinal...

- Quem entra aqui é apenas a Alteza e seus soldados, infelizmente terei que te prender e te interrogar à força.

Me interrogar à força???

O garoto pegou no meu braço e estranhou. Bem eu também, nós dois temos temperaturas diferentes.

A caminho de minha prisão passamos por um caminho vazio, não tinha ninguém, até estranhei.

Durante o percurso fiquei imaginando como seria sua Alteza do Inverno, pelo menos a do Verão não é muito amigável, mas deixaremos esta história para outra hora.

Entramos em um palácio, era lindo! Brilhante que nem a torre.

Fui encaminhada a prisão, e assim apareceram duas pessoas, uma garota e um garoto.

-Isáh! Onde estava? Eu fiquei te procurando o tempo todo, você prometeu que iriamos praticar nossa dança!

- Claro Mayne.... Jon, pode mandar cuidarem desta pessoa?

Concordou o rapaz.

Jon, Mayne, Isáh? E eu achando meu nome estranho.

- Qual seu nome? — O que aparenta ser mais velho ao lado da garota me perguntou.

- Amy Beatrice.

Mayne e Isáh saíram do local, provavelmente foram dançar?

- Ok Triz — odeio quando já logo começam me chamando pelo apelido — como entrou perto da divisa?

- Apenas entrei, por que não posso?

- Essa parte é totalmente restrita, não é segura ficar lá.

- Você acha que a divisa poderia em um momento se abrir?

Como se eu pudesse falar algo, olha onde estou agora...

- Você tem um nome bem estranho, não? Nunca vi Beatrice como nome composto, mas voltando ao assunto...

Olha, não me diga.

- Você por acaso viu alguma flor rosa, meio vermelha?

Vejo uma todos os dias.

- Flores? — Fingi que estava meio confusa.

- São flores do Verão, todo ano, num certo dia, que de fato seria hoje, elas caem aqui.

- Não vi nenhuma, mas para que serve aquela torre?

- Torre? Isáh foi para lá novamente? Disse que cuidaríamos disso... Vossa Alteza precisa ficar no castelo...

Ele pediu desculpas, estranhei sobre isto.

Espera, Vossa Alteza é Isáh, aquele garoto? Para nossa rainha, ele tem uma diferença de idade bem grande.

- Desculpa o incômodo, não gostamos de ver gente perto da divisa.

Até que tem gente boa aqui.

- Ok, sr. Jon, você acha que é possível alguém atravessar a divisa?

- Isso é algo impossível senhorita Triz.

Depois de sair do lindo castelo parei pra pensar: Onde vou agora?

Eu estou no Inverno, o que faço agora?

Senti um espontâneo medo e tremeram-se minhas pernas.

Um soldado da Alteza me encaminhou a uma estrada me fazendo flutuar.

Achei isso uma surpresa para mim! Nossos talentos no Verão são únicos. Talvez eles sejam refletidos de alguma maneira aqui no inverno?

Eram muitas perguntas a se fazer ainda.

Vi uma cidade no fim da estrada e espantei, era linda! As pessoas estavam se comprimentando gentilmente, realmente o inverno não é o que pensava.