PRIMEIRO CAPÍTULO, 1992.

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Junho de mil novecentos e noventa e dois, chovia muito e gotejava em casa. Lembro-me como se fosse hoje o momento e o som forte do vento "shhhhhhh" e aquele "spraaash!" que um raio fez em nosso telhado. Minha mãe em pânico e minhas irmãs menores assustadas, agi rápido e as levei para fora imaginando que a estrutura da casa não aguentaria aquele impacto, afinal, o que barraco aguenta?

Felizmente conseguimos um abrigo no vizinho aquele dia, mas minha sensação de impotência persistia, incomodava e eu buscava meios de me blindar a tal sentimento. Por várias vezes tentei me convencer que aquele era meu primeiro ato heroico, pois por acaso eu era Zeus, hahaha.

Mas por este mesmo motivo faria sentido aquele raio cair somente em nossa casa, após uma tempestade em um mar de casar amontoadas. Esses pensamentos me consumiam a alma e me forçavam a conhecer minha história, eu não conheci o meu pai, desde quando me entendo por gente minha mãe nunca teve alguém, pensamento este que me fez pensar [...].

...de onde vieram minhas irmãs? Esquece, o importante é que elas existem.

Quase heróis - uma crônica entre a favela e o OlimpoWhere stories live. Discover now