Capitulo três
Um tipo raro de amigas
Maitê me levou para sua sala pois, disse que queria conversar comigo a respeito de eu estar aqui. Ela me serviu chá em uma xícara de porcelana, mas, nem toquei no liquido. Minha preferencia não é por chá.
A sala dela era aconchegante. As paredes brancas sem decoração nenhuma, uma janela com uma cortina fecha e uma mesa de mogno com sofás de um lugar apenas. Eu me encontrava em um deles.
– Chloe, gostaria de dizer que as pessoas que conhecerá aqui, são um pouco diferentes. Um pouco raras.
– Raras? - Pergunto repetindo as palavras dela.
– Me diga, você esteve vendo coisas estranhas? Pessoas estranhas ou sombras? - Pergunta Maitê repousando o bule a sua frente. Ela está com uma sobrancelha levantada e isso me assusta um pouco. Demoro para responder por que, (a) eu não sei se devo confiar nela ou contar sobre ele para ela e (b) Como ela sabe disso?
– Bom, tem... tem um garoto. Ele me segue por ai, mas não fala comigo, apenas me observa. - Digo com a voz falhando.
– Chole, vai achar que esse lugar é um manicômio, mas, acreditaria se eu te dissesse que há espécies diferentes além de humanos entre nós? - Pergunta ela dando um golinho em seu chá.
Reflito o que ela disse. Pessoas diferentes. Pessoas raras, como ela havia dito antes. Que tipo de pessoas? Como podiam ser pessoas se eram diferentes. Eu estava quase certa de que aquele lugar era um manicômio. Estremeci ao pensar nisso.
– Espécies diferente? você quer dizer...
– Vampiros, lobisomens, fadas, bruxas e etc etc. - completou ela. - Sim todos vagam entre nós há mais de mil anos, mas, neste acampamento só temos seres mágicos.
Eu não acreditava em nenhuma palavra dela. Deixei de acreditar em seres sobrenaturais desde os sete anos. Eu não aceitava estar em um acampamento onde "seres mágicos" existem - se é que existem - e o fato de minha mãe e a Dra. Elsa me mandarem para cá me deixava enjoada e desconfortável.
Maitê deve ter notado minha expressão de enjoo e pegou minhas mãos que estavam repousadas em cima da mesa. As mãos dela estavam geladas e eram pequenas e finas. Ela dissera que neste acampamento só tinham adolescentes de certa forma, anormais; o que me levou a questionar a mim mesmo.
– Maitê, o que eu sou? - Perguntei. Gostaria muito que minha voz saísse firme e confiante, mas, ela saiu tremula e quase em um sussurro. A mulher respira fundo e me olha nos olhos.
– Você é uma Evoluta. Chole, uma Evoluta, é uma raça recém descoberta de bruxas. Essa espécie, é a mais poderosa que descobrimos até hoje. - Explicou Maitê com a voz mais serena que conseguiu. Notei um pingo de ansiosidade e animação em suas palavras. - Nós, não sabemos muito sobre ela, mas, sabemos que podem ver coisas que ninguém vê. Sombras, almas que ficaram por assuntos pendentes, pessoas que te seguem por que, querem lhe dizer alguma coisa. O garoto que você vê, é um tipo de guardião. Ele te protege contra qualquer mal.
– Pare. - Digo com a voz firme dessa vez. Lágrimas queimam no fundo de minha garganta e eu engulo em seco. - Eu... Por que? - Pergunto indignada. - Eu não sou uma bruxa, não faço mágica e nem conheço uma.
– Chloe, as Evolutas não fazem magia. Elas tem poderes diferentes. Controlam emoções, fazem mudanças no clima e no ambiente; sentem e vêem coisas que ninguém, nem outros sobrenaturais conseguem. Você é rara. É especial.
– Minha mãe, ela pareceu conhecer - Falo piscando duro para conter as lágrimas. - Você.
– Fomos colegas de acampamento. Chole, a sua mãe, também é uma Evoluta. - Diz ela. - Bom, vem. Vou te mostrar seu dormitório.
Sigo Maitê novamente pelo campus verde escuro e sem graça até que começo avistar algumas cabanas. Pequenas e de madeira. Quando eu pensei que não poderia piorar, piorou. Fiz uma lista em minha mente. Sou uma bruxa. Uma Evoluta; que não deixa de ser um tipo raro de bruxa. Minha mãe também é uma Evoluta e nunca me dissera nada. Estou em um acampamento para adolescentes sobrenaturais. Não sei se me sinto melhor com o fato de só haverem "seres mágicos" e não seres como vampiros e lobisomens ou me sinto... com vontade de morrer ou sumir do mapa por anos.
Entro na cabana e vejo duas garotas rindo e conversando. Uma delas tem o cabelo tão preto e a pele tão clara que chega a ser estranha. A outro é ruiva de pele bronzeada. Elas me notam e se viram para me olhar. A ruiva se atrapalha toda quando se levanta para falar comigo.
– oi! - Diz ela animada. - Você deve ser a Chloe, eu sou Lize e aquela ali, é a doida da Rose. Vem.
Lize me puxa pelo braço e me senta nas almofadas que estão no chão ao lado dela. Rose ainda não disse nada, apenas sorri e acena. Percebi que Lize é um pouco animadinha além da conta. Mas, ela é divertida.
– Nem pense em fazer o F.C.M.S.! - Fala Lize enquanto Rose a encara.
– Desculpe, o que? - Pergunto confusa. Mal chego e elas já falam em código.
– F.C.M.S - Repete Rose. - Feitiço que controla os "meus" sentimentos. Lize acha que eu não aguento ela falando o dia inteiro então a controlo para diminuir a animação.
– Você também é uma Evoluta? - Pergunto olhando sem um pingo de animação. Ambas me encaram como se eu tivesse dito algo proibido. Os olhos verdes de Rose estão brilhando.
– Não. - Responde ela. - Mas, você é não é? As pessoas dizem que são raras e muito poderosas, é verdade?
Penso nas palavras dela. Já sei que sou rara e que também sou muito poderosa. Cometi um erro em contar para elas o que sou, mesmo que um hora ou outra elas descobrissem; mas, não deveria ter contado.
– Eu não sei.
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Acampamento: Darkshadow
Teen FictionEu corria. Não sabia para onde estava indo. Ele me perseguia e queria alguma coisa que eu não podia lhe dar. A floresta estava escura e a luz da lua não penetrava os galhos das arvores enormes. Tropeço em uma raiz espessa e meu corpo se choca contra...