O Túmulo

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  Era uma noite fria e eu andava velozmente pelas ruas desertas, estava atrasada e as nuvens encobriam qualquer sinal de claridade natural, naquele ponto não havia qualquer poste ou outra forma de iluminação.

   Estava passando em frente ao cemitério quando notei algo muito estranho, um ponto fraco de luz vermelha bruxuleava por entre os túmulos, havia também um ruído, algo semelhante a uma canção entoada por vozes doces e macabras que pareciam me chamar para aquele local, por alguma razão me fez lembrar do mito das sereias que seduziam suas vítimas para a morte através de suas melodias.

   Continuei a caminhar mas o cântico ia se tornando cada vez mais nítido e a luz vinha para mais perto de mim. Foi então que tomei a pior decisão de minha vida: entrar naquele cemitério.

   Assim que passei pelos portões aquele ponto aumentou sua velocidade, como se estivesse fugindo de mim, ou querendo que eu o seguisse, fosse qual fosse a razão comecei a correr atrás dele, minhas pernas se moviam rapidamente entre os túmulos e lápides.

    Várias estátuas estavam ali, dentre elas notei uma de um homem com uma capa, ela parecia absolutamente realista, e a noite lhe lançava sombras que faziam com que parecesse se mover. Lentamente contornei-a e continuei a seguir a luz.

    Repentinamente ela tornou-se mais forte incidindo diretamente sobre uma lápide que parecia nova, o túmulo quase não era visível de onde eu estava.

     Me aproximei mais, de modo lento, e a luz se apagou. 

     Por alguns segundos pisquei no escuro sem conseguir enxergar absolutamente nada, mas então notei a foto da lápide sem acreditar no que eu via me aproximei e li o nome da pessoa que ali jazia.

     Emilly Lory 1999-2018

   A data de falecimento era de 31 de outubro. Impossível!

   Aquele era o meu nome, a minha foto, aquele era meu túmulo e datava de daqui a trinta dias. 

A ChaveWhere stories live. Discover now