O Coveiro

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Minha voz soava estranha aos meus próprios ouvidos, como se algo estivesse preso em minha garganta. Um desespero tingia todos os meus pensamentos.

Olhei para a sala vermelha, o sangue de minha mãe tingira tudo ao meu redor, havia pedaços de intestino jogados pela sala e seu braço se encontrava sobre a TV que ainda passava um filme de romance.

Eu não sabia o que fazer, só sabia que aquilo com certeza tinha a ver com o que ocorrera no cemitério, mas simplesmente não via nenhuma explicação ou saída.

Peguei meu celular e digitei o número da polícia.

-Minha mãe... Minha mãe...

Eu estava ofegante, não sabia o que fazer, o que pensar...

Então ouvi passos suaves atrás de mim. A calma com a qual a pessoa andava parecia uma afronta a meu pavor e desespero.

Me virei acreditando que algum vizinho ouvira meus gritos.

Mas não podia estar mais enganada.

Sua capa parecia tremelusir, seus olhos eram como fendas escuras, sua pele como a pedra fria.

Era o homem do cemitério.

O celular caiu de minha mão, eu comecei a tremer e minha boca se abriu.

Ele levou lentamente o dedo indicador a própria boca pedindo silêncio, mas eu nem tinha como falar algo: estava paralisada em meu horror.

Lentamente o homem deslizou até a frente da TV que começou a piscar assim como as lâmpadas.

Seus pés não pareciam tocar o chão, embora a pouco tempo eu tivesse ouvido seus passos.

-Emilly, você vai querer minha ajuda. Acredite.

-Eu nem sei quem é você! Foi você? Você matou ela não foi?

Ele sorriu de modo suave.

-Pode me chamar de "coveiro" e, acredite, você vai querer minha ajuda.

A ChaveWhere stories live. Discover now