6) A HORA DE SOLARIA

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Solaria narra....

Eu acordei como sempre, com os raios de sol batendo na minha cara.

Fui para a cozinha e encontrei meu pai fumando.

- Estou indo para o colégio - falei

- Tanto faz - ele respondeu enquanto virava um copo de Vodka pura e voltava a fumar.

Revirei os olhos, saí da casa caindo aos pedaços, mas invés de ir para o colégio cheio de delinquentes que tinha lá, eu fui para uma praça, eu estava traçando um plano para fugir daquele lugar e voltar para minha cidade de verdade, fazia mais de uma semana que eu estava ali e já tinha tudo pronto em mente

Eu me sentei num banco, respirei fundo, estive matando aula para poder respirar um pouco. O sol brilhava no céu enquanto eu repensava tudo o que havia vivido.

- Ei você - escutei, levantei o olhar e vi um cara alto, atrás dele haviam vários homens tatuados e duas garotas - Você não devia estar aqui.

- Você invadiu nossa área, garotinha - outro diz

- Esse banco é nosso ponto de negócios, sai - disse uma garota com um piercing no nariz

- Que pena - falei indiferente pegando meu caderno da minha mochila, já havia passado por aquela situação umas quatro vezes só naquela semana. Virei bruscamente a as páginas e  algo caiu, era uma foto, uma foto impressa na impressora da escola que Alissa e eu tínhamos tirado, eu havia impresso para colocar em uma moldura mas havia esquecido onde tinha colocado. Tentei pegar o papel, mas um dos caras pegou antes.

- Olha o que temos aqui - o cara falou pegando a foto.

- Me devolve! - gritei tentando pegar a folha, mas dois caras me seguraram

- Nós vamos te ensinar a ter respeito a te por no seu lugar - o cara alto falou - Tália, o isqueiro.

A garota de piercing no nariz se aproximou com um isqueiro e com minha mochila em mãos

- NÃO! - gritei

- Mas que pena - o cara disse enquanto o fogo se alastrava pela foto queimando a e virando cinzas. Em seguida ele colocou fogo sobre a mochila aberta, queimando minhas coisas.

Senti uma raiva dentro de mim, me soltei dos dois caras que me seguravam e acertei um chute na barriga daquele idiota. O impacto fez um barulho alto ecoar, uma força sobrenatural o empurrou e o homem saiu voando batendo com tudo no poste feito de cimento.

- Matem... Essa vadia! - Ele berrou, senti um empurrão nas costas e um soco no rosto, os seguidores dele começaram a me bater sem parar, tudo ardia e meu sangue começou a a escorrer. Aquilo doía e eu só sabia chorar de dor.

O cara mais alto me ergueu pelo pescoço rindo.

Fechei os olho, eu não queria nada daquilo, eu não merecia aquilo, merecia? O que diabos eu tinha feito? Por que ninguém me ajudava? Aquilo não era culpa minha!

Aquela raiva, aquele sentimento de injustiça começou a subir ainda mais. Gritei bem alto sentindo um calor forte ser emitido de mim.

Quando abri os olhos, vi fogo rodeando o lugar, mas o que realmente me de deixou horrorizada eram que aquelas pessoas que me encheram o saco estavam... Mortas ... Com queimaduras por todo corpo e no peito havia a marca de como se uma lâmina tivesse os acertado, fogo rodeava o lugar

Recuei, o que havia acontecido?

Me virei e corri para o mais longe possível, lágrimas escorreram pelo meu rosto, eu não sabia por que estava chorando. Parei para respirar e vi que estava perto da casa do meu pai.

Entrei com tudo e vi o mesmo cara do dia que eu cheguei, ali com uma arma apontada na cabeça do meu pai, só que havia mais dois caras

- Você de novo?! - o cara da arma disse

- O que está havendo!? - perguntei, dessa vez.

- Seu pai me deve R$12.370,00 - o cara disse

- Leve a garota - meu pai sussurrou

- O que!? - eu e o cara dissemos

- Levem ela, ela seria uma ótima empregada ou sei lá o que.

O cara me olhou de cima a baixo e eu recuei assombrada, meu próprio pai... Queria me dar como um objeto? Para pagar uma dívida!?

- Ela não é minha filha mesmo, eu e Rosa a encontramos abandonada com amnesia na floresta do rio Tyther quando ela tinha 4 anos - meu pai falou - Eu nunca gostei dela, por isso fui embora, mas Rosa foi burra e quis criar essa desgraça

- E então querida, o que você acha? - o cara da arma perguntou me encarando

- Ela não tem direito a opinar, eu mando nela! - meu pai berrou

Cerrei o punho.

- Manda? Quem está devendo é você, não eu. Por mim que você morra, " Cláudio", essa luta é sua, não minha, você que se vire, afinal, você mesmo disse que eu não sou sua filha - falei sem expressão - Então, não preciso te ajudar, adeus

Me virei e saí pela porta, pude ouvir o barulho de tiros

Eu suspirei, peguei o dinheiro que estava guardando, comprei minha passagem e fui andando, sozinha até o aeroporto.

Dois dias depois

Cheguei no dia do meu aniversário de 15 anos, mas para mim não fazia diferença, eu estava indecisa sobre festa ou viajem, mas agora eu só queria ir pra minha casa de verdade

Assim que cheguei, bati na porta de casa, ninguém atendeu.

- Siena?

- Dona Marta - falei surpresa ao ver uma amiga de minha mãe.

- Procurando sua mãe? Ela não está, saiu ontem bêbada e não voltou até agora - Dona Marta falou

Eu suspirei e me dirigi até a casa de Alissa

- Ela também não está - escutei dona Marta falar

- O que?

- Você não soube? A mãe de Alissa foi morta pelo pai dela que se suicidou logo em seguida, na noite seguinte, Alissa desapareceu sem deixar rastros.

Arregalei os olhos

- Ah... - digo surpresa, coitada de Alissa, eu precisava encontrá-la, me despedi de dona Marta. Ainda era dia, eu corri para o parque próximo, haviam várias árvores e uma floresta ao lado, ali era o lugar onde Alissa mais gostava de ir para ficar um tempo sozinha e escutar suas músicas em paz, disso eu lembrava.

Andei devagar, um nevoeiro começou a cobrir a floresta, mal dava para ver o sol

- ALISSA! - gritei - ALISSAAA!

Adentrei mais ainda a floresta, do nada passou por mim um vulto e vozes começaram a surgir na minha cabeça, mas não dava para entender direito o que consegui ouvir foi:

....não é seguro pra ela!.....mundo humano.....e quando atingir 15 anos ela retornará....mundo humano...

De repente eu vi algo brilhando na terra, me aproximei era algo enterrado, me ajoelhei e lentamente retirei a terra. O brilho foi aumentado cada vez mais e foi aí que eu vi, era uma caixa dourada. Abri a caixa, havia uma  carta, onde estava escrito: para Solaria

- Sol.... O que? - falei e retirei da caixa.

Arregalei os olhos, logo embaixo...

Havia um colar... com um pingente dourado com o formato do Sol

Naquele momento, eu senti uma tontura, tudo começou a girar e eu desmaiei, mas antes eu pude ver uma luz forte em minha direção.

Continua...

SOL E LUA: As Herdeiras Do Trono [Livro 1]Onde histórias criam vida. Descubra agora