Prelúdio a Destruição - O sussurro de Tuane

Uma jornada inesperada

Tuane voava pelos campos floridos, que ficavam próximos de sua casa. Esses campos eram compostos por flores gigantes, que regularmente emanava nuvens de pólen que pareciam vagalumes cintilantes dançando no ar. Era um de seus passatempos favoritos, adentrar os campos, para conhecer novos animais, novos tipos de planta. A natureza na nova terra constantemente dava vida a novas raças. Seu bioma era extremamente rico e peculiar. E tudo isso se dava por causa que o meteoro ficava ali perto. Todos os dias ela ia analisar ele, em busca de novas formas de alavancar o progresso do mundo. Ela se sentia bem ao chegar perto dele. E sem falar, que Tuane foi a responsável, junto de sua mãe, pela recriação dos cristais azuis. Ela passava o dia todo em seus estudos e no anoitecer, voltava para a sua casa, geralmente, para esperar sua mãe.

Tuane era uma menina dócil e gentil. Era a única filha de Liane, a representante das fadas. Ela e sua mãe vivem juntas. Seu pai, a muito tempo faleceu, devido a uma grave doença. O sonho da jovem fada era se tornar a próxima representante das fadas. Via em sua mãe um modelo a ser seguido.

No dia do acontecimento no conselho, Tuane não assistia a tv, para ela, aquele tipo de acontecimento lhe entristecia muito, era melhor não saber o que iria acontecer. Ela estava prestes a realizar uma grande descoberta, da qual encobria esse segredo de sua mãe, a alguns anos, queria lhe fazer uma surpresa. Ela achará uma forma de fazer com que a energia dos cristais tornasse novamente o seu povo, descendentes diretos dos Deuses das Cinzas, imortais. Porém, algo estranho acontecia ao meteoro. Chegando no local onde o objeto fica, logo ela percebeu uma enorme rachadura no centro do meteoro. Dessa rachadura uma luz negra com veios vermelhos emanava vez ou outra. Como se alguma energia tivesse novamente despertado nele. Nesse momento, ela pousa no chão, próximo ao meteoro, que era muito maior que a jovem fada. Um sentimento ruim trespassa sua alma, um medo tão forte, que fez ela vomitar. Por algum motivo, logo ela pensa em sua mãe, e volta desesperadamente, em um voo atrapalhado para casa.

Chegando lá, encontra a casa do mesmo jeito que deixou. Ainda era de tarde, geralmente sua mãe chegava em casa ao anoitecer. Porém, o sentimento ruim ainda existia em seu peito, era como se ela estivesse sendo sufocada por esse medo. Ela tenta ligar para sua mãe, porém, sem sucesso, o sinal da como desligado. O desespero aumenta um pouco. Ela sabia que o julgamento ainda estava acontecendo, sabia do caso do jovem dragão que matou uma fada, sabia que o mundo após aquele evento mudou um pouco sua forma de pensar, e sabia que talvez o veredicto do conselho, seria de matar o dragão, ela não gostava dessa ideia, ela acreditava no perdão e na bondade latente das pessoas. E então, para ter certeza que nada tinha acontecido a sua mãe liga a tv.

O primeiro canal ao abrir a tv emitia apenas chiados, falhas estáticas. Ela passou para o próximo, mesma coisa. A cada apertar de botão, seu coração doía, o desespero começava a se tornar físico. Nenhum canal que televisionou o acontecimento, estava pegando. Como em um complô generalizado. Ela esquece a tv ligada e corre para o computador, entra na internet para poder ver se algum canal online estava com sinal para mostrar o acontecimento. Nada. Quando de repente, a tv volta a transmitir a programação. Ela se vira, e lentamente anda até a tv. Inconscientemente, lágrimas começam a escorrer de seus olhos. Na tv uma repórter estava a frente de uma cratera gigantesca, onde diversos seres trabalhavam em busca de algo. A notícia estampada era: Conselho Igualitário e seres presentes no julgamento do jovem dragão morrem após um ataque feroz da criatura julgada.

Tuane cai de joelho ao chão. Suas mãos cobrem seu rosto, e ela grita ao chorar, com uma força tão grande, que chega a rasgar sua garganta. Por algumas horas ela fica presa, naquela posição, naquele engodo pessoal.

Após algum tempo, ela se acalma, e volta a ver o que se passa na tv. Noticias sobre ataques generalizados no mundo todo, permeiam todas as mídias existentes. Uma histeria coletiva tomou de conta do mundo. Aqueles seres puros e bondosos não eram preparados pra tais tipos de acontecimentos. Sentimentos outrora esquecidos, voltaram a tona. As raças começaram a se segregar a partir disso, vendo uma potencial ameaça em seus vizinhos.