Capítulo 77

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Felipe

Eu ouvia gritos, gritos desesperados e eu sabia de quem era mas eu não conseguia acha-la. Estava tudo escuro e quanto mais eu a procurava mais os gritos ficavam distantes.

- Socorro... - Foi um sussurro. Ela estava perto, eu só precisava me esforçar mais um pouco e eu a acharia - Me ajuda Felipe... Eu sinto dor.

Calma amor, eu vou te achar...

Eu não sabia aonde eu estava, por mais que eu tentasse enchergar algo eu só via tudo escuro. Eu estava andando em círculos e os gritos só ficavam cada vez mais altos.

- PARA, ESTÁ DOENDO... - Esse foi o grito mais alto até agora e cada palavra que eu escutava era como uma facada no peito - Eu te imploro Felipe... Me tira daqui... Eu estou morrendo...

****

- Felipe... - Me sacudia - Acorda meu filho, está tudo bem. - Era a voz do meu pai mas eu não podia abrir meus olhos, Hannah estava sofrendo, eu precisava a encontrar e tira-la dali.

- Felipe... Você está chorando, acorda! - Ele me puxa e sem querer acabo abrindo meus olhos.

Droga! Não... Eu precisava acha-la, eu não podia deixar ela lá.

- Felipe foi só um pesadelo, está tudo bem meu filho.

Não. Eu sabia que não estava...

- Pai cadê a Hannah? - Eu estava ofegante e soando.

- Não está aqui.

- Aonde ela está porra?

- Olha o jeito que você fala comigo garoto! - Ele suspira - Ela foi para casa descansar.

Não, não foi. Ela não estava bem.

- Ela está bem Felipe, eu mesmo vi, e daqui a pouco ela já aparece aqui.

Não estava bem, eu estava sentindo.

Aonde você se meteu Hannah?...

Hannah

Eu estava com frio. Eu estava me tremendo de frio e com medo, muito medo. Eu tinha medo de abrir meus olhos e acontecer alguma coisa comigo.

- O que você vai fazer com ela? - Era a voz do João.

Uma risada soa pelo local, eu sabia de quem era mas preferi acreditar que não era ela.

- Vou fazer ela sofrer. Ela vai pagar por tudo o que fez comigo e se brincar ela não sai viva daqui.

Sofia.

- Tão mal. - João ri.

- Você não viu nada ainda meu bem. Trouxe a arma?

- Aqui lindinha.

Ouço um suspiro.

- Obrigada. Agora acorda ela.

- Não precisa ela já está acordada.

- Não está.

- O que você tem de beleza você tem de burrice né Sofia? Ela está fingindo.

Não por favor...

Ouço passos de salto se aproximando de mim, mas eu continuava do mesmo jeito, não me mechia.

- Olha, na minha cabeça está se passando várias maneiras de te torturar desse jeito que você está. - Ela ri alto - Assim... Deitada.

Só me deixa aqui por favor.

Sinto uma pontada forte na minha barriga e vejo que ela me chutou.

- Olha quem abriu os olhos...

Ela vê que eu não falo nada e novamente da outro chute na minha barriga, desta vez mais forte me fazendo soltar um gemido alto de dor.

- Você não sabe como é satisfatório te ver desse jeito! - Ela gargalha e imploro com o olhar para João me tirar dali mas ele continuava do mesmo jeito. Em pé e observando tudo.

Eu achei que fossemos amigos...

- Sua vadia! - Ela se abaixa e puxa meus cabelos me fazendo sentar.

- Você é uma desgraçada! - Ela tira da sua cintura um canivete e desliza pelo meu rosto o mesmo.

Fecho meus olhos já podendo imaginar a dor se ela o enfiar ali.

Ela ri.

- Tão frágil... - Desliza o canivete pela minha pele com força e já sinto o sangue escorrer pela minha bochecha.

Estava doendo demais senhor.

O que eu fiz para merecer isso?

- Eu poderia te matar agora mas seria muito bom para você só morrer. Você merece sofrer e depois morrer... - Ela pega o canivete e o enfia no meu braço.

Grito de dor. Era impossível ser torturada daquele jeito e se segurar.

- Chega Sofia! - João a puxa - Deixa que eu resolvo isso. - Ele solta um sorriso malicioso - Sabe?... - Ele ri - O Felipe iria odiar se eu encostasse um dedo na sua amada.

Não... Ele não poderia fazer isso comigo.

- Ela é boa. - Ele diz e eu sinto nojo dele,  ele não seria louco.

Ele toma o canivete da Sofia e rasga minha regata com o mesmo me deixando apenas com o sutiã.

- Para.. - Falo baixo e Sofia apenas gargalha.

Eu estava encolhida em um canto da parede desesperada e chorando, eu só queria ir embora daqui.

Fecho meus olhos e respiro fundo já imaginando o que viria a seguir.

Eu sabia que não sairia daqui viva. Eu tinha medo mas não me importava, eu iria morrer feliz.

Felipe já sabia meus sentimentos por ele e eu sabia os sentimentos dele por mim. Era recíproco.

Se eu morresse, não iria me importar porque eu sabia que eu amei e fui amada.

E para mim isso já estava bom. Eu morreria amada pelo homem que eu amei.

No Mesmo Quarto [Concluído]Onde as histórias ganham vida. Descobre agora