Capítulo 18- A casa de Leo

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 Mais tarde Takashi apareceu na lanchonete, estava animado pelos acontecimentos do dia e ansioso para conhecer a casa do amigo, na verdade agora talvez fosse mais que isso...

-Ei, Takashi- cumprimentou Arthur e o outro sorriu – O Leo me contou o que aconteceu- nesse momento o japonês corou- E estou feliz por vocês! Qualquer dia podíamos sair, vocês dois e eu e a Sofia- propôs- O Leo já concordou- acrescentou.

-Ah, claro, é só vocês verem que dia podem ir que eu vou- respondeu Takashi.

-Combinado! Então nos vemos por aí- disse Arthur se despedindo. Em seguida colocou o capuz e a mochila nas costas, indo para um ponto de ônibus.

-Estou muito ansioso para conhecer sua casa- comentou Takashi depois que Arthur foi embora.

Leo foi até ele e entrelaçou seus dedos no dele, sorriu e o amigo sorriu de volta.

-Não vá esperando muito – respondeu Leo enquanto andavam.

-Só de ser sua casa já está bom- disse Takashi rindo.

Leo riu de volta.

-Que bom que está animado. Estava com medo de ficar animado demais e você não estar do mesmo jeito- falou Leo.

-Eu estava mais preocupado com o que minha mãe iria achar, tinha certeza de que você retribuiria meus sentimentos, afinal conversamos sobre isso- respondeu Takashi.

-Então você conversou com a sua mãe?- perguntou Leo preocupado- Olha, se ela não tiver reagido bem ou não tiver aceitado eu vou estar aqui se precisar conversar. Se quiser que eu dê um tempo para se entender com ela tudo bem também. Sua mãe parecia uma boa pessoa, mas nunca se sabe como uma pessoa vai reagir à isso, penso que talvez depois de conversar com ela por um tempo fique tudo bem, e se ela não aceitar...- ia dizendo preocupado quando foi interrompido.

-Calma! Ela já aceitou, está tudo bem!- exclamou Takashi para que o outro se acalmasse.

-Sério?- perguntou Leo surpreso.

-Sim. Mas obrigado por ter se preocupado, estava bem fofo- respondeu Takashi sorrindo e o outro garoto corou.

Os dois ficaram em silêncio andando de mãos dadas até chegar à casa de Leo.

-Chegamos- ele avisou quando chegaram em frente à um prédio.

-Você mora em um prédio? E ainda me disse para não esperar muito...- comentou Takashi.

-Não vá se enganando- disse Leo e riu- Só tem dois cômodos e é no último andar. Ah, e só pra avisar, o elevador não funciona- completou ainda rindo um pouco, já estava acostumado a subir todas aquelas escadas, mas provavelmente era diferente para o amigo. Só conseguia morar ali porque ninguém queria ter que subir todas as escadas para ainda morar em um lugar pequeno, então o preço tinha sido bem baixo.

Takashi apenas sorriu, afinal queria muito conhecer a casa do amigo e não seriam aquelas escadas que o impediriam.

Os dois subiram, no final o japonês estava sem fôlego e Leo sorriu, já esperava por isso, quando começou a morar ali passava por isso todo dia, até que com o tempo parou de se sentir tão cansado ao subir as escadas.

-Entre, vou pegar um copo de água pra você- convidou Leo ao abrir a porta e Takashi entrou.

Ao entrar deu de cara com a cozinha: não tinha muita coisa, apenas um fogão e uma geladeira, ambos parecendo um pouco velhos, embora estivessem limpos, uma mesinha pequena e duas cadeiras. Também tinha um armarinho de madeira, que ficava perto da pia. Dava para ver que tinham outras duas entradas, cobertas por uma cortina cada. Uma provavelmente era o banheiro e a outra o quarto de Leo. Takashi estava perdido em seus pensamentos observando a casa quando Leo apareceu com o copo de água:

-Tó- disse estendendo a mão com o copo ao amigo- Está impressionado?- perguntou ao ver que ele estava observando a casa.

-Hã?- perguntou Takashi confuso- Ah, desculpe eu me distraí- disse e então bebeu o copo de água rapidamente, afinal estava morrendo de sede após subir as escadas.

-Está com fome?- perguntou Leo sorrindo enquanto pegava uma panela.

-Um pouco, quer ajuda?- perguntou Takashi.

-Como fiquei sabendo hoje que você vinha não comprei nada, então só vou fazer um miojo, não tem muito com o que ajudar, mas você pode pegar os pratos ali- disse apontando para a pia. Colocou água na panela, colocou no fogo e abriu o miojo, despejando dentro.

-Você vive de miojo?- perguntou Takashi rindo enquanto levava os pratos até a mesinha.

-Na verdade eu também faço arroz e frito um ovo ou compro alguma outra mistura de vez em quando, mas sempre deixo bastante miojo pra quando eu ficar com preguiça de fazer comida. Era pra eu comprar mais arroz hoje, mas esqueci, então teremos que comer miojo- respondeu Leo sorrindo.

-Parece que morar sozinho também tem suas desvantagens- comentou Takashi pensando nos pratos que a mãe faz.

-Com certeza- respondeu Leo rindo.

Depois de algum tempo o miojo ficou pronto e os dois comeram. Depois de lavarem e secarem a louça Leo convidou Takashi para conhecer seu quarto.

Lá também não tinha muita coisa: apenas uma cama de solteiro, alguns cabides que ficavam pendurados no canto do quarto com as roupas e os sapatos embaixo. Também tinham alguns livros empilhados perto da cama.

-Bom, acho que não tem muita coisa para ver- comentou Leo- Quer sentar?- perguntou e o outro assentiu, ambos sentando na cama.

-Você mora sozinho há quanto tempo?- perguntou Takashi, que estava curioso sobre várias coisas e queria saber mais sobre a pessoa que gostava.

-Faz pouco tempo pra falar a verdade, foi ano passado- respondeu Leo.

-Sério?- perguntou e o outro assentiu com a cabeça- E por que decidiu morar sozinho? Era algo que você planejava, um sonho ou algo assim?- perguntou novamente.

-Na verdade eu não escolhi. Meio que fui obrigado a fazer isso...- respondeu Leo.

-Por que?- perguntou Takashi deixando a curiosidade vencer por um momento- Desculpe! Você não é obrigado a falar se não quiser, eu que sou muito curioso- se desculpou.

Leo sorriu e colocou a mão sobre a de Takashi.

-Está tudo bem, estou até feliz que está demonstrando interesse por mim... E acho que eu precisava conversar, contar isso para alguém... O Arthur sabe porque estava comigo, mas eu sempre prefiro não falar muito sobre isso...- disse antes de começar a contar- Bem, eu vou voltar do início de tudo então... A alguns anos atrás eu morava com a minha mãe e meu pai, minha vida era bastante normal e feliz...

Alguém em quem confiarOnde histórias criam vida. Descubra agora