PRÓLOGO

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PS.: CAPÍTULOS PARA DEGUSTAÇÃO

*


Alcateia Scopelli, Roma, Itália.

Pietra entrou rapidamente em seu quarto e fechou a porta num baque, se escorando nela. Estava respirando com dificuldade, tão nervosa que pensava que desmaiaria.

Ela desembrulhou um papel amassado que estava na sua mão e, pela milésima vez, leu a nota.

"Se não me der o que eu quero até a meia-noite contarei seu segredo sujo ao seu pai e a todos da alcateia, então eu quero ver a loba do papai ser tratada como uma traidora."

Assustada, com os olhos arregalados, amassou a nota novamente. Havia recebido muitas delas nos últimos dias e estava se vendo sem saída.

Se não pagasse a quantia que o chantageador pedia, ele contaria a verdade ao seu pai e ela estaria desgraçada para sempre.

— O que foi que eu fiz? O que faço agora? — sussurrou exasperada e secou uma lágrima que escorreu e fechou os olhos para pensar.

Tinha se livrado de um problema e entrado em outro. Um pior.

Dessa vez, ninguém a salvaria.

Talvez a morte fosse o fim de tantas mentiras e sofrimentos, o que seria um presente.

Estava lamentando por sua família, que a veriam de forma tão ruim, pelos erros cometidos, pela sua fraqueza, mas havia algo que realmente estava fazendo seu coração sangrar: nunca mais veria Harley.

Suas lágrimas rolaram soltas, porque a dor em seu coração era imensa.

***

Ilha de Alamus, Creta, Grécia.

Naquele dia, a festa que Petrus havia preparado para Sami, para pedi-la em casamento, havia rolado durante todo o dia e alguns lobos ainda estavam pelo terraço e na praia jogando conversa fora, bebendo suas cervejas e beliscando carne assada.

Harley realmente estava feliz por Petrus e por todos eles. Estavam felizes comemorando regressos e recomeços.

Dois companheiros de alma estavam unidos, mas dois haviam se separado.

Harley tinha estado insano por um período, os acontecimentos dos últimos tempos estavam mexendo com sua cabeça e seu coração. Mas ele sabia que precisava se abrandar. Se é que isso fosse possível.

Depois da festa, Harley foi para seu quarto e andava de um lado a outro. Queria relaxar, acalmar seu lobo, mas algo dentro dele havia descarrilhado e não conseguia colocar no lugar.

Ele não conseguia parar de pensar em Pietra e no fato de que ela não havia mais atendido suas ligações desde o dia fatídico da sua cerimônia do acasalamento com Petrus e tudo tinha sido uma grande bagunça e ela tinha saído de sua vida de forma definitiva.

O decreto do rei de Kimera de que ninguém da alcateia dos italianos pisasse em Alamus novamente e as palavras de Pietra em que dizia que as duas alcateias não poderiam conviver, martelavam na sua cabeça como marretadas.

Ela estava certa, os gregos e os italianos jamais se entenderiam e não poderiam conviver. A animosidade criada era irrevogável, o que o irritava além do infinito.

Ele ainda estava com a raiva reverberando sob sua pele, mas tinha que se acalmar.

Aquela sensação de agonia que afligia seu corpo seria um frenesi? Ele não era acasalado, mas por que infernos aquela sensação estava o acometendo?

Mal conseguia conter que seus olhos ficassem cintilando de forma permanente e suas presas sempre estavam doloridas, fora o fato que vivia excitado cada vez que a imagem dela surgia na sua cabeça, o que era o tempo todo.

Ele bebeu um gole da cerveja gelada e a colocou com uma batida sobre o criado-mudo que quase quebrou a garrafa Long Neck. Ele tinha bebido várias delas durante o dia e deveria estar bêbado, pois sua cabeça girava.

Ele olhou para a janela e ao longe viu a lua cheia brilhante no céu e seu coração se entristeceu ainda mais.

Talvez nunca mais a visse. Talvez essa fosse a vontade dos deuses. Ele não conseguia entender; se não podiam ficar juntos, por que ela tinha entrado na sua vida? Porque tirá-la de seu coração era uma missão impossível.

Ele tinha encontrado sua loba e a tinha perdido.

E ele somente queria que ela regressasse, queria a chance de poder amá-la e cuidá-la.

Ele queria ser amado. Queria que ela cuidasse dele.

Mas ele não podia tê-la e como poderia esquecê-la?

Isso doía, doía demais.

E ali ficou por horas, tentando trabalhar para espairecer, mas ao mesmo tempo em que digitava os comandos do jogo que estava trabalhando, seu olhar de dois em dois minutos corria para o ícone de vídeo no canto da tela até que ele clicou e a tela abriu, ele discou para ela e esperou.

— Vamos, minha Afrodite, atenda, por favor. Só dessa vez, por favor.

Mas ela não atendeu e ele desistiu de buscá-la.

Havia a perdido de vez e ele pensou que não podia haver escuridão maior que esta que assolou sua alma.

Seu coração murchou e seu lobo foi tomado pela ira e tristeza.

***

Ilha dos Lobos, Grécia.

Flanqueado de Julian e Erick, Noah entrou em uma sala vazia localizada no Clube de Recreação e as luzes foram acesas. Eles estavam sérios, carregados de uma aura feroz, com a raiva estampada em seus olhos e seus músculos rígidos, tornando-os maiores e mais assustadores.

Eles se aproximaram de uma das paredes e Noah deu um sorriso lento e sádico, mostrando suas presas alongadas.

Ele era aterrorizante quando fazia isso de forma premeditada.

— Pronto para conhecer seu inferno, Joan? — Noah perguntou perigosamente.

Joan estava preso à parede com largos grilhões de ferro nos punhos, tornozelos e com uma coleira de choque presa em seu pescoço e outro grilhão de ferro embaixo.

Noah havia o nocauteado na briga que tiveram em Las Vegas e com a ajuda de outros lobos o haviam imobilizado e o levado para a ilha.

— O que vai fazer? Torturar-me? — Joan rosnou entredentes.

— É uma ideia tentadora, não acha, alfa? — Erick perguntou também exalando fúria.

— Por que não me mata de uma vez e acaba logo com isso?

— Oh, mas eu não me privaria e também aos meus lobos de te ver sofrer, bastardo! — Noah disse, encarando-o mais de perto. — Sabe o que é isso, Joan?

Julian ergueu uma seringa cheia com um líquido amarelo e Joan arregalou os olhos.

— Sim, bastardo! Essa é a droga paralisante que vocês injetaram em tantos lobos, acometendo-os de uma paralisia corporal, paralisando seus membros e sentidos, mas que não tem efeito anestésico. Ela deixa todos os seus membros paralisados, mas a dor permanece, a consciência está clara e vívida.

— Sim, podíamos sentir a dor e não podíamos reagir, lutar e nem nos defender! — Julian rosnou com os olhos escuros de raiva.

Joan olhou Noah com os olhos arregalados.

— Sim, o Dr. Klaus me explicou o que era esta merda — Noah disse com cara de êxtase fingido. — Uma droga chamada Tetrodoxina, retirada do fígado de um peixe do Pacífico. Eu te darei este presente. Não é maravilhoso, Joan, receber um pouquinho do que você nos presenteou?

Julian cravou a agulha no pescoço de Joan e empurrou o êmbolo, injetando todo o líquido e Joan rosnou alto pela dor, com os olhos cintilando e mostrando suas presas alongadas, querendo se impor, mas seu rosnado foi cortado por um soco de Noah, que quase lhe quebrou a mandíbula.

O REGRESSO - Os Lobos de Ester - Livro 5Where stories live. Discover now