* Degustação
*
Um lobo sabe quando encontra sua companheira de alma,
sente seu mundo mudar e uma nova vida espreitar sua aura.
É como tropeçar em uma pedra preciosa.
Teófilo Otoni, Minas Gerais, Brasil, época atual.
Kally gemeu pela força que fez, tentando empurrar o carro com a porta aberta, enquanto uma mão estava segurando na porta e a outra no volante, para que o veículo andasse em linha reta, o que não ocorreria, porque estava tremendamente atolado na lama.
— Oh, mas que diacho! — gritou, arfando de cansaço, passando as mãos nos olhos para secar pela chuva forte que caía.
Seus pés estavam afundados na lama e a tinha por todo lugar.
Gemendo de indignação, olhou ao redor e não tinha nenhuma opção. Ela pegou sua bolsa, abriu o porta-malas e retirou uma grande mala.
— Vamos lá, pessoa sortuda, temos que correr, porque não pode dar tempo de molhar as roupas.
Com dificuldade de andar na lama, com a chuva que a impedia de enxergar direito e com um peso enorme de sua mala, Kally seguiu pela estrada, já avistando ao longe a casa entre as árvores.
Xingou mais uma vez quando chegou na porteira e teve que largar a mala sobre uma grama enlameada para poder abri-la e depois fechá-la.
Ela seguiu o caminho xingando todos os palavrões que conhecia.
Quando finalmente chegou à varanda, lutou para encontrar as chaves e abrir a porta.
A casa era de alvenaria com uma varanda dianteira com escadas de madeira. Era grande, antiga, mas conservada. Respirou fundo, arfando de cansaço ao entrar na casa e fechar a porta com o pé.
Olhando ao redor, gemeu colocando a grande mala no chão. Tirou a mecha de cabelo que desprendeu de seu rabo de cavalo, que estava todo desmantelado.
— Misericórdia, que peso! Ui, tá frio.
Seu celular tocou e ela abriu a bolsa e o retirou. Por sorte, ainda não havia molhado.
— Oi!
— Já chegou? — Daniele perguntou do outro lado da linha.
— Cheguei. Finalmente! Minha bunda está quadrada, pois sete horas de viagem é coisa pra burro, me deixou quebrada.
— Sabia que existe avião, gênio?
— Sabia, mas quis vir de carro para conseguir me locomover melhor, não imaginei que ficaria atolada.
— O que quer dizer?
— Acho que a senhorita se esqueceu de mencionar que a estrada entre a rodovia e a casa do sítio da sua avó não tinha asfalto, e, que assim, meu carro ficou atolado na lama e estou com barro até dentro dos olhos. Eu devia ter alugado uma caminhonete 4x4 para estradas esburacadas. Quando me falaram que já tinha asfalto por aqui, pensei que vinha até a casa e não somente na rodovia.
— Esqueci. Desculpa, mas eu não sabia que tinha chovido aí, mas claro que estaria, estamos em agosto, é época das chuvas. E faz tanto tempo que não vou até o sítio que nem me lembrava de que a estrada é cheia de buracos e lamacenta.
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O VALE DAS PEDRAS - Os Lobos de Ester - Livro 7
Varulv* Degustação A advertência era clara: "Fique longe do magnata mafioso das pedras". Kally até pensou que seria fácil, pois somente estava na cidade para fazer compras na Feira Internacional de Pedras Preciosas e terminar sua pesquisa para seus minili...