* DEGUSTAÇÃO
No dia seguinte, a chuva havia dado uma trégua e, após tomar um café, Kally abriu a porta e espiou para fora.
Franziu o cenho vendo as marcas de patas de cachorro sujas de barro na madeira da varanda.
— Oh, meu Deus, tinha um cachorro aqui realmente, e olha isso, o tamanho dessas patas! E se não fosse um cachorro?
Kally olhou ao redor procurando algum sinal de perigo, com o medo revigorado, mas não havia nada, tudo parecia silencioso e tranquilo.
— Olá.
Fez o sinal da cruz, foi até o carro buscar as últimas malas e sacolas, depois, com uma cesta, fez várias viagens do porão até a varanda, fazendo uma pilha de paus de lenha para acender o fogão a lenha e a lareira da sala.
— É isso aí, garota, agora vamos comer, porque meu estômago está roncando. Agora tudo está bem, ficarei quentinha e alimentada, o que mais uma garota precisa? Ah sim, internet.
Ela riu de suas próprias divagações. Parou na escada da varanda, olhou ao redor, porque teve a nítida sensação de que estava sendo vigiada, de novo.
Piscou aturdida quando ao longe, entre as árvores, avistou um enorme lobo a olhando.
Ele tinha o pelo mesclado de marrom, branco e pérola e olhos intensamente claros e azuis.
O choque foi imenso e ela derrubou a cesta e ficou ali, paralisada, sentindo medo e fascinação ao mesmo tempo.
— Senhor Jesus... eu não estou vendo o que estou. Isso não é um cachorro.
Pensou que suas pernas não se moveriam quando tentou subir os degraus.
Então, o lobo deu um passo à frente e ela arfou, saltou para a varanda e, quando abriu a porta, se virou e arregalou os olhos, pois o lobo, sem fazer nenhum barulho, ou pelo menos que ela não ouviu, estava na beira da escada a olhando.
E de perto era ainda mais magnífico e aterrorizante ao mesmo tempo. Não sabia dizer se estava mais encantada ou apavorada.
Ele era enorme e a olhava com aqueles lindos olhos azuis, mas que pareciam gelados por um segundo e quentes no outro.
— Oi, lobinho. Eu estou entrando... e você fica aí. Eu sou uma pessoa muito querida e adoro animais, acho lobos lindos, então não pode me comer, entendeu?
O lobo continuou ali a olhando e virou a cabeça para o lado e ela piscou aturdida, pois pareceu que ele a entendeu.
— Estou indo... tchau.
Kally agarrou uma sacola de verduras que ainda tinha ficado no chão da varanda, entrou e fechou a porta num baque.
Assustada, soltou as compras sobre a mesa da cozinha e xingou ao se dar conta de que uma das malas tinha ficado lá fora.
Abriu uma pequena fresta da porta, espiou e ele continuava no mesmo lugar, imóvel, mas não tirou os olhos dela. Ela abriu a porta devagar, saindo pé por pé, sem fazer movimentos bruscos, agarrou a mala e sem tirar os olhos dele, a arrastou para dentro e fechou a porta.
Kally foi até a janela, espiou e o lobo continuou ali, por vários minutos e então, como se soubesse que ela estava olhando para ele, olhou para a janela. Kally fechou a cortina rapidamente.
O lobo uivou alto e ela arfou e espiou entre uma pequena fresta da cortina, então ele se virou e foi embora.
Ela se afastou e ficou um enorme tempo parada no meio da sala, ouvindo com atenção, com o coração disparado, não sabia dizer que tipos de sentimentos a tinham atingido.
YOU ARE READING
O VALE DAS PEDRAS - Os Lobos de Ester - Livro 7
Werewolf* Degustação A advertência era clara: "Fique longe do magnata mafioso das pedras". Kally até pensou que seria fácil, pois somente estava na cidade para fazer compras na Feira Internacional de Pedras Preciosas e terminar sua pesquisa para seus minili...