Olhos diferentes

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Eu sabia que estava atrasado. Tentava não pensar nisso. Não queria ter mais um item com o que me preocupar naquele dia de merda. Aquele definitivamente era um daqueles dias que não devíamos sair da cama. O primeiro: Amanheceu chovendo, clima super agradável pra ficar dormindo até tarde. Se não fosse uma segunda e não tivesse aula nem estágio. Segundo: se você simplesmente não tivesse tido um discursão com o seu recém ex-namorado. Na faculdade, na hora do intervalo, ele veio me questionar o motivo de eu ter deixado todos os presentes que me deu em uma caixa na portaria do prédio dele.

— Você ainda quer saber o motivo? — Perguntei puto por ele interromper a minha música e pelo o infortúnio mesmo. — A gente terminou, lembra? Você terminou.

— Sim, isso é um fato, mas não é motivo para você devolver as coisas. Foram presentes.

— E eu não quero mais, Diego. Simples. Não quero mais nada que venha de você em casa.

— Não adianta você querer me evitar. Não sei se percebeu estamos na mesma faculdade, temos as mesmas aulas e o mesmo círculo de amigos.

— Vou dar o meu melhor. Não se preocupe.

— Tá aí um dos motivos de a gente terminar, Chris. Você não tá pronto pra evoluir em um relacionamento. É imaturo.

Revirei os olhos.

— Assunto resolvido né, Diego? Fica bem, meu anjo.

Apesar de eu dar aquela desdenhada básica aquela conversa ficou martelando na o resto da manhã. Quem ele achava que era? A Dra. Anahí?

Acabei me atrasando para o estágio porque estava contando para a minha melhor amiga, Alice, o que tinha acontecido.

— Meu Deus, você falou isso mesmo, Chris? — Perguntou ela pela a tela do celular, na vídeo-chamada.

— Falei e não me arrependo.

— Sem chance de vocês voltarem a ser amigos, né?

— Não! Alice você tá com pena dele? Ele que foi escroto comigo.

— Não te faz vítima, mano. Convenhamos você tem um gênio muito forte. Mas mesmo assim, eu shippava vocês. Eram super fofos quando estavam de boa.

— Já entendi, mana. Alice era shipper de... Chriego? Dieopher?

Ela fez uma careta.

— Esses nomes de casal estão horríveis. Que bom que não precisa mais pensar nisso, já que acabou.

— Isso conforta o meu coração.

— Sei. Olha, Chris, eu preciso ir, a minha chefe, a Rosana, vulgo, Dolores Umbrigde acabou de chegar. Beijos.

— Bye, vou ter que ir também. Pois a minha chefe poc deve tá uma arara pelo o meu atraso de 15 minutos.

O chão ainda estava molhado por conta da chuva de mais cedo. E lá estava eu, com meu headphone, esperando o sinal fechar para eu atravessar a rua na faixa, tentando não pensar nas derrotas daquela manhã quando me deparei com aquele par de olhos, um castanho e um azul. Bem não eram olhos de verdade, eram formados por pixels já que eram reproduzidos por um outdoor digital, mesmo assim me chamou atenção por dois motivos. A primeira e mais importante: me lembravam o Mr. Potter, o meu gatinho vira-lata que também tinha heterocromia nos olhos, que é nada mais, nada menos que uma mutação genética que dar cores diferentes aos olhos do indivíduo. Nesse caso, o meu bichinho. A segunda que era que eu conhecia o cara que estava no outdoor. Era o Théo Barcel, hoje, modelo de sua própria marca de roupas e dono de um império do mundo da moda, conhecido internacionalmente com apenas 22 anos. No passado, era meu amiguinho de infância.

EquinoxWhere stories live. Discover now