Cinquenta y siete

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O dia começou cedo e eu tive que ir para escola.

Até mesmo porque eu não poderia fugir de tudo para sempre.Melhor arrancar o bandeide de uma só vez.

O dia seguiu tudo bem aparentemente...Até a saída.

Chegando no estacionamento avistei um carro que era impossível de não reconhecer.

Era o carro do meu pai.E nesse momento eu havia perdido todo o controle das batidas do meu coração que pareciam apressadas.

Ele fez um sinal com a cabeça para que eu entrasse no carro e eu não hesitei em fazer o que pediu.

- Que tal irmos para aquela praça que íamos quando você era pequena?

Eu apenas confirmo sem falar nenhuma palavra.

Eu apenas olhava para frente enquanto sentia meus medos me engulirem.

Meu pai começou a dirigir e não soltou uma palavra no trajeto.Mas ele parecia calmo,o que me deu uma tranquilidade mesmo que pouca.

Ao chegar na tal praça me sentei em um banco qualquer enquanto meu pai se aproximava de um carrinho de sorvetes.

Esse parque me trazia uma ótima sensação.Alem de eu ter os melhores momentos com meu pai aqui quando era mais nova,foi aqui em que vi Zulema pela primeira vez.Fora da escola quero dizer.

Ela brincando com o Teo e eu com meus fones de ouvido intimidada pela mais velha.

Se alguém me dissesse naquele dia que eu estaria "fugindo de casa" por me relacionar com ela eu provavelmente acharia um absurdo.

O jeito que não temos nenhum controle sobre o nosso futuro me surpreende.

- No que tanto pensa querida?-Meu pai aparece me tirando de meus devaneios.

__Em tudo e nada ao mesmo tempo.

- Entendo.

__Então?Por que me trouxe até aqui?-Digo pegando o sorvete que ele havia trago para mim.

- Quero conversar sobre essa sua ideia de namorar com sua professora.

__Olha pai...- Eu sou interrompida antes mesmo de completar a frase.

- Olha filha,eu só quero saber se você está certa disso.Eu sei que você não é só uma criança.Sua mãe grita coisas como que você não entende nada e que está sendo manipulada...Mas isso não é verdade né?

__Não.-Eu digo de cabeça baixa.

- Já está com quase dezoito e se apaixonou por alguém trinta anos mais velha.Não é um crime,então porque eu te julgaria por isso,não?

- A maior questão é que ela é a sua professora e isso foi totalmente anti ético da parte dela tanto da sua.

__Eu queria ter evitado pai,eu juro.Mas parecia impossível.Quando via eu sempre estava presa naqueles olhos verdes até chegar em um momento que...Não podíamos parar,precisávamos uma de outra.

- Entendo,mas do que isso se trata?Desejo ou amor Helena?

__Os dois.

- Como?

__Os dois,é o que torna tudo melhor não acha?Quando estamos juntas nossos sangues fervem e perdemos o controle.Mas enfrentariamos o mundo uma pela outra,cuidamos uma da outra.

- Você cresceu desde que fiquei para trás né?

__Talvez um pouco.

- Sua mãe não vai aceitar isso.Talvez a longo prazo?Quem sabe.Vai ser difícil se opor a sua mãe mas...Eu estou do seu lado Helena.

Aquelas palavras foram um choque que eu não esperava tão cedo.Confesso que me alegrou.

E de repente eu conseguia sentir meus olhos sendo afogados pela água que insistia em aparecer.

Eu não conseguia falar nada.Eu apenas tinha livrado um peso enorme das costas.

Minha mãe podia não ficar do meu lado e aquilo me doia de forma imensa.Mas saber que eu não estava sozinha foi uma luz no fim do túnel.

Eu apenas o abracei.O abracei forte o suficiente para que ele pudesse sentir toda a gratidão que eu estava sentindo.

- Não deseja voltar para casa?

__Não poderia.Mamãe ou faria um escândalo ou nem olharia na minha cara.

- Mas é a sua casa.

__Ainda sim,mas obrigada pai.

Finalmente uma notícia boa para Helena.

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Just a Teacher (revisão)Where stories live. Discover now