Capítulo 23

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Quando eu acordei, tirei o vestido e tomei banho. O armário estava cheio de roupas do meu tamanho. Peguei um vestido branco Cristian Dior de cintura alta, gola em V e saia rodada que ia até um pouco depois dos meus joelhos.

Quando saí do quarto, andei pelos corredores da casa e não encontrei ninguém.

- Senhora? – dei um pulo e me voltei para trás de mim. Havia uma mulher de cabelos castanhos e olhos verdes. Aparentava ter meia idade. – Perdão pelo susto. Meu nome é Noeli. Sou a governanta. O sr. Bluewater falou de você. Gostaria de tomar café?

Afirmei que sim e ela me acompanhou até a varanda do apartamento. Na mesa, havia cesta de frutas, bolos, biscoitos, sucos, iogurtes, além de pães e geleias. Noeli afirmou que caso eu quisesse alguma outra coisa, bastava falar e ela providenciaria.

- Não, obrigado. Estou bem... Onde está Marcelo?

- O sr. Bluewater precisou resolver negócios cedo hoje.

- Quer dizer que estamos sozinhas?

- É certo que sim, senhora...

- Ferreira. Mas pode me chamar me Amanda.

- Como desejar. – dizendo isso, se retirou.

- Só mais uma coisa, Noeli, sabe que horas Marcelo volta?

Ela se voltou para mim e disse:

- Creio que não antes do jantar. Parecia haver muitos negócios a tratar.

Quando terminei de tomar o café da manhã, fui para o quarto e fiquei lá até que Noeli me perguntasse o que eu desejava de almoço.

- O que você preferir...

- Mas temos algumas opções. Não gostaria de escolher?

- Não, obrigada. Sinta-se à vontade. Na verdade, gostaria de almoçar no quarto.

- Mas, senhora, creio que o sr. Bluewater preferiria que almoçasse na sala de refeições com ar fresco e talvez um pouco de sol.

- Tudo bem... – disse, suspirando.

Enquanto o almoço não ficava pronto, comecei a imaginar como eu poderia fugir dali. Se eu e Noeli estávamos sozinhas, não seria difícil vencê-la numa luta corporal, pegar as chaves do apartamento, descer pelo elevador e gritar por ajuda na rua... Seria essa a melhor saída? Não, não. Ela poderia gritar ou chamar por ajuda.

Aproveitei que havia me decidido a almoçar fora do quarto como desculpa para passear pelo apartamento. Percebi logo de cara que Noeli não parecia ficar de olho em mim. Quando cheguei a porta da frente, encontrei-a destrancada. Toquei na maçaneta devagar, esperando que algum alarme soasse. Girei-a com delicadeza para que a governanta não escutasse. A porta se abriu com um leve ruído e eu pude ver o corredor do prédio à minha frente.

Fui pé ante pé até o elevador e apertei o botão. Um sinal vermelho iluminou o painel, indicando que o elevador estava subindo. Devagar, voltei para a porta. O elevador se abriu com um sonoro plim. Tremi, enquanto sentia uma gota de suor rolar pelo meu rosto. Por pouco não deixei que a porta batesse. Eu continuava a ouvir Noeli cortando legumes na cozinha. Foi então que abri a porta mais uma vez e sai correndo para dentro do elevador.

Apertei o botão do hall com força. Eu imaginava Noeli interrompendo minha fuga com a faca de legumes, me arrastando pelos cabelos... Pareceu demorar meia hora, mas finalmente a porta se fechou. E não havia nenhuma faca no meio dela para força-la a se abrir. O elevador desceu os andares. Ninguém entrou nele.

Plim! A porta do elevador se abriu e eu saí aos tropeções pelo hall. Além do porteiro, não havia ninguém por ali.

- Bom dia. – ele me disse.

Fiquei de cabeça baixa, de frente para a saída. Não lhe disse nada.

Não demorou muito e ele abriu a porta. Saí correndo na direção da rua. Sentia-me livre. O vento bagunçava meus cabelos e fazia carinho em meu rosto.

- Oh Deus, obrigado. – falei baixinho, procurando na avenida algum táxi que pudesse me levar a algum lugar distante.

Foi quando eu percebi que um homem alto, vestidos com terno preto, vinha em minha direção. Tentei correr, mas em poucos segundos eles me alcançaram.

- Senhora, creio que saiba o motivo de estarmos aqui. – disse um deles, que me lembrava uma versão mais baixa de José.

Olhei para trás e um outro se aproximava de mim.

- Vamos voltar ao apartamento. Em silêncio. – me disse o outro, moreno e mais alto que o outro.

Não havia para onde fugir. Acompanhei os dois, duas quadras, de volta ao prédio.

- O sr. Bluewater quer falar com a senhora. – o mais alto me disse, quando estávamos próximos da porta do apartamento.

Engoli em seco.

Minha mão suava quando peguei o telefone.

- Alô...

- Qualquer outra desobediência, só trará consequências ainda mais graves. Noeli tem uma chave do quarto vermelho. Pegue a chave e me espere lá.

Meu Mestre Cheio de Segredos (CONCLUÍDO)Onde histórias criam vida. Descubra agora