O Prédio

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Suzano, dia 14 de janeiro de 1973, Lobo Bêbum.

O grupo estava de frente para o estabelecimento. Era um local de porte médio com algumas mesas de sinucas e lugares para se sentar e beber. Haviam dois senhores jogando sinuca e um casal de jovens encostados no balcão bebendo. Ao entrarem no estabelecimento um homem relativamente alto, careca e com um bigode preto vestindo uma roupa de garçom veio receber com um sorriso em seu rosto.

- Vocês devem ser os funcionários do Olavo, não? - diz empolgado, com uma mão estendida para cumprimentar cada um do grupo.

- Sim, somos nós. - Pablo diz, estendendo sua mão e cumprimentando o homem – Você deve ser o antigo amigo dele, estou certo?

- Exatamente, muito prazer, me chamo Mário! Sou dono do Lobo Bêbum, o boteco mais movimentado da cidade! Ou pelo menos era o que costumava ser... - sua voz toma um tom mais baixo, um tom de descontentamento – De qualquer forma, entrem, por favor! Sentem-se naquela mesa dos fundos para conversarmos melhor. - Mário aponta para uma mesa de formato redondo rodeada de cadeiras que se encontrava ao lado de uma porta de ferro.

Após Mário cumprimentar o resto da equipe eles entraram, indo até a mesa citada pelo dono do local. Mário seguiu para trás do balcão, pegando copos e uma grande garrafa de cerveja, levando para a mesa e sentando-se de frente para todos eles e servindo cada um.

- Ah, muito obrigado, eu não bebo. - Diz Felícia com um sorriso simpático em seu rosto - senhor Mário, com o que você pode nos ajudar? - pergunta, com seu tom de voz meigo de sempre.

- Bom, vamos por partes. Aqui no boteco funciona como uma rede de informações, várias conversas e fofocas circulam por aqui. Como você pode ver – ele aponta para o casal de jovens – os dois ali estão conversando sobre uma ex-professora deles que desapareceu pouco tempo depois de ter feito um comentário contrário ao regime. Os velhos jogando sinuca estão falando como o Brasil está melhorando nesses tempos. Como eu disse, é uma rede de informações, então têm todo o tipo de ideias e fatos diferentes que circulam por aqui.

- Certo, mas sobre o nosso caso, com o que você pode nos ajudar? - Felícia retorna a perguntar.

- Ah, bom, eu sei de pouca coisa na realidade. Boatos de sequestro, um prédio abandonado próximo que talvez seja usado como desova ou algo do tipo, denúncias de tortura, agressões físicas por militares, prisões sem motivos e esse tipo de coisa. Acho que seria de maior ajuda vocês perguntarem para os clientes, já que eu mal saio daqui.

- Tudo bem então, achei que você seria um pouco mais útil... - Pablo dá o último gole em sua cerveja e se levanta – Igor, você vem comigo, vamos ver com os velhos. Ruivinhos, vejam com o casal ali. - Igor concorda e se levanta, seguindo Pablo.

- Ruivinhos, hmpf... Esse garoto é muito metido, mana, chega a dar um pouco de raiva. - Félix levanta e fica aguardando sua irmã fazer o mesmo.

- De qualquer forma, acho que é bom nos dividirmos para obtermos informações. - Felícia se levanta e olha para o dono do estabelecimento ainda sentado – Qualquer coisa falamos com você, Mário. Obrigado! - ele responde com um simples sorriso e aceno positivo de cabeça.

Igor e Pablo:

- Você realmente acha que esses velhos vão saber de alguma coisa? - Igor pergunta, aguardando a resposta de Pablo, que permanece quieto.

Eles seguem o caminho até os dois senhores que jogavam sinuca, sendo recebidos com um mau-olhar do senhor que parecia ser o mais velho que tinha um cabelo curto grisalho e se vestia de forma preguiçosa. Ao seu lado havia um senhor que aparentava ser um pouco mais novo e bem arrumado.

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⏰ Last updated: Oct 13, 2020 ⏰

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