Sorria, você está sendo Observado

Capítulo 30: Meu desespero

     Comecei a ver uma poça de sangue surgindo de baixo do corpo de meu pai. Meus gritos de choro ecoavam na mata vazia, junto com os soluços de Davi. Minhas lágrimas estavam passando de meu pescoço, não sabia o que era a pior coisa, meu pai ser um mascarado assassino, ou eu ter matado ele. Comecei a ouvir risadas vindo de dentro da mata, risadas exatamente altas. Davi percebeu algo caindo dos bolsos do meu pai, com as mãos trêmulas, ele o pegou, aindei até ele para ver o que era. Abrimos o papel dobrado, e vimos um rosto triste com dois "x" nos olhos, e em baixo, estava escrito:
"Chega de brincadeira".
     Nesse momento senti mãos segurando minhas pernas, e logo um grande puxão, me levando pra dentro da cabana. Foi tão rápido que Davi nem teve tempo de reagir. Foi tão rápido que em um piscar de olhos, eu tava dentro da cabana de novo. A porta velha se fechou com muita força, tentei abrir ela, mas nada. Quando olhei para trás, vi uma pessoa de terno preto com uma faca, corri para as escadas, e outra pessoa de terno com outra faca. Estava cercado.
Elas começaram a se aproximar de mim. Gritei Davi, mas ele não estava conseguido abrir a porta de jeito nenhum, aquelas pessoas me seguraram pelos braços, e foram continuar a cortar meu pulso em formato de "Rosto sorridente".
Mas escutei algumas vozes que eram familiares, as vozes dos policiais. Logo senti a lâmina da faca me tocando, foi então que a porta caiu com um grande impacto. Os policias derrubaram ela. Não senti mais as mãos me segurando, apenas caí no chão, foi então que olhei para meu braço. Estava totalmente ensanguentado, o corte foi bem profundo. Comecei a ficar tonto, a única coisa que vi foi os policias ajudando Davi a se levantar. Depois apaguei. Acordei no Hospital da cidade.
Estou fraco, mas percebo uma movimentação ao meu lado. Era Davi.
- Oi, como você tá?
- Horrível.
- Imaginei.
- O que aconteceu?
- A polícia veio até a gente, disseram que foi por causa de uma ligação que uma tal de "Julia" que fez.
- Sim, ela tinha ligado pra mim na hora, então aproveitei e chamei ajuda.
Davi muda o olhar pro piso.
- Ei, sobre o pai-
- Eu não quero saber.
Davi me interrompe.
Começo a querer chorar. Minhas mãos estão trêmulas.
- Acharam nossa mãe e Anna?
Perguntei.
- Sim.
- Sério? Onde estavam elas?
- Pelo o que eu fiquei sabendo, começaram a escutar um choro de uma menina bem baixinho. Foram procurar, e acharam dois caixões no meio da mata, e dentro deles, estavam Anne e Nossa mãe, amarradas dos pés a cabeça, e com fitas em sua boca. Anna tinha conseguido tirar um pouco da fita de sua boca.
- E quem fez isso com elas?
Dabi me olha e fala:
- Foi nosso pai.
Ainda não tinha aceitado essa informação. Era por isso que ele estava tão estranho comigo esses dias todos, desde do acontecimento do cercado das cabras. Foi depois disso.
Minha mãe e Anna entra no quarto logo em seguida, ela está tão abalada, que assim que ela nos vê, seus olhos se enchem de lágrimas e ela corre em nossa direção e nos abraça.
Depois de alguns dias no Hospital, descubri que nos mudamos de casa, mas desta vez pra outra cidade. Depois de tudo isso que aconteceu com a gente, esse lugar é último que minha mãe quer ver.
Hoje é meu dia de mudança, minha mãe está ajudando os homens da mudança com as caixas. Eu os observo de longe, não tô afim de ajudar ninguém.
- Então você está indo embora, né?
Olho para trás, e vejo que era Julia.
- Sim.
- Vai ser bem solitário aqui, apenas Eu.
Evito contato visual.
- Boa sorte com a nova vida.
- Obrigado.
Minha mãe me chama para entrar no carro.
- Adeus, Lucas.
- Adeus, Julia.
Entro no carro, e olho pra janela, e vejo tudo se passando em minha mente, até eu ver a placa de boas vindas se distanciando. Deixamos tudo para trás.

          10 ANOS DEPOIS

     Entro em casa, e está tudo escuro, estico a mão e clico no interruptor para ligar a luz.
- SURPRESA!
Solto um grito. Era Davi e Anna.
- Feliz aniversário Lucas!
Disse Anna.
- 23 anos hoje, já está ficando velho hahaha.
Finjo um sorriso no rosto, não gosto de levar susto, eu odeio isso, mas escolhi não estragar a surpresa.
    Hoje foi meu aniversário de 23 anos, faz 10 anos que saí daquela fazenda, minha vida tinha melhorado 100 vezes depois disso. Mas não saí totalmente livre disso. A cicatriz no meu pulso ainda existe, e isso me atormenta toda vez que olho para ela.
    Desde que saí da fazenda, tenho o mesmo pesadelo sempre, vejo um grupo de pessoas me olhando, e um grande homem magro aparece em minha frente e começa a apontar pra mim, e daí eu acordo. Comecei a tomar remédio e fazer terapia por causa disso. Infelizmente minha mãe acabou falecendo a 2 anos atrás, acabou contraindo uma doença, e infelizmente não resistiu. Na época foi impossível de viver, Anna chorava a cada segundo junto com Davi, obviamente eu também. Mas por sorte, nós três conseguimos superar isso. Minha vida estava normal, pelo menos estava até hoje.
Fui dormi ontem, e como sempre, tomei meu remédio. Mas mesmo assim, acabei sonhando, e como todo sonho, um homem magro aponta pra mim, mas quando Acordei, não estava na minha cama, e Sim, estava dirigindo meu carro, estava no meio da estrada. Freio com toda minha força, e quando paro o carro, eu fico tentando entender a situação. Mas começo a ouvir barulhos estranhos vindo do banco de trás. Olho para trás, e vejo Davi amarrado de suas pernas aos braços, e com uma fita na boca.

Continua...