Conto: 23 de Setembro

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n/a: Esse conto funciona como um segundo epílogo para a história, embora seja avulso, não faça parte do livro em si. Espero que gostem e que sirva para matar um pouco a saudade do nosso casal favorito e a curiosidade de como o restante da vida deles se desenvolveu. <3 Um beijo imenso!

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Vinte e três de Setembro. Eu amava esse dia com todas as minhas forças. Nunca tinha nada que podia tirar meu humor quando eu olhava no calendário e via que esse dia se aproximava. E, durante ele, eu quase não cabia em mim de tanta felicidade.

Aquela data era mais do que a chegada da primavera. Era mais do que o dia em que Theo passou a me dar as benditas Aulas de Sedução. Era mais do que o dia em que me chamou para morarmos juntos. Era mais do que o dia em que me pediu em casamento. Era mais do que o dia em que descobri estar grávida do meu primeiro filho. E do que o dia em que o segundo nasceu.

Aquela data era tudo isso e mais um pouco. Era a nossa data, e nada me tirava o sorriso dos lábios quando ela chegava.

Eu sempre tirava o quadro da parede nesse dia, abria seu fundo e observava todas as memórias que guardávamos ali, escondidas em nossa intimidade de olhares curiosos. O quadro onde ainda estava escrito, depois de tantos anos, a aula de número 10.

O papel já estava desgastado, corroído nas laterais, e as letras um pouco falhas, mas nada o fazia menos bonito pra mim. Coloquei o escrito na mesa de centro junto com todas as demais lembranças que eu fazia questão de colocar dentro daquela mesma moldura. Eu sabia que ia pegar uma por uma na mão e reviver todos aqueles momentos como se tivessem sido ontem, e estava ansiosa por aquilo.

Peguei a primeira foto. Uma selfie que Theo tinha insistido que tirássemos, no sofá de sua casa de madeira, quando ainda morava nos fundos da dos pais. Estávamos entre a aula cinco e a seis, éramos apenas dois adolescentes cheios de sonhos e criando uma intimidade avassaladora que nunca deixou de existir.

Na época, eu era ingênua demais para perceber, mas hoje, olhando o modo como ele me abraçava na imagem, e a maneira como eu o olhava embasbacada, estava na cara que a gente já se gostava. Havia tanto carinho naquele olhar... Tanto amor nos traços sorridentes de Theo, que eu ficava sem ar.

Coloquei aquela foto de lado, apenas para pegar o guardanapo puído, onde estava rabiscada a letra elegante do meu marido. Seus riscos eram fortes e descuidados, devido à sua pressa e nervosismo quando me escreveu aquele bilhete, e tinham causado até mesmo um pequeno rasgo em determinada parte do papel. Lia-se:

“Anjo, chega.

Eu não aguento mais. Eu não aguento mais não ter tempo pra te ver, não ter tempo pra te beijar, não ter tempo pra ficar abraçado com você. Isso tá me comendo vivo e eu realmente não aguento mais.

Amanhã, você vai se mudar pro meu apartamento. Vai mudar pra lá para que eu possa te ver todos os dias, para que eu possa te beijar todas as noites, para que eu possa te abraçar sempre que eu puder.

Vai pra lá pois eu não aguento mais viver sem você.

[Degustação] 10 Aulas de SeduçãoWhere stories live. Discover now