Due

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Theo caminhava tranquilamente pelos corredores como se nada no seu dia tivesse a capacidade de surpreendê-lo. Ele tinha um ar confiante e o corpo malhado, tudo parte da grande áurea de sedução que dele emanava.

Bianca estava escondida na lateral do bloco de armários, observando-o e tentando maquinar qual seria a melhor maneira de falar com ele. Ainda não acreditava que a ideia tivesse permanecido na sua cabeça, que ainda não tivesse desistido daquela loucura. Era completamente atípico de sua personalidade ainda não ter colocado o rabo entre as pernas e voltado pra casa assustada e insatisfeita.

Mas ali estava ela. Miúda em sua insignificância, e esperançosa em seu coração. Tinha estado tão infinitamente farta daquela situação amorosa mal resolvida que estava se arriscando além dos limites que seu conforto traçou para ter uma chance de resolvê-la.

Mas, novamente, sua inexperiência social era uma barreira. Como falar com ele? "Oi, tudo bem? Escuta, será que você pode me dar umas dicas de como ser mais... Você?", não parecia uma boa ideia. Suspirou. Podia sentir a certeza começar a se esvair. O que estava fazendo ali? Se sequer tinha coragem de falar na cara do melhor amigo como se sentia, como podia achar que conseguiria admitir um de seus maiores defeitos para o cara mais gostoso da face da Terra e ainda convencê-lo, persuadi-lo, a lhe ajudar? Aquilo era impraticável.

Perdeu Theo de vista a partir do momento que sua insegurança começou a bater mais forte. Ela tinha a cabeça apoiada na lateral do armário em que se escorava, os olhos fechados, e milhões de autocríticas rondando a mente. E foi assim que não percebeu quando o seu suposto salvador da pátria foi em sua direção.

O armário de Theo era o de número 100, seu número da sorte. E ele simplesmente adorava isso, exceto pelo fato de significar que ele era o último da sua fileira. Sempre tinha um casal se pegando ali do lado, achando que ninguém nunca veria, e ele achava isso patético. Amasso em público era, pra ele, sinônimo de entrada na puberdade. Em outras palavras, aqueles que não tinham a capacidade de fazer o clima surgir em lugares apropriados precisavam se contentar com o tesão momentâneo e expôr-se dessa forma. Era triste, até.

Mas dessa vez não eram preliminares ao vivo que ele contemplou a caminho de pegar seu livro gordo de química. Aquela garota pequena que estudava em sua escola desde sempre estava ali com uma cara de particular sofrimento. Tinha quase certeza que seu nome era Bianca, mas nunca tinham conversado para confirmar. Ele abriu seu armário, assustando a mais nova, que rapidamente saiu de seu estado de torpor e encarou-o com os olhos bem abertos.

- Oi? - Ele tentou, visto que ela não parecia nem tão perto de conseguir se comunicar.

- Olá. – Respondeu, baixo, ao que passou a pressionar os lábios um contra o outro. Veja bem, ela parecia precisar conversar, e ele não estava fazendo nada.

- Você tá bem, anjo? Precisa de alguma coisa? - Ele indagou, solícito, percebendo então do que tinha lhe chamado sem querer. Bom, ela realmente se enquadrava no retrato de um anjo. Era bastante branca, carinha de inocente e tinha grandes olhos transparentes. Ficou satisfeito com o apelido acidental.

- Eu... Sim, tô bem. - Respondeu, optando pela sentença mais fácil.

- Seu nome é Bianca, certo? - Ela acenou positivamente, em silêncio - Onde está aquele garoto loiro que anda sempre com você?

- Ah, não sei... Com a namorada, talvez. - Ela disse, em meio a uma careta fofa de desagrado.

- Outch! Sinto um romance mal resolvido no ar. - Theo brincou, ao que ela entreabriu os lábios e ainda mais os olhos, em completo choque pela fala descontraída e certeira do mais velho. Ele percebeu. - Olha, foi mal me meter, não precisava ficar sem graça. - Repuxou os lábios, como quem sente muito. - Eu já estou indo de qualquer maneira. - Desculpou-se, vendo a falta de reação dela e já virando para se retirar.

[Degustação] 10 Aulas de SeduçãoOù les histoires vivent. Découvrez maintenant