With his absence

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Já fazia cinco dias desde que Taehyung esteve com Seokjin pela última vez. Na fatídica noite em que soube que o pouco que tinham poderia estar no fim. Ele sempre tentou deixar que o jornalista ditasse as regras, quando se viam, por quanto tempo, se iriam para casa juntos ou se encerravam a noite com um aceno apenas. Isso porque ele sabia como as coisas para Seokjin eram mais... complicadas. Sua mente parecia trabalhar de forma diferente, quase tão tradicional quanto a daqueles que com certeza fariam de suas vidas um inferno por serem quem eram.

Taehyung sabia os riscos, conhecia o mundo em que vivia, mas desde tão novo estava acostumado a quebrar regras, que quebrá-las para poder viver o amor que sentia por Seokjin era algo que ele estava preparado para fazer desde o dia em que viu o jornalista pela primeira vez. Se ele ao menos soubesse o real impacto que ele teve na vida do cantor, talvez assim o entendesse melhor.

Sentindo-se inquieto com o sumiço de Seokjin, mesmo que estivesse acostumado a eles, dessa vez tinha um gosto diferente, mais amargo, que nem mesmo a comemoração do 4 de julho foi capaz de ajudar. Era como se todos os dias ele pudesse se deparar com a notícia de que Seokjin havia mesmo ido embora sem avisá-lo, sem ter tido a coragem de dizer adeus olhando nos seus olhos, de deixar-se ser beijado uma última vez.

Por isso, na tarde de quinta-feira, ele decidiu sair do motel onde se hospedava temporariamente, para ir até o centro, onde se localizava o prédio do Daily Orleans. Taehyung nunca gostou de cercar Seokjin, não era algo que costumava fazer, só quando a saudade parecia lhe rasgar o peito e ele desejava apenas repousar os olhos no rosto impecável que tanto idolatrava. Era questão de segundos para que seu coração se aquietasse e ele pudesse aguentar mais algum tempo sem tê-lo para si.

Naquele dia, porém, era um pouco diferente. Era como se ele quisesse ter certeza que Seokjin ainda existia. Taehyung sabia que aquilo não seria fácil para nenhum deles, mas, talvez, fosse mais complicado ainda para quem tem que fazer a escolha. Por isso não gostava de invadir o espaço do outro, porque era injusto, não resolveria nada e faria com que Seokjin duvidasse ainda mais de si mesmo.

Quando chegou ao centro, o céu estava começando a se encher de nuvens cinzentas, há dias que o calor aumentava e logo a chuva viria mais intensa do que nunca. Ele sabia que Seokjin costumava sair para tomar café perto das cinco, porque depois varava até tarde da noite na redação. E não foi diferente naquele dia. Taehyung esperou pouco mais de vinte minutos na gelateria em frente, até que viu a figura alta e elegante saindo pela porta do prédio. A primeira coisa que pensou foi em como aquele homem conseguia parecer mais bonito a cada vez que o via. Como podia despertar nele ainda mais sensações, era como se fosse a primeira vez, o encanto, o frio no estômago. E por um segundo ele considerou quebrar seus protocolos e ir até ele, apenas fazer um breve cumprimento, como se fossem apenas colegas, conhecidos, qualquer coisa permitida. Apenas sorrir para ele... era tudo que Taehyung queria.

Antes que pudesse de fato decidir, mais alguém apareceu. Uma mulher esguia, em um vestido claro e elegante, os cabelos loiros longos presos parcialmente, e nas mãos, pequenas luvas. Ela sorria despreocupada para Seokjin. Os olhos de Taehyung não sabiam em quem focar, mas ao olhar de volta para o jornalista, ele viu naquele rosto uma leveza atípica, algo que Taehyung não via com frequência quando estava com ele.

Seokjin sorria de volta para ela, e pouco depois de chegarem à calçada, ele ofereceu seu braço para ela, que se apoiou sem demora. Ela falou algo para Seokjin, que levou a mão ao queixo dela e apertou carinhosamente, como se brincasse sobre algo que Taehyung não poderia saber. Eles ficaram lindos juntos, Taehyung pensou, sem conseguir tirar os olhos deles, e sentindo um peso imenso cair sobre si. Aquela cena poderia dizer muito mais do que ele queria admitir. Sua mente se tornou um turbilhão, e mesmo que fosse mais inteligente ter cautela e pensar racionalmente sobre tudo, não houve chances disso acontecer.

Killing me softly | TAEJINKde žijí příběhy. Začni objevovat