I O traidor

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#ODuqueVampiro

Os ventos pendula seus fios negros, Darko cortava as nuvens com suas rajadas rápidas, o vampiro podia ver toda a frança ali de cima. Os mares se tornaram um tapete enorme azul. Era uma vista bonita, o Duque admitia, queria ter o poder de fazer aquele momento passar mais devagar. Sua mente vagou, vagou na geada da Romênia. Os animais se encontravam escondidos em suas tocas e ninhos. O garoto forcejava seus pés na alvura sentindo seus lábios congelarem e sua intenção de aquecer-se pelas mãos inúteis. Seus grandes olhos dourados percorreram toda uma extensão da neve, até que encontrou uma árvore enorme, e a escalou. Escalou tão alto que podia sentir a brisa passando pelos seus cabelos escuros. Havia acontecido de presenciar algo, a raiva exasperou o pequeno ao ponto de arriscar-se na nevasca densa, e acabou por ficar preso. Gostava de visualizar as terras simples a baixo do país, onde os camponeses de Minari mantinham seus gados e vapor quente sobressaia de chaminés. As crianças brincavam lá fora com bonecos de neve e palha se divertindo nas ruas.

Elas pareciam não ter preocupações e obrigações, não pareciam se importar de sujar suas vestes ou quebrar algo acidentalmente, nem de ir para onde quiser. Elas podiam viver na miséria que fosse, mas ainda continuariam com aquele sorriso em suas faces. Não entendia o porquê, de nunca ter sentido essa felicidade que todos dizem sentir. Sua vida desde seu nascimento foi trajada de expectativas, visto que deveria ser o melhor.

Largou seu ursinho de panos feito por sua mãe para aprender a lutar, e ter boas maneiras. Foi treinado a seguir ordens e sentia-se perdido quando não as tinha. Um barulho acima de sua cabeça lhe fez estremecer, a figura negra lhe coagiu a afastar-se, seu bico próximo ao seus olhos, e então entendeu o motivo da irritação do grande pássaro negro para consigo. Filhotes ele pensou. Ela protegia o ninho como se sua vida dependesse disso, e talvez dependesse mesmo. Tentou chegar mais perto, os olhos negros do animal encarava-lhe com curiosidade e astúcia. O pequeno Duque ouviu, como uma profunda voz de sua mente. Não acreditou que fosse real até ouvir de novo, e de novo. Quando abriu os olhos, se encontrava-se no palácio novamente, envolto em suas cobertas. O álgido ainda se fazia presente em suas mãos, as janelas batiam por conta do ventanear, e na janela um corvo lhe mirava. Jungkook ouviu murmúrios e passos vindo de fora do quarto. Ele se levantou, e em passos curtos e desajeitados caminhou pelos corredores escuros. A cada passo sentia o coração saltar, como se não devesse fazer o que estava fazendo.

A voz de sua mãe ficava mais alta, os barulhos mais profundos como de discussões e algo indo ao chão. Ele rapidamente enfurnar-se dentro de um armário tampando sua respiração quando percebeu olhos vermelhos brilhando no escuro. Não entendia porque todos lhe encaravam assim, porque os vampiros lhe encaravam com tanto medo. Mesmo seguindo as regras, mesmo obedecendo todos e acatando as ordens, era como se desprezasse sua simples e fútil existência. Então entendeu, seus olhos eram sua maldição, não havia nascido um controlador de almas a séculos na família Jeon. Jongku invejava-os por terem olhos comuns. Olhos comuns significa menos atenção para si, olhos comuns significa que poderia viver a vida como um simples Lord e viver a vida numa casa no fim do mundo. Às vezes, podia notar os olhares invejosos para si, se os vampiros da corte pudesse roubar seus olhos, certamente os faria.

O barulho de Darko lhe fez voltar à realidade, as ruínas das frotas do príncipe Vaveric estava visível, cada vez mais detalhadas à medida que o pegasus descia. Jungkook podia ouvir a voz do corvo ao pé da sua orelha, mas não havia nada ali, às vezes imaginava se o animal lhe encarava de longe, se Odin, o achara interessante o suficiente para acompanhar seus passos. Achava que sua vida não era boa o suficiente para o Deus dos Deuses lhe espiar.

- Eamus, Darko. - Disse o vampiro.

O Duque viveu a vida de acordo com a perspectiva dos outros sobre si, e agora, precisava descobrir seus próprios propósitos.

Entre presas e garras [Jikook]Where stories live. Discover now